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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SEU BAIRRO/mapa
Boqueirão já era famoso antes do nome (4)

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Publicado em 21/10/1982 no jornal A Tribuna de Santos

 Leda Mondin (texto) e equipe de A Tribuna (fotos)


O Supercentro Boqueirão foi o primeiro grande centro de compras de Santos: tem mais de 200 lojas

Uma cidade que tem de tudo um pouco

Ninguém há de negar: o Boqueirão não carece de apresentação. Além de tradicional como ele só, fica bem no centro do arco praiano santista: vai desde o Canal 3 até o 4 e, pelos eixos desses canais, se estende até as avenidas Francisco Glicério e Afonso Pena.

Uma bela área, sem dúvida, apesar dos edifícios que se multiplicam, formam um paredão de concreto e impedem que quem mora bairro adentro possa avistar a praia. Está certo que o mar já não tem aquela cor azul que tanto inspirou os poetas santistas de outros tempos, mas quem não se encanta com a Praia do Boqueirão num dia de sol, refletindo a luz intensa em suas águas?

Terrenos baldios são raros: só se vê um ou outro pedaço de chão inaproveitado, à espera de valorização maior. Predominam os milhares de apartamentos e moradias que vão desde bangalôs até palacetes, e que caracterizam o bairro como tipicamente residencial.

Mas, quem percorre suas ruas e avenidas, sabe que o Boqueirão tem uma vida comercial muito intensa, além de abrigar estabelecimentos bancários, hospitais, escolas, oficinas e escritórios. Aos poucos, avenidas como a Conselheiro Nébias e Epitácio Pessoa se consolidam como centros prestadores de serviços.

No dia-a-dia movimentado, crianças, um instituto e um cinema esquecidos - A movimentação de carros aumenta a cada dia e a Rua Pedro de Toledo, que concentra boa parte do trânsito em direção à Ponta da Praia, volta e meia fica congestionada. Sem contar que os congestionamentos viraram rotina na avenida da praia nos fins de semana.

Quem se cansa dessa loucura e quer esquecer o corre-corre pode passar bons momentos na tradicional pérgula do Boqueirão, onde não faltam bancos, árvores e flores. Até pássaros existem por lá! Pena que a fonte dos Véus de Noiva esteja tão suja e cheia de limo...

Da pérgula pode-se observar a interessante estrutura dos abrigos de bonde, instalados no canteiro central da Avenida Bartolomeu de Gusmão. Pode-se também constatar que a qualquer hora do dia é um vaivém danado na ampla calçada da Avenida Conselheiro Nébias, à direita de quem olha. Naquela quadra, onde outrora funcionou o Recreio Miramar, hoje há um barbeiro, bares, restaurantes, lanchonetes e o Cine-Teatro Caiçara.

E por falar em Caiçara, corre um boato de que o cinema está para ser fechado. Só para reformas ou para ser transformado em estacionamento ou coisa que o valha? Sabe-se lá, as especulações correm soltas.

Na verdade, há muito tempo não se vê o Caiçara com os seus quase 1.800 lugares ocupados. Também pudera: os melhores lançamentos vão para os modernos e confortáveis cinemas do Gonzaga. O Caiçara tem que se conformar com as reprises ou filmes novos, mas já exibidos em outros cinemas de Santos.

Quando se fala em esquecimento, como não citar o Instituto Histórico e Geográfico de Santos, que funciona na Avenida Conselheiro Nébias, 689? Fundado em 1938, passou para o bonito prédio próprio cinco anos depois e, apesar de todos esses anos de atividade, muitos santistas desconhecem que abriga uma biblioteca com cerca de 10 mil volumes, mapoteca, pinacoteca e peças históricas de valor incalculável.

O prédio é até acanhado para abrigar tantas relíquias e obras, mas isso poderia ser solucionado se o instituto não padecesse de falta de verba. As subvenções que recebe mal dão para pagar a única funcionária, quanto mais para reabrir o museu, como tanto gostaria o presidente, Raul Ribeiro Flórido.

