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BENEDITO CALIXTO
Calixto e as Capitanias Paulistas - 23


Clique na imagem para ir ao índice da obraAlém de refinado pintor, responsável por importantes telas que compõem a memória iconográfica da Baixada Santista, Benedicto Calixto foi também historiador e produziu várias obras no gênero, como esta, Capitanias Paulistas, impressa em 1927 (segunda edição, revista e melhorada, pouco após o seu falecimento) na capital paulista por Casa Duprat e Casa Mayença (reunidas).

O exemplar, com 310 páginas, foi cedido a Novo Milênio para digitalização pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá, em maio de 2010. A ortografia foi atualizada, nesta transcrição (páginas 277 a 293):

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Capitanias Paulistas

Benedito Calixto

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Imagem: cabeçalho de página da obra (página 277)

CAPÍTULO XIX

Relação dos governadores loco-tenentes dos donatários da Capitania de São Vicente, desde 1533 a 1624 - Notas explicativas, que se referem aos governadores loco-tenentes dos donatários da Capitania de São Vicente, desde 1533 a 1709 - Notas sobre os governadores da Capitania de Santo Amaro - Relação dos capitães-generais que governaram a Capitania de S. Paulo, desde sua fundação, até a instalação do Governo Provisório

Relação dos governadores loco-tenentes dos donatários da Capitania de São Vicente, desde 1533 a 1624 [1]

  1º - Gonçalo Monteiro 1533 [2]
  2º - Antonio de Oliveira 1538 [3]
  3º - Christovão de Aguiar de Altero 1542 [4]
  4º - Braz Cubas 1545 [5]
  5º - Antonio de Oliveira (2ª vez) 1549 [6]
  6º - Gonçalo Affonso 1554 [7]
  7º - Braz Cubas (2ª vez) 1556
  8º - Jorge Ferreira 1556 [8]
  9º - Francisco de Moraes Barreto 1559 [9]
10º - Pedro Ferraz Barreto 1562
11º - Jorge Ferreira (2ª vez) 1567
12º - Antonio Rodrigues de Almeida 1569
13º - Pedro Collaço Villela 1571 [10]
14º - Jeronymo Leitão 1573 [11]
15º - Antonio de Proença 1580
16º - Jeronymo Leitão (2ª vez) 1583
17º - Jorge Corrêa 1592
18º - João Pereira de Souza 1595 [12]
19º - Roque Barreto 1598
20º - Diogo Lopes de Castro 1602
21º - Pedro Vaz de Barros 1602 [13]
22º - Roque Barreto (2ª vez) 1603 [14]
23º - Pedro Vaz de Barros (2ª vez) 1605 [15]
24º - Pedro Cubas 1605 [16]
25º - Antonio Pedroso de Barros 1607
26º - Gaspar Coqueiro 1608 [17]
27º - Luiz de Freitas Mattoso 1612 [18]
28º - Nuno Pereira Freire 1612
29º - Roque Barreto (3ª vez) 1613
30º - Francisco de Sá Sottomaior 1613 [19]
31º - Domingos Pereira Jacome 1614
32º - Pedro Cubas filho de Braz Cubas - interino 1614
33º - Paulo da Rocha e Siqueira 1615 [20]
34º - Balthazar de Seixas Rabello 1615
35º - Gonçalo Corrêa de Sá 1617 [21]
36º - Martim Corrêa de Sá 1618 [22]
37º - Balthazar de Seixas Rabelo (2ª vez) 1619
38º - Manoel Rodrigues de Moraes 1622
39º - João de Moura Fogaça 1622 [23]
40º - Fernão Vieira Tavares 1622

Governadores da Capitania de Santo Amaro,

a qual, neste período - 1624 em diante - passou a denominar-se "Capitania de S. Vicente", sob o domínio dos herdeiros de Pedro Lopes de Souza, condes de Monsanto e marquês de Cascais

 

