Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0100b84.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 08/28/10 20:03:31
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BAIRROS DE SANTOS - SÉCULO XXI - [34]
Chico de Paula/Vila Haddad

Leva para a página anterior da série

Publicado em 2/8/2010 no jornal A Tribuna de Santos, página A-3


20 ANOS DE TRÁFEGO PESADO E ENCHENTES - Há 20 anos, os problemas são os mesmos, constantes enchentes e o tráfego pesado de caminhões, carregados com mercadorias para o porto de Santos. Obras até foram feitas para tentar resolvê-los, mas as soluções definitivas ainda são esperadas pelos moradores do Chico de Paula, na Zona Noroeste. Mas o bairro tem do que se orgulhar. Nos últimos anos, houve investimentos em infra-estrutura e seu comércio prosperou, uma prova de seu potencial

Imagem: reprodução parcial da primeira página de A Tribuna de 2/8/2010

Problemas persistem há anos

Enchentes, conflito com o tráfego pesado e a falta de infra-estrutura são rotinas para os moradores da região desde a década de 80

Luiz Gomes Otero

Da Redação

Nos anos 80, as enchentes, o conflito com o tráfego pesado e a falta de infra-estrutura eram as principais queixas dos moradores do bairro Chico de Paula e da parte do núcleo que a partir de 2005 passou a ser reconhecida como Vila Haddad. Passados mais de 20 anos, as reclamações continuam as mesmas.

O desmembramento do núcleo Chico de Paula, que se situa entre a Avenida Nossa Senhora de Fátima e a Via Anchieta, foi regulamentado em 2003 por intermédio de uma emenda na lei de uso e ocupação do solo, aprovada na Câmara. A iniciativa foi do vereador Manoel Constantino (PMDB), que tomou como base o fato da existência de um loteamento antigo no local, que tinha o nome de Vila Haddad.

Apesar de ter recebido algumas intervenções por parte do Poder Público, como a reurbanização da Praça Guilherme Délius e a construção de uma escola municipal (UME Oswaldo Justo), os dois bairros em questão continuam sofrendo impacto do trânsito de caminhões de carga. E as enchentes são uma constante em dias chuvosos.

O comércio localizado na Avenida Nossa Senhora de Fátima prosperou de forma efetiva. Nada menos do que três lojas atacadistas se instalaram na área, comprovando o potencial daquela região.

Mas também é notória a influência da atividade retroportuária. O bairro concentra grande número de empresas desse setor. Um fato que contribui para gerar o trânsito intenso de caminhões.

Junte-se a isso o fato de o bairro fazer uma ligação direta da Avenida Nossa Senhora de Fátima com a Avenida Marginal da Via Anchieta. Essa combinação acaba produzindo problemas. O mais freqüente é o estacionamento em local proibido. As placas de sinalização são freqüentemente arrancadas ou mesmo desrespeitadas em plena luz do dia.

Quem mora na área já se acostumou a conviver com esses problemas, como é o caso de Antônio Peres, que reside no núcleo há mais de 50 anos. "Esse tráfego também precisa de uma alternativa para chegar até o seu destino final, que é o porto", avalia o morador.

Peres lembra que algumas intervenções foram realizadas na Rua Particular Ana Santos, para tentar diminuir o índice de alagamentos. Mas pouco resultado prático foi notado na região.

"O que nos dá a impressão é que aquela obra não ficou completa. Parece que faltou estender mais a tubulação para que ela desse vazão e escoasse para fora daqui", explica o morador.

Peres alerta que nem mesmo a unidade de saúde do bairro escapa das enchentes. "Em dias de chuva forte fica difícil entrar ali".

Apesar da forte presença do setor retroportuário, Peres destaca que o comércio e os serviços básicos são oferecidos nos dois bairros. "Temos escola municipal, um praça com áreas de lazer e um comércio que cresce a cad dia que passa".

Enchente crônica - Outra moradora antiga é Umbelina Fonseca Roque, de 85 anos. ela conta que no início, quando todo o bairro se chamava Chico de Paula, as ruas eram de terra batida e a iluminação bem fraca.

"O que ainda nos causa transtornos são os alagamentos. Não precisa chover forte para acumular água nas esquinas ou na frente das casas", diz a moradora.


