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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ESTRADAS
História da São Paulo Railway (16)

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Enfim, a ferrovia foi entregue oficialmente, em cerimônia simples, assim registrada pelo jornal Correio Paulistano de domingo, 17 de fevereiro de 1867, página 1 da edição 3219 e pelo também paulistano Diário de S. Paulo, da mesma data, página 3 da edição 453 (acervo da Memória Digital da Biblioteca Nacional - acesso em 17/10/2015 - ortografia atualizada nesta transcrição):


Página 1 da edição de 17/2/1867 do jornal Correio Paulistano


Detalhe da página 1 da edição de 17/2/1867 do jornal Correio Paulistano

S. Paulo, 17 de fevereiro de 1867 - Está recebida pelo governo a estrada de ferro de Santos a Jundiaí.

Foi recebida condicionalmente, como sabe o público, isto é, com a cláusula de completar a companhia, dentro de certo prazo, os trabalhos ainda não concluídos.

O recebimento da estrada e sua abertura regular ao trânsito público não devia ser por mais tempo retardada.

Por um lado, porque o recebimento condicional, como foi feito, é perfeitamente razoável, e de nenhum modo pode ser taxado de menos refletido por parte do governo, atento o estado da estrada, e ainda mais a cláusula do recebimento. Por outro lado, porque a abertura da estrada mais e mais tornava-se uma necessidade pública, sendo tal fato considerado, por todos, como o remédio único ao removimento dos obstáculos imensos com que há muito luta o comércio e a agricultura no tendente à exportação de produtos e importação de mercadorias.

Já por várias vezes temos feito sentir a nossos leitores a importante e esperançosa revolução industrial, agrícola e comercial que a estrada de ferro entregue ao trânsito público tende a produzir na zona da província que fica sujeita à sua influência.

Há de ser uma revolução benéfica e fecunda.

Encurtando as distâncias, tornando possível a economia e cabal aproveitamento do tempo, facilitando as comunicações de todo gênero, a estrada de ferro há de em pouco tempo reanimar, senão criar e fecundar, os elementos de riqueza que no interior a província jazem inexplorados e como se não existissem.

Pode-se dizer que o espaço que medeia entre os terrenos ubérrimos do interior e o porto de Santos conta atualmente 80 milhas a menos.

É uma diminuição importante, e para muitos pontos circunstância suficiente para tornar lucrativa e vantajosa a grande cultura, até hoje impossível - porque o preço do transporte absorvia o valor do produto.

Ao passo que a estrada de ferro há de dar vida e desenvolvimento aos grandes ramos da agricultura e comércio, deve por outro lado matar certas indústrias pequeninas, que vegetavam à sombra do regime que vai morrer.

Muitos braços e muitos capitais empregados na condução e custeio das tropas que transitam entre Jundiaí e Santos; todo o capital e trabalho aplicado em pousos, pastagens e armazéns espalhados pelas estradas, e mil outras pequeninas indústrias desaparecerão completamente.

Mas cumpre notar; esta perturbação aparente ainda é uma vantagem geral e importante: o retraimento dos braços e capitais empregados até hoje em tais indústrias não significa morte, significa simplesmente deslocação de um terreno pequenino para um outro maior e mais fecundo.

Estes braços e capitais, inutilizados pela estrada de ferro, hão de ir forçosamente engrossar as forças produtivas da grande agricultura, e por esse modo utilizarem-se melhor e com mais proveito quer para os particulares, quer para o interesse geral da agricultura.

O que convém é que todos compenetrem-se destes fatos, e resolvam-se a acompanhar a corrente de tais modificações, abandonando a pretensão de lutar esterilmente em favor da velha rotina.

A estrada de ferro aberta ao trânsito é um novo problema a ser estudado não só pelos habitantes de Santos, S. Paulo e Jundiaí, mas pelos de outras localidades do interior da província, quer na linha de Campinas, quer na de Bragança, Atibaia, Nazareth etc., quer na de Itu e Sorocaba.

Nestas rápidas linhas que dirigimos ao público, simplesmente no propósito de chamar a atenção pública para o importantíssimo fato da abertura da estrada de ferro, vão rápidas e apenas indicadas considerações dignas de estudo e reflexão.

Mais de espaço ocupar-nos-emos delas, visto que é incontestável o proveito de seu completo desenvolvimento aos olhos do público.

Por hoje, paramos aqui, felicitando cordialmente a província pela realização da grande obra que há muito é o alvo de todos os desejos e de todas as esperanças.


Página 3 da edição de 17/2/1867 do jornal Diário de S. Paulo

 


Detalhe da página 3 da edição de 17/2/1867 do jornal Diário de S. Paulo

 

GAZETILHA

Estrada de ferro - Está definitivamente aberta ao trânsito público a estrada de ferro; ainda bem, pois era uma necessidade para a lavoura e comércio da província.

O presidente, e um grande número de pessoas, foram até Santos no dia 15, sexta-feira, em um trem especial, que saiu da estação da Luz às 8 horas e um quarto, e chegou à primeira estação à 1 hora da tarde.

A viagem foi demorada em consequência de muitas paradas com o fim de examinar o presidente o estado das pontes da estrada.

Não somos entendidos na matéria, porém dizendo que a estrada agradou a todas as pessoas que percorreram-na nesse dia, traduzimos a opinião geral.

O presidente da província e seu séquito ficarão em Santos, porém a maior parte das pessoas, que eram seguramente em número de 150, regressaram no mesmo dia, chegando a S. Paulo às 9 horas da noite.

 

Estas são algumas das imagens referentes à ferrovia São Paulo Railway, em diversas épocas de sua construção e operação:

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Tarifário da estrada de ferro Santos a Jundiaí da S. Paulo Railway
Publicado no jornal paulistano Correio Paulistano, no número 3.208/Ano XIV, de terça-feira, 5 de fevereiro de 1867, página 4 (acervo do Arquivo do Estado de São Paulo - acesso em 6/10/2012)


Quadro de horários dos trens entre Santos e Jundiaí: a pontualidade inglesa cedia às condições operacionais possíveis na Serra do Mar
Publicado no jornal paulistano O Ypiranga, no número 137/Ano I, de terça-feira, 14 de janeiro de 1868, página 4 (acervo do Arquivo do Estado de São Paulo - acesso em 17/10/2015)


Casa de força motriz  e viaduto entre alto e raiz da serra da SPR, em 1905
Publicado na paulistana Revista Moderna, número 3/ano 1, de dezembro de 1905, página 9

(Acervo do Arquivo do Estado de S. Paulo - acesso em 6/10/2012)

 


Trem funicular (tracionado por cabos) da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí (EFSJ, ex-SPR) atravessando o trecho Grota Funda, na Serra do Mar

Foto publicada no perfil São Paulo Antiga, álbum Trânsito & Transporte em São Paulo, da rede social Facebook (acesso: 14/7/2013)

 


Trecho em construção da SPR, na Serra do Mar

Foto incluída no livro O Porto de Santos - Navegando pela História, de Cristiane Limeira (Ed. Neotropica Multimedia, São Paulo, 2014, apoio Terminal Portuário Santos-Brasil)

 


Traçado da São Paulo Railway, tendo à esquerda a Serra do Mar e à direita o interior paulista

Imagem: acervo da Fundação Biblioteca Nacional, incluída no livro O Porto de Santos - Navegando pela História, de Cristiane Limeira (Ed. Neotropica Multimedia, São Paulo, 2014, apoio Terminal Portuário Santos-Brasil)

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