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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BAIRROS DE SANTOS - SÉCULO XXI - [45]
Morros Sta.Maria, Saboó, Caneleira, C.de Paula

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Publicado em 18/10/2010 no jornal A Tribuna de Santos, página A-3


MORROS COBRAM ATENÇÃO E MAIS SERVIÇOS PÚBLICOS - Assim como em outras áreas elevadas de Santos, os moradores dos morros Santa Maria, Saboó e Chico de Paula prezam a tranqüilidade de seus núcleos e o contato com a natureza. Porém, se ressentem da falta de investimentos do Poder Público em áreas de lazer, unidades de saúde e outras benfeitorias. No Chico de Paula, as famílias utilizam água de uma nascente, pois não há rede da Sabesp. O núcleo é o menor de todos, com apenas 63 moradores

Imagem: reprodução parcial da primeira página de A Tribuna de 18/10/2010

Santa Maria carece de investimentos

Embora desfrutem de muita tranqüilidade, moradores se ressentem da falta de serviços públicos na área de saúde e de espaços de lazer

Luiz Gomes Otero

Da Redação

Com cerca de 1,6 mil habitantes, o Morro Santa Maria tem como principais características a tranqüilidade e uma vista privilegiada da Cidade. Porém, os moradores ainda aguardam benfeitorias por parte do Poder Público, como a construção de um espaço de lazer e de uma área de convivência para jovens e adultos. Além disso, lutam também pela regularização de suas propriedades.

Boa parte das ocupações do Morro Santa Maria começou a se consolidar nas últimas três décadas. O local abriga muitos ex-moradores de núcleos vizinhos, como Vila Progresso e Morro Nova Cintra. Seus limites, segundo a Prefeitura, são os seguintes: Avenida Nossa Senhora de Fátima, Viela 269 dessa via, Caminho Santa Maria, Rua 1 e Rua 10.

O transporte público é feito por meio de lotações (peruas vans). Apesar de estarem pavimentadas, as vias do núcleo carecem de obras de manutenção mais freqüentes. Prova disso são os inúmeros buracos surgidos nas ruas Um e Três, prejudicando o tráfego de veículos.

"Já reclamamos para muita gente, mas ninguém dá jeito nisso", reclama Luiz Gonzaga da Silva, morador da Rua Três, que já se feriu ao cair em um buraco nas proximidades de sua casa. Atendimento médico, aliás, é outro problema na região. O posto de saúde mais próximo é o da Vila Progresso, o que obriga as pessoas a percorrer uma distância razoável para ter acesso ao serviço.

Devido à escassez de espaços de lazer e de serviços públicos, os moradores do Morro Santa Maria são obrigados a recorrer aos bairros vizinhos. Alguns estabelecimentos comerciais, no entanto, já começaram a se instalar em pontos mais movimentados, como a Rua Um.


Consolidado como bairro nas últimas três décadas, o Morro Santa Maria abriga muitas moradias que ainda não estão regularizadas

Foto: Paulo Freitas, publicada com a matéria

Preocupação - Conforme as lideranças do bairro, o que mais preocupa é a questão da regularização fundiária. Muitos imóveis ainda têm pendências que impedem a regularização. Prova disso é que a Sociedade de Melhoramentos (SM) do bairro, por intermédio do seu presidente, Lucas Marcelino da Silva, tem incentivado os proprietários de imóveis a se recadastrarem na entidade que comercializou as glebas no morro.

Silva explica que a Prefeitura também tem acompanhado o processo e procurado orientar os proprietários. "O recadastramento é fundamental para que todos possam ter suas posses reconhecidas de fato".

O líder comunitário também se manifestou sobre a falta de espaços de lazer, explicando que já fez várias solicitações à Prefeitura, que se comprometeu a analisar a reivindicação. "Nós precisamos mesmo de um espaço de convivência, para dar às crianças um local adequado para passar o dia".

O comerciante Carlos Pereira, conhecido como Alemão, e que mantém uma loja de materiais de construção no bairro, criticou o estado de conservação das vias. "Os buracos nas ruas são muito freqüentes. Quem vem aqui tem reparado isso", disse ele.

Números

421.319 m² é a área total do Morro Santa Maria

107.067 m² é a área total do Morro Chico de Paula

377.305 m² é a área total do Morro do Saboó

232.049 m² é a área total do Morro da Caneleira


Com 1.200 habitantes, bairro possui várias casas em situação de risco

Foto: Paulo Freitas, publicada com a matéria

Saboó necessita de infra-estrutura

Localizado nos fundos do Cemitério da Filosofia, o Morro do Saboó tem uma população estimada em 1.200 habitantes. Seus moradores, assim como os vizinhos do Santa Maria, também reivindicam serviços públicos. Por falta deles, são obrigados a se deslocar para os bairros vizinhos.