A construção da escola municipal (UME Oswaldo Justo) e o crescimento do comércio são pontos positivos

Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

Personagens

Umbelina Fonseca Roque, 85 anos:


A moradora também viu o crescimento do Chico de Paula, com a construção do colégio municipal e a vinda dos supermercados de atacados. Mas ainda não se acostumou com a denominação da parte residencial do núcleo como Vila Haddad, embora reconheça o histórico desse novo nome. "Para mim, é um bairro muito tranqüilo e sempre gostei de morar aqui"

Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

Antônio Peres, 73 anos:


Morando há mais de 50 anos no Chico de Paula, o aposentado acompanhou a evolução do núcleo, como a obra de reurbanização da Praça Guilherme Délius e a construção da Unidade Municipal de Ensino (UME) Oswaldo Justo, uma luta antiga da comunidade. Hoje em dia, ele ajuda a manter a praça conservada, informando a Prefeitura quando verifica algum ponto danificado.

Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

Investimento virá com recursos federais

Uma estação de bombeamento e duas galerias de águas pluviais serão construídas na área próxima do Chico de Paula e Vila Haddad. O investimento está previsto no cronograma do Programa Santos Novos Tempos, que a Prefeitura desenvolve com recursos do governo federal e do Banco Mundial.

O secretário municipal de Desenvolvimento e Assuntos Estratégicos, Márcio Lara, explica que os trabalhos de drenagem dependem ainda da transferência de 320 famílias da Vila Alemoa para o futuro conjunto habitacional Caneleira 4.

"O plano de macrodrenagem previsto para a Zona Noroeste contemplará o Chico de Paula e a Vila Haddad. Um estação de bombeamento será instalada no Rio São Jorge. E mais duas galerias serão implantadas, interligando com o sistema já existente", explica Lara.

O sistema de bombeamento é necessário por causa dos períodos de maré alta, que dificultam o escoamento das águas em dias de chuva intensa.

A Prefeitura defende a criação de uma alternativa para o sistema viário, que contemplará os núcleo de Chico de Paula e Vila Haddad.

A idéia é desafogar o trânsito de caminhões na área, criando uma ligação entre a Avenida Nossa Senhora de Fátima e a Avenida Bandeirantes, por meio de um novo viaduto sobre a Via Anchieta.

O Governo do Estado e a Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI) já receberam cópias desse projeto. E avaliam a sua viabilidade.

Trânsito - A Assessoria de Imprensa da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informa que a fiscalização nos bairros Chico de Paula e Vila Haddad está presente diariamente e em vários horários, principalmente na Avenida Nossa Senhora de Fátima e ruas Júlia Ferreira de Carvalho, Particular Ana Santos, Vivaldo Cheola e Boris Kauffmann.

No primeiro semestre deste ano, a CET registrou 523 autos de infração contra motoristas em situação irregular nas principais vias dos dois bairros. Quando detectada a empresa causadora de grande transtorno ao bairro, a CET também lavra multa.


Passados mais de 20 anos, as reclamações continuam sendo as mesmas, entre elas o tráfego pesado

Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

 


Outro problema antigo continua sendo a enchente, que por vezes acontece mesmo quando não chove

Foto: Carlos Nogueira, publicada com a matéria

Novas regras

As empresas de retroporto terão que se adequar às regras impostas pelo novo Plano Diretor, que está em fase de revisão na Prefeitura. Segundo o secretário municipal de Planejamento, Bechara Abdalla Pestana Neves, a proposta consiste na elaboração de estudos de impacto de vizinhança para garantir uma convivência harmoniosa com a área residencial já consolidada. Planos de logística e expansão dessas zonas, por exemplo, passariam a depender do resultado desse estudo.

"Não queremos limitar uma atividade. Queremos sim que ela continue ocorrendo, mas com responsabilidade, sabendo como se desenvolver sem provocar os efeitos negativos que hoje em dia são notados", justifica o secretário de Planejamento.

Outra novidade que pode surgir durante a revisão é o reconhecimento de parte do Ilhéu Alto, que se situa na área do Chico de Paula. Pestana Neves explica que a região já é reconhecida pelos moradores como Ilhéu Alto e que a mudança segue um processo semelhante ao da criação do atual bairro Pompéia. "Naquele trecho, quase todos se referem ao ponto com Ilhéu Alto, e não como Chico de Paula. Já foi consagrado pelos moradores locais, que desejam essa mudança há alguns anos".


Onde fica:

Vila Haddad (área 132.333,55 m²/0,13 km²) - Chico de Paula (área 1.584.158,00 m²/1,58 km²). População total Chico de Paula/Vila Haddad: 3.535 habitantes

(obs.: no Censo de 2000, o IBGE ainda não considerou o novo bairro)

Infografia publicada com a matéria

Veja o bairro em 1982
Veja Bairros/Chico de Paula/Vila Haddad

Leva para a página seguinte da série