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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - RADIOFONIA
Programas que atravessam décadas

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No rádio santista, mesmo com todas as mudanças havidas, alguns programas atravessam as décadas, com público fiel, nas emissoras da faixa Amplitude Modulada (AM). Dois deles foram o tema da matéria publicada em dezembro de 2010 pelo jornal-laboratório Entrevista, da Faculdade de Comunicação de Santos (da UniSantos), página 18 - Comunicação:

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TRADIÇÃO: Aos 85 anos, o AM de Santos mantém seu charme

Eterno rádio AM

A história do Rádio em Santos está próxima de um século de vida. Ao todo, são 85 anos, desde a criação da primeira emissora, a Rádio Clube de Santos, em dezembro de 1924.

A Clube não existe mais. O seu prefixo na faixa AM, o 1.210 kHz, hoje é ocupado pela evangélica Metropolitana de Santos. Depois dela, foram criadas as rádios Atlântica, Cultura e Cacique. Todas no dial AM (veja na linha do tempo acima).

Ao longo dos anos, essas emissoras tiveram parte de sua programação arrendada para grupos religiosos. Situação que, segundo a jornalista e radialista Rúbia Vasques, acabou prejudicando as rádios, pela falta de conteúdo jornalístico. "Nenhum deles tem uma emissora por ideal de comunicação", explica.

Mesmo com as adversidades e dificuldades no trajeto, alguns prefixos e programas permanecem cativos na mesma faixa.

Trazemos nesta página a história de dois programas que sobreviveram e acompanharam os avanços tecnológicos no AM, contada por quem fez e ainda faz parte dela. São eles, o Rotativa no Ar, veiculado há 35 anos pela mesma Rádio Guarujá AM e o Rádio Polícia, no ar há 23 anos, na Rádio Cultura AM.

 Fernanda Lorena

Meio-dia e você provavelmente está saindo para almoçar. Para te acompanhar, você liga o rádio e ouve um programa que há 35 anos informa a população sobre as notícias da Baixada Santista: o Rotativa no Ar.

O programa foi idealizado pelo diretor da emissora, Orivaldo Rampazzo, com o intuito de ser um noticiário local na hora do almoço, horário dominado pelos programas esportivos. O Rotativa atualmente é apresentado pro Edgar Falcão, que também é o chefe de jornalismo, Erminio Matos e Luiz Antônio Rodrigues, radialistas.

No atual estúdio, localizado em um edifício comercial na Ponta da Praia, em Santos (há também um estúdio no Guarujá), com uma vista privilegiada para o mar e para o desenvolvimento do bairro, Edgar Falcão afirma que, dos velhos tempos, nada sobrou."Alguns aparelhos antigos estão no Museu da Imagem e do Som, e quanto aos repórteres e equipe de produção, é lógico que mudou tudo, pois a maioria daqueles tempos morreu!", brinca.

Em uma sala feita para abrigar um escritório, há todo o isolamento acústico necessário, quatro microfones, um computador e todo o aparato, como as mesas de som, para fazer a mágica acontecer, além, é claro, da vista, que é bem diferente das tradicionais cabines totalmente fechadas.

As mudanças vão além da infra-estrutura e equipe. Falcão explica que, antigamente, alguns locutores chegavam a ler as notas do próprio jornal impresso, e hoje, tendo a tecnologia como principal aliada, pode se chegar até as informações por meio da Internet, do telefone e até do fax. "Acredita que tem gente que manda até imagem pelo email e pelo fax?", conta. E para se comunicar com o estúdio do Guarujá, acertando detalhes durante o programa, há um rádio celular disponível para os locutores.

Já Rodrigues explica que a maneira de fazer o Rotativa também esntrada (N.E.: SIC: '...é marca registrada...'?) de Falcão. "Antigamente, o locutor entrava na cabine e soltava todas as notícias, flanado durante uma hora". Falcão explica que foi chamado justamente para essa remodelação do programa, inserindo, por exemplo, as entrevistas. "É preciso acompanhar as mudanças".

No feriado de 15 de novembro, Dia da República, o programa começa em clima de descontração entre os locutores, apresentando os serviços, como o movimento das estradas na volta do feriadão. Toca o rádio celular da equipe: é Ermínio, que está narrando do Guarujá, e avisa que haverá uma troca nas chamadas. A edição não estaria completa sem comentários sobre a última rodada do Brasileirão, e lógico, brincadeiras entre os locutores sobre os times. Há ainda uma entrevista com o presidente do Conselho de Autoridade Portuária, Sérgio Aquino, antes do programa terminar.

As novidades trazidas por Falcão deram resultado. Em pesquisa realizada pelo Ibope, o Rotativa é o primeiro em audiência no meio-dia. Para ele, isso se deve basicamente ao fato de ser o único de notícias neste horário.

Modo de fazer – Pela manhã, são organizadas as notícias e feitas as laudas. O programa vai ao ar logo após o debate da Guarujá. Também podem entrar para a edição notícias gravadas externamente. Além das notícias da Baixada, há também convidados especiais. Falcão conta que todos os prefeitos da região já apareceram no programa, além de vereadores e secretários. Quando a presença do convidado não é possível, é realizada uma entrevista via telefone.