  1º - Alvaro Luiz do Valle 1624 [24]
  2º - Pedro da Motta Leite 1628
  3º - Francisco da Costa 1628
  4º - Antonio de Aguiar Barriga 1638
  5º - Pedro da Motta Leite 1639
  6º - Francisco da Costa 1640
  7º - Francisco da Fonseca Falcão 1642
  8º - Antonio Ribeiro de Moraes 1643
  9º - Gaspar de Souza Ulhôa 1643 [25]
10º - Jaques Feliz 1644 [26]
11º - Francisco Pinheiro Raposo 1644
12º - Manoel de Carvalho 1647
13º - Manoel Pereira Lobo 1648 [27]
14º - Antonio de Aguar Barriga 1649 [28]
15º - João Luiz Mafra 1649 [29]
16º - Alvaro Luiz do Valle (2ª vez) 1650
17º - Bento Ferrão de Castello Branco 1651 [30]
18º - Francisco Alvaro Marinho 1652
19º - Gonçalo Couraça de Mesquita 1654
20º - Simão Dias da Fonseca 1656
21º - Manoel de Sousa da Silva 1656 [31]
22º - Valerio de Carvalho 1657
23º - Jeronymo Pantojo Leitão 1658 [32]
24º - Antonio Ribeiro de Moraes 1659 [33]
25º - Jorge Fernandes da Fonseca 1660
26º - Antonio Raposo da Silveira 1662
27º - Cypriano Tavares 1665 [34]
28º - Thomaz Fernandes de Oliveira 1665
29º - Agostinho de Figueiredo 1667 [35]
30º - Jorge Bron 1668
31º - Athanazio da Motta 1670
32º - Thomaz Fernandes de Oliveira (2ª vez) 1675 [36]
33º - Diogo Pinto do Rêgo 1679 [37]
34º - Pedro Taques de Almeida 1683 [38]
35º - Diogo Arias de Araujo 1684
36º - Pedro Taques de Almeida (2ª vez) 1685
37º - Felippe de Carvalho 1687
38º - Manoel Peixoto da Motta 1690
39º - Manoel Pereira da Silva 1692 [39]
40º - Manoel Peixoto da Motta (2ª vez) 1692
41º - Manoel Garcia 1694
42º - D. Simão de Toledo Piza 1695 [40]
43º - Pedro Rodrigues Sanches 1698 [41]
44º - Gaspar Teixeira de Azevedo 1698 [42]
45º - Thomaz da Costa Barboza 1702
46º - Antonio Corrêa de Lemos 1703
47º - José de Godoy Moreira 1704
48º - João de Campos Mattos 1707
49º - Francisco do Amaral Coutinho 1709 [43]

Imagem: adorno da página 279 da obra

Notas explicativas

que se referem aos governadores loco-tenentes dos donatários da Capitania de São Vicente, desde 1533 a 1709

[1] A "Relação dos governadores-loco-tenentes das donatarias da Capitania de Itanhaém", de nossa autoria, já foi publicada no tomo XV da Revista do Inst. Hist. e Geográfico de S. Paulo, pág. 429-486.

[2] Gonçalo Monteiro era sacerdote, veio na Armada de Martim Afonso e ficou como vigário de São Vicente. Após o desmoronamento da primitiva vila - "engolida pelo mar" em 1544 - mudou sua residência para a povoação do Porto de Santos, deixando em S. Vicente, como vigário, o padre Simão de Oliveira (conforme consta de um livro da Provedoria-Mor da Fazenda Real da Bahia, onde se vê o "traslado do Regimento da Provedoria das Capitanias e Villas do Estado do Brasil", cujo documento vai transcrito nesta Memoria, no capítulo que se refere à "Posse solene dada o conde da Ilha do Príncipe, na pessoa do governador de Itanhaém, Luiz Lopes de Carvalho, na Câmara de S. Vicente" - 1679).

Gonçalo Monteiro concedeu muitas sesmarias em S. Vicente. Foi vigário da vila de Santos de 1545 em diante, e vigário da Vara (Ouvidor do Eclesiástico), conforme consta do "Processo de João Cointac - senhor de Baulés", no qual Gonçalo Monteiro lavrou uma sentença, a 14 de maio de 1560, na vila de Santos.

