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SANTOS DE ANTIGAMENTE
Quando os santistas seqüestraram um bonde

Está lá na página 5 do jornal A Tribuna, de 18 de setembro de 1937 - época em que no atual bairro Aparecida ainda existia o hipódromo que dava então à área o nome de Vila Jockey Clube:

 

Imagem: reprodução parcial da página 5 de A Tribuna de 18/9/1937

A notícia, com ortografia atualizada nesta transcrição:

"Um episódio pitoresco

"Os moradores de Vila Jockey obrigaram a City a inaugurar o prolongamento da linha 19

"O populoso bairro de Vila Jockey Clube viveu ontem, às últimas horas da tarde, momentos de intensa agitação...

"Reunindo-se no ponto terminal da linha 19, grande número de habitantes daquele distrito suburbano exigiu que o motorneiro de um dos elétricos, que lá chegou às 18 horas, prosseguisse a viagem até a Avenida Afonso Pena, servindo-se do prolongamento da linha que a City está prestes a concluir.

"E a exigência foi formulada de forma categórica, ameaçadora, de nada valendo a forte argumentação do empregado da empresa canadense, que fez ver á massa popular que a nova linha ainda não oferecia as necessárias garantias. Que tivessem calma. Esperassem por mais alguns dias até que a direção da City determinasse a inauguração oficial do novo trecho.

"Mas, debalde. O populacho, antegozando instantes de curioso divertimento, reforçou a exigência. O prolongamento da linha tinha de ser inaugurado naquele momento, custasse o que custasse. E o motorneiro, temendo que os protestos degenerassem em manifestações nada amistosas, cedeu aos caprichos da turba-malta, fazendo o bonde trafegar pelo novo trecho.

"Foi um delírio! Homens e crianças, arrebatados pelo espetáculo, assaltaram o elétrico, que, tendo lotação para 45 pessoas, transportou nada menos de 100 passageiros. E a viagem foi gratuita! Tentasse o condutor exigir o pagamento das passagens...

"Logo depois, chegavam novos bondes ao ponto terminal. E as manifestações continuaram. Às 19 horas, todos os elétricos da linha 19 haviam, contra a vontade dos seus condutores, transposto, sob forte assuada dos passageiros, o novo trecho cuja inauguração a City estava naturalmente retardando.

"Segundo nos informou um dos engenheiros da empresa canadense que acorrera ao local, o prolongamento daquela linha ainda não oferece as necessárias garantias, pois os trabalhos ainda não foram ultimados, temendo mesmo, o nosso informante, qualquer descarrilamento.

"Mas não houve descarrilamento. Os bondes trafegaram normalmente e enfeitados de folhagens as mais diversas...

"Foi essa a nota de sensação na vida rotineira da laboriosa população de Vila Jockey..."

Flagrante da inauguração, "por conta e ordem do povo", do prolongamento da linha 19, vendo-se um dos elétricos repleto de manifestantes...

Foto publicada com a matéria

O fato foi também relatado por Ricardo Evaristo dos Santos na primeira parte da obra Transporte Coletivo em Santos - História e Regeneração, publicada em 1987 pela antiga Companhia Santista de Transportes Coletivos (CSTC) - página 33:

"Em 18 de setembro de 1937, em meio à extensão das linhas de bondes - havia em circulação 124 carros motores e cerca de 100 reboques - um fato curioso aconteceu: a Cia. City, atendendo às reclamações e pedidos dos moradores da Ponta da Praia, havia resolvido estender a linha de nº 19, Avenida Pedro Lessa, de moto a favorecer os que residiam nas imediações do Jóquei Clube, pela Rua Alexandre Martins. Colocou os seus trilhos, mas ficou aguardando época própria para a inauguração.

"Os moradores se impacientaram e nesse dia, reunidos em grande massa, se dirigiram ao ponto final da linha 19, na Avenida Pedro Lessa, e aguardaram a chegada do bonde. Antes que o motorneiro virasse a alavanca, o povo, composto de homens, mulheres e crianças, invadiu o bonde, ordenando os funcionários da city que fizessem o veículo prosseguir viagem pela nova linha, inaugurando assim popularmente a linha que teria posteriormente o nº 29, com o ponto final na esquina da Alexandre Martins com a Avenida Bartolomeu de Gusmão.

"Idêntico fato registrou-se na mesma época, com o prolongamento da linha nº 6 - Vila Matias até a Rua Carvalho de Mendonça, tendo a empresa, depois da imposição dos moradores, cedido e homologado a decisão do povo."

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