Quando há feriados durante a semana, muitas entrevistas acabam sendo gravadas para a transmissão, mas Falcão afirma que prefere entrevistar ao vivo. "Tem mais emoção".

Falcão, que há três anos apresenta o Rotativa, mas já acumula 48 anos de experiência no jornalismo em emissoras como a Band e Jovem Pan, acredita que ser um programa noticioso no horário de almoço é o que mantém o Rotativa no ar há mais de três décadas. 

Radialistas Luiz Antonio e Edgar Falcão no estúdio da Guarujá

Foto: Fernanda  Lorena, publicada com a matéria

Adrenalina pura no coração do Gonzaga

Orion Pires

Quando o relógio se aproxima das seis horas da manhã, o cartão de ponto da VTV já está registrando a sua entrada, no edifício Royal, no bairro do Gonzaga, em Santos. Após algumas ligações, consultas na Internet e uma revisada nos jornais do dia, é hora de bater ponto em outro local: o estúdio da Rádio Cultura AM, que fica no coração do Gonzaga.

Por volta das sete e quarenta e cinco da manhã, o repórter investigativo Abissair Rocha desembarca no 5º andar do edifício Quinta Avenida (a duas quadras do Royal), de onde vai comandar o programa Rádio Polícia. Já são 22 anos no ar sob o seu comando. Ele assumiu o programa pouco mais de um ano após ter sido criado por Francisco Seller, em 1987, na mesma emissora.

Diante da mesa oval, rodeado de jornais, algumas notações e um notebook, Rocha já se prepara para entrar no ar. São quase oito da manhã. A rotina é a mesma de segunda a sexta-feira, das 8 às 9h30, e aos sábados, das 8 às 9 horas.

A música de suspense dá o alerta. O Rádio Polícia vai começar. São "os principais acontecimentos do submundo do crime. A verdade nua e crua, sem retoques", anuncia a gravação. A vinheta chama o seu nome, o Repórter Policial 930 – e pronto. Abissair deixa o bom dia para depois e logo dispara as notícias do dia.

Em seguida, relembra um dos fatos destacados no dia anterior e faz seus comentários. Tudo em um linguajar peculiar. "O rapaz dirigiu 'gracejos' para uma das mulheres que estava acompanhada e a desgraça só não foi completa, porque Deus estava ali...", alerta, alternando a entonação da voz entre tons graves e aliviado.

As palavras do apresentador são acompanhadas pela música tema do filme Psicose (1960), que compõe o ambiente do "submundo do crime". O clima de suspense e dramaticidade está criado. Dali para a frente, Rocha aciona os dois repórteres do programa. Cada um fala de um ponto da Baixada Santista.

Márcio Harrison, por exemplo, entra ao vivo via celular direto do 2º Distrito Policial (2º DP) de Vicente de Carvalho, em Guarujá. Na seqüência, é a vez do repórter Alexandro Balsin alertar sobre um caso de estelionato, em Santos.

Aliás, para o apresentador, o Rádio Polícia não é composto somente de notícias tristes e tragédias. "O Rádio Polícia tem coisas tristes, mas tem satisfação de utilidade pública, como ajudar dois familiares a se encontrarem depois de vários anos sem se ver. Ou orientar uma pessoa para que ela não se deixe iludir pelos contos do vigário que estão por aí", destaca.

Isso explica os pouco mais de 23 anos do programa no ar. "Eu começo com a vantagem que tenho plena e total liberdade para fazer a matéria. A responsabilidade é muito maior na captação da matéria e no tom que você faz. Partindo do princípio que você pode destruir uma instituição, uma família ou também pode endeusar a quem não devia", enfatiza o apresentador.

Além disso, a Polícia é a principal aliada do programa. Não apenas por fornecer informações, mas por trabalhar em parceria e acompanhando os fatos. Os repórteres vão às ruas logo nas primeiras horas da manhã, percorrendo os distritos policiais e telefonando em busca de informação.

De outro lado, o comandante Rocha fica de plantão, quase que 24 horas. "Se o celular que fica na cabeceira da cama tocar na madrugada, não pode achar ruim. Eles estão passando uma informação para você", conta.

Segundo ele, depois de tantos anos de profissão o rádio já faz parte da família. "Passo mais tempo no serviço do que em casa", brinca. Por esse motivo, não há como desvincular a história do Rádio Polícia do já tradicional Repórter Policial 930, Abissair Rocha.

História – Rochinha chegou a Santos no final de 1970. Veio trabalhar com um sobrinho, no ramo de transporte de valores. Mas como ele mesmo diz: "Não era minha praia".

Mais tarde, ingressou no extinto jornal Cidade de Santos, onde trabalhou como repórter investigativo por 18 anos. Ajudou a solucionar casos importantes na Cidade, como o do Monstro do Macuco. Um crime deixado de lado pela polícia à época. Tratava-se de um jovem que matou os pais e fugiu para o Rio de Janeiro.

O Rádio faz parte da família

Foto: Fernanda  Lorena, publicada com a matéria

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