[3] Antonio de Oliveira, cavalheiro fidalgo, foi nomeado governador por provisão de d. Anna de Pimentel, passada em Lisboa a 16 de outubro de 1538. Concedeu sesmarias em S. Vicente.

[4] Christovam de Aguiar de Altero, cav. fidalgo. Foi nomeado por provisão de d. Anna de Pimentel, aos 20 de dezembro de 1542. Concedeu sesmarias em S. Vicente e foi o primeiro juiz ordinário da Vila de Santos (juiz da vara branca).

[5] Braz Cubas, cav. fidalgo. Foi nomeado governador por provisão de d. Anna de Pimentel aos 26 de novembro de 1544 e tomou posse em S. Vicente, a 8 de julho de 1545. "Suponho - diz fr. Gaspar em suas Notas avulsas - que houve algumas dúvidas a respeito de sua posse (na Câmara de S. Vicente), por que não se achou presente o capitão (seu antecessor), como era de estilo. Seu antecessor (Christovam de Aguiar) tomara posse em março de 1543 e, como ainda lhe faltavam muitos meses para ajustar o triênio, pode ser que Braz Cubas tomasse posse mais cedo do que devia e que por isso não lh'a quisesse dar Christovam de Aguiar".

[6] Antonio de Oliveira. Foi, pela 2ª vez, nomeado governador pelo próprio Martim Afonso, por provisão de 28 de janeiro de 1549. Apresentou a provisão em Santos, aos 27 de maio de 1549, "donde infiro - diz fr. Gaspar - que tomou a posse alguns dias antes por que costumavam tomá-la na Câmara de S. Vicente e depois se registrava a patente em Santos. Tudo consta de uma certidão passada pelo escrivão da Câmara de Santos, Francisco Lopes, os 2 de abril de 1562. Arquivo da Câmara de Santos - Maço 15, n. 6".

[7] Gonçalo Affonso. Nem fr. Gaspar, com demais cronistas nos dão a data da provisão deste capitão governador. Na lista dos capitães-mores que governaram a Capitania de S. Vicente, dada por Azevedo Marques nos Apontamentos Historicos, acha-se o nome deste governador - 1654-1656 - sem, entretanto, designar a data da provisão.

[8] Jorge Ferreira, cav. fidalgo. Ignora-se a data de sua provisão nomeando-o governador de S. Vicente. Declara em uma sesmaria que era capitão-governador em ausência de Braz Cubas. "Com poderes do governador-geral, d. Duarte da Costa, passou uma sesmaria aos 20 de julho de 1556. Passou outra sesmaria a 9 de agosto de 1557, sem fazer menção alguma a Braz Cubas, nem ele podia estar ausente neste tempo porque a carta de 9 de agosto foi registrada no livro da Fazenda Real, nesse mês, pelo escrivão Alberto, que o constatara com o provedor Braz Cubas. Jorge Ferreira ainda governava em primeiro de fevereiro de 1558 (com poderes do governador-geral), porque nesse dia passou um sesmaria, na qual declara a fonte de onde emanava a sua jurisdição" (fr. Gaspar, Notas Avulsas). O cronista vicentino tem razão no seu argumento, pois Braz Cubas não tinha ainda, nesse ano, realizado a sua entrada no sertão, em busca de ouro, a qual só se efetuou de 1559 em diante.

Engana-se o cronista, entretanto, ou é o próprio Jorge Ferreira que claudica, quando diz "que não era capitão-governador em ausência de Braz Cubas", pois o seu antecessor no governo da terra não era Braz Cubas, mas sim Gonçalo Affonso e Antonio de Oliveira, se bem que nestas listas estejam às vezes mencionados os governadores da capitania de Pero Lopes, confundindo-se com os governadores de São Vicente.