A Unidade Municipal de Ensino (UME) 28 de Fevereiro supre as necessidades no que se refere ao Ensino Fundamental, pois não fica muito longe do morro. Mas, no que diz respeito à área Saúde, os moradores são obrigados a ir até o Valongo para conseguir atendimento na rede pública.

Morador há 40 anos no bairro, Edson Gomes do Nascimento também se queixa da falta de um centro comunitário ou de outro tipo de entidade de prestação de serviço.

"Não temos um espaço adequado para o lazer no morro. Se houvesse uma entidade atuante aqui, garanto que não iria faltar gente para ajudar. Queremos que as crianças do bairro possam se sentir bem aqui, sem ter que descer para brincar em pontos mais distantes".

O acesso de carros é dificultado pela falta de infra-estrutura. A única pista existente no morro precisa de reparos. "Mas o que a gente mais sente mesmo é a ausência de serviços públicos. Depender dos bairros vizinhos é muito ruim", reclamou Nascimento.

Morro da Caneleira - O Morro da Caneleira está na mira da fiscalização da Defesa Civil, por abrigar grande quantidade de moradias construídas em áreas de risco.

O órgão monitora todos os pontos onde há moradias em situação de risco, conforme relata o engenheiro Luiz Marcos Albino. Um novo levantamento deverá apontar um quadro mais atualizado da situação desse e de outros morros da Cidade.

O Censo de 2000 do IBGE identificou 1,5 mil habitantes no bairro, que também não conta com equipamentos públicos. A delimitação desse bairro é definida assim: Praça Maria Mercedes Féa, Caminho São Jorge, Rua das Pedras, Caminho da Esperança e Rua 10.


As residências do Chico de Paula se concentram no sopé do morro

Foto: Paulo Freitas, publicada com a matéria

Com apenas 63 moradores, Chico de Paula é puro sossego

A impressão inicial que se tem do Morro Chico de Paula é de que se trata de um local desabitado, com muitas áreas verdes. Exagero, mas o fato é que o bairro soma apenas 63 moradores (segundo o Censo IBGE de 2000), alguns deles estabelecidos há mais de 60 anos.

O acesso ao morro é feito pela Rua Itanhaém, praticamente nos fundos da Escola Estadual Bartolomeu de Gusmão, que fica na mesma via. As poucas moradias existentes se concentram no sopé do morro, onde é captada água de nascente para as residências. Não há rede de água da Sabesp nesse ponto.

Proprietária de uma avícola na Rua Itanhaém, Neide Jesus Pereira, de 72 anos, revela que mora há 68 anos em um imóvel no alto do morro.

"Meus pais vieram para cá quando eu era criança. E, desde então, não saí mais. Não penso em mudar, porque aqui tenho o sossego que não encontraria em outros bairros de Santos. Parece até uma cidade do interior".

No início, segundo Neide, seus pais cultivavam banana e cana-de-açúcar no terreno da propriedade. E até hoje ela vende as bananas na avícola.

Marli da Silva Fontana, que mora há 57 anos em uma casa no sopé do morro, tem como vizinhos dois familiares.

"Construímos uma casa próxima da outra para nos manter unidos. Realmente, esse bairro tem um diferencial. Todos que nos visitam ficam encantados com o visual e a tranqüilidade, apesar de não estarmos tão longe assim da Avenida Martins Fontes".

A delimitação do morro Chico de Paula é simples: entre o Morro do Saboó, Vila Progresso, Morro Santa Maria e o bairro do Saboó.

Personagens

Vanderlei Luiz de

Oliveira - 63 anos

O morador chegou ao Morro

Santa Maria há seis anos, com

a esperança de ter uma vida melhor. Encontrou uma

 paisagem tranqüila, mas ainda aguarda a regularização de sua propriedade. "Aqui falta

somente uma manutenção

mais freqüente nas ruas e

resolver de vez essas

pendências burocráticas,

para podermos realmente

ficar tranqüilos".

Marli da Silva Fontana - 57 anos

A dona-de-casa afirma que deixou o emprego há 30 anos para cuidar do filho. E não se arrependeu da decisão. Para ela, o Morro Chico de Paula difere dos demais por ter menos moradias. "Com o apoio da Diocese, estamos construindo uma igreja em uma área que estava bem abandonada no sopé do morro. Essa obra é fruto do esforço de todos nós".

Edson Gomes do Nascimento - 53 anos

O portuário Edson Gomes do Nascimento mora há 40 anos

no Morro do Saboó. Ele aponta como principal carência a

falta de serviços públicos,

o que obriga os moradores a buscarem atendimento em núcleos vizinhos. "Pelo

menos uma área de lazer

acho que esse morro

merecia, pela sua tradição e pelo número de habitantes. Queremos muito isso".

Fotos: Paulo Freitas, publicadas com a matéria

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