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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Um poema para a Praça Mauá...

Comenta como o ex-Largo da Coroação era reduto de vagabundos em 1893

Em 1887, o antigo Largo da Coroação, no centro de Santos, ganhou novo nome, por indicação do vereador Guilhereme José Alves Souto, passando a ser conhecido como Praça Visconde de Mauá. Comenta o historiador Costa e Silva Sobrinho, em sua obra Santos Noutros Tempos (páginas 374/5, São Paulo/SP, 1953):

Durante muitos anos, aquele logradouro público, aprazível pela solitude e pela sombra dos bastos arvoredos, e rodeado todo ele de casas velhas, era o lugar predileto dos desocupados e dos rapinantes. Em 1893, um poeta faceto da época assim o descrevia:
 
Da praça Mauá, o jardim
é coito vagabundorum,
onde vão dormir aqueles
que p'ra cama não têm quorum

Não é frége, nem pocilga,
nem estalagem também
é do povo um logradouro
que de jardim nome tem,

mas só nome, porque os vagos
fizeram dele seu ninho;
transformaram-no os gatunos
num infame pelourinho,

onde passar não se pode
sem revólver, sem pistola,
p'ra não ficar, de certo
sem carteira e sem cachola

Bem fez uma autoridade,
revistando à noite a praça
mandando meter o refle
nos tais vagos, por chalaça!

  Não devia ser só isso,
duas lambadas e... embora!
deviam ir p'ra o xadrez
p'ra não mais dormir cá fora

Olho com eles, major,
não seja mole, nem nada,
quem não tiver casa e cama
durma com a rapaziada

de bom gosto, lá na chácara
dentro de douradas grades,
qual mimoso rouxinol
a curtir agras saudades!

Os jardins não são depósito
de bandalhos vagabundos
(já bem basta que a intendência
os deixe ficar imundos!)

as flores não se plantaram
nem se fizeram canteiros
para servirem de alcova
a vadios, ratoneiros!

Praça Mauá, em 1905

Sobre essa praça, o jornal A Tribuna publicou esta matéria, na edição de 5/10/1997:


1918 - Muitas árvores e um coreto no meio da praça, em tempos bucólicos do início do século

MEMÓRIA
Praça Mauá, o charme resistindo ao tempo

A área, que hoje está em reforma, é o coração da Cidade e sede dos poderes que norteiam os rumos no Município

José Carlos Silvares
Editor-adjunto

Alguns a consideram "a mais santista das praças". Mas a Praça Mauá não abriga apenas o edifício onde funcionam a Prefeitura e a Câmara Municipal. Ela é realmente o coração de Santos. É a partir dela que a Cidade passa a existir de fato, já que na praça está implantado o Marco Distrital, um pequeno monumento piramidal de 1940. É o marco zero das coordenadas geográficas de Santos e ponto de partida para a marcação de serviços topográficos.


1932 - Um amplo jardim antes da instalação do Paço Municipal

Mas a Praça Visconde de Mauá é também um local cheio de memória. Cada uma de suas esquinas guarda muita história, como mostram os cartões-postais desta página, das coleções do autor e do pesquisador Laire José Giraud.


1936 - O ponto final dos bondes 2 e 15, com reboque, ainda antes da construção da Prefeitura

A praça surgiu em 1801, como Largo da Misericórdia, logo passou a chamar-se Largo da Coroação, em homenagem a D. Pedro II, que, acompanhado da Imperatriz Tereza Cristina, inaugurou em 18 de fevereiro de 1801 o chafariz que ficava bem no centro da praça e que era servido pelas águas da Fonte do Itororó. O local também ficou conhecido como Largo do Chafariz.


1939 - Postal da inauguração do novo Paço Municipal, "impetuosidade da marcha do progresso"

E, finalmente, a 6 de outubro de 1887, há exatamente 110 anos, passou a chamar-se Praça Mauá, homenagem da Cidade ao Visconde de Mauá, empresário gaúcho considerado o pai dos empreendedores do Brasil. Ele foi o primeiro em tudo o que era importante no Rio de Janeiro: indústria de navios, ferrovia, rodovia e instalou os cabos telegráficos submarinos entre Brasil e Europa. Foi eleito deputado liberal, abolicionista e entrou em atrito com as autoridades imperiais, quando seus negócios foram abalados e ele foi à falência, morrendo em 1889 tentando pagar suas dívidas.


1947 - Corre-corre de uma Cidade em crescimento, 
com o comércio prosperando em torno do Paço

Reforma - Em 1938, a praça foi remodelada, para ficar em harmonia com o novo Paço Municipal, que começava a ser construído ali, em estilo Luiz XVI. As sedes da Prefeitura e Câmara transferiram-se oficialmente em janeiro de 1939. A remodelação custou a retirada das linhas de bonde e o fim de um imenso jardim arborizado. Mas a praça ganhou o Paço.


1950 - A grande passarela da moda, em frente à Casa Slopper

Até os anos 60 era a praça mais fina da Cidade e passarela feminina da moda. Nas suas imediações existia o que havia de melhor no comércio, como a Casa dos Dois Mil Réis (Lojas Americanas), Tipografia Minerva, Banco de Boston, Café Adelino, Casa Slopper, Casa Lemcke, Escola Remington, Bar Chic, Café Carioca, Banco Novo Mundo, entre outros, e os terminais de ônibus para São Paulo, além das linhas de bondes.


1960 - Muita limpeza e ordem na praça que vive um dos períodos de glória e riqueza em Santos

Agora a praça está novamente sendo remodelada, após o abandono a que esteve relegada nos últimos anos. Pelo projeto da Prefeitura, deverá retomar as formas que teve no seu período de glória, nos anos 60, mas modernizada, como exige a proximidade do novo milênio.

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