A intenção dele e de outros colaboradores, como Adélson Portela Fernandes, Roosevelt Silveira, Archimedes Bava e José de Mello Filho, era poder prestar melhor atendimento ao público e conservar devidamente as peças históricas. Com isso atrairiam turistas e estes, por sua vez, descobririam que Santos não tem só praias, mas um passado de grande importância na história do País.

Mas, quem - além de diretores e colaboradores - se interessa pelo Instituto?


As crianças dos internatos ficam à espera de visitantes 
que lhes dêem um pouco de carinho e atenção

Lugar auto-suficiente, com comércio variado, escolas e hospitais - As pessoas em geral, e as autoridades em particular, nem se lembram que o Instituto Histórico e Geográfico existe. Muita gente também nunca se preocupou em visitar as crianças de duas entidades assistenciais do Boqueirão: a casa de Estar e o Educandário Santista. O ideal é que não houvesse tanta pobreza, a ponto de ser preciso instalar duas obras sociais do tipo, mas como a realidade se apresenta diferente, não custa visitar aqueles pequenos que não escondem o contentamento quando chega alguém para vê-los ou disposto a levá-los para passar um fim de semana fora.

Mas quem padece de esquecimento crônico no Boqueirão é o velho casarão da Avenida Bartolomeu de Gusmão, 16, que está envolvido em um processo de desapropriação desde a gestão do ex-prefeito Carlos Caldeira Filho. O imóvel se encontra no mais completo abandono, sofre depredações e se deteriora a cada dia, sem que a Prefeitura consiga chegar a um acordo com os dois herdeiros que contestaram o valor oferecido.

Se tem algo que não falta no Boqueirão são escolas. Há desde estabelecimentos muito tradicionais, como a EESG Canadá e o Colégio Stella Maris, até um complexo educacional como o Santa Cecília, que proporciona todos os níveis de ensino, da pré-escola à faculdade (Engenharia e Artes Plásticas). Sem contar as faculdades de Direito, Serviço Social e Arquitetura e Urbanismo (São Leopoldo), Administração de Empresas e Ciências Médicas (Lusíada).

E por falar na Faculdade de Ciências Médicas, é bom que se diga que ela está funcionando em novas instalações, bem ao lado do Hospital Guilherme Álvaro, na Rua Oswaldo Cruz. Aliás, o hospital também merece uma referência especial, pois serve à comunidade santista desde os primeiros anos do século. De sua equipe já fez parte ninguém menos que o famoso médico e poeta Martins Fontes, autor da frase "Como é bom ser bom".

No Boqueirão há ainda a Casa de Saúde, o Instituto Ortopédico Santa Cruz e a Maternidade Cid Peres, que mantêm serviços de pronto atendimento em convênio com o Inamps.

Em termos de comércio, o Boqueirão não deixa a desejar nem um pouco, pois só o Centro Comercial da Rua Oswaldo Cruz, 319, tem nada menos que 205 lojas. Lá há cabeleireiro, salão de barbeiro, açougue e casas que comercializam os mais variados artigos e produtos. E como negar que o Supermercado Eldorado é um ponto de referência em Santos?

E justamente em frente ao Eldorado fica a Cúria Diocesana, onde o bispo diocesano, dom David Picão, concede audiências e decide muita coisa em relação à Igreja de Santos.

Como todo bairro que se preza, o Boqueirão também tem sua igreja católica, a dos Passos, na Rua João Pinho, esquina com Mato Grosso. E é nesse templo que se reúnem os membros do Centro de Defesa dos Direitos Humanos - Núcleo do Boqueirão.

Por tudo que o bairro é, tem e representa, os moradores não se cansam de lançar elogios. A cronista Lydia Federici, nascida e criada nele, chegou a dizer certa vez: "Este pedaço de chão santista e brasileiro me é tão querido a ponto de pisar-lhe as pedras da rua bem de leve". Só há algo que muita gente admitiu não gostar: o monumento em homenagem a Vicente de Carvalho, instalado no jardim da praia, está voltado para os prédios e não para o mar, que tanto o inspirou.

Veja as partes [1], [2] e [3] desta matéria
Veja Bairros/Boqueirão

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