[9] Francisco de Moraes Barreto. Foi, segundo dizem fr. Gaspar e outros historiadores, o capitão que deu foral de vila à povoação de Itanhaém, fundada por Martim Afonso. Antes dessa época - 1561 - este Francisco de Moraes e outros aventureiros, portugueses e castelhanos, haviam movido crua guerra às aldeias de índios tupiniquins do litoral de Itanhaém, escravizando-os; conforme se verá da parte destas Memorias que se refere ao assunto (vide Villa de Itanhaen).

"Da carta que lhe escreveram os camaristas de S. Vicente - diz fr. Gaspar - para efeito de o depor, com o fundamento de ter Moraes concluído o seu triênio, consta que Martim Afonso o provera por três nos e que tomara posse aos 30 de abril de 1561, dia em que lhe escreveram  carta, a qual se acha registrada no arquivo da Câmara, livro das vereanças que principia em 1561, a fs. 16.

"Avisaram ao capitão Moraes que, se tinha outra provisão,  mostrasse, para lhe darem cumprimento; aliás fariam sua obrigação, a qual era, juntarem-se com os camaristas de Santos que elegeram outro capitão (autor citado)".

[10] Pedro Collaço Villela, cav. fidalgo. "A sua nomeação consta, diz o citado cronista, do livro das vereanças de S. Vicente, fls. 17, que aos 11 de maio de 1561 esteve presente n dita Câmara o capitão Pedro Collaço. Não se acha o auto da sua eleição nem a sua posse, ms infere-se da carta citada, que as duas Câmaras - de São Vicente e Santos - o elegeram logo depois de notificarem a Francisco de Moraes que tinha acabado seu tempo. Vi sesmarias sus de 18 de junho de 1562".

Pedro Collaço Villela foi quem concluiu a segunda igreja matriz de S. Vicente e mandou gravar a inscrição, na pedra da frontaria desse templo, que agora se acha no Museu Paulista, que diz: "PEDRO COLLAÇO VILLELA. ME. MANDOU. FAZER. NA. E'RA. DE 1.5.5.9." Foi este governador que, em nome de Martim Afonso, concedeu as terras do rocio à Vila de São Paulo de Piratininga.

[11] Jeronymo Leitão. Era irmão de Domingos Leitão, fidalgo da Casa de Sua Majestade - diz o dito cronista. - "Foi provido pelo segundo donatário, Pero Lopes de Souza, filho de Martim Afonso de Souza. Isto consta de muitas sesmarias. Não aparece a sua provisão nem o auto de sua posse; consta porém, do termo da vereança de S. Vicente - 3 de novembro de 1579 - que ele já era capitão nesse dia. Do termo de vereança de 22 de março de 1592, consta que ainda governava por que deram posse o tabelião Francisco Torres, nomeado por ele".

O próprio fr. Gaspar põe em dúvida, em uma sub-nota, esta notícia, sobre o tempo em que Jeronymo Leitão exerceu o seu mandato, em S. Vicente, conforme observa o dr. Antonio Piza (Rev. do Inst. Hist. de S. Paulo, vol. V).

Realmente, a relação dos governadores dada por este cronista e mesmo as demais, organizadas por Pereira Cléto e Azevedo Marques, não estão completas e são confusas; esta mesmo que estamos organizando não estará isenta de erros e lacunas, pois, como já observamos, os cronistas e historiadores confundiam e confundem ainda - governadores de S. Vicente, com governadores de Santo Amaro e governadores de Itanhaém.

O engano de fr. Gaspar foi o de omitir, no período de 1573-1593, o nome de Antonio de Proença, que governou de 1580 a 1583.

Neste período em que já se agitava em Portugal, e mesmo aqui, sob o domínio espanhol, o famoso litígio entre herdeiros de Martim Afonso e Pero Lopes e que as duas donatarias haviam passado para as mãos de "um único donatário" - Lopo de Souza - ocorreram fatos bem dignos de nota. Durante tais balbúrdias, apareceu um dia em S. Vicente um aventureiro exibindo aos camaristas um provisão ou simples procuração, passada por Lopo de Souza, na qual o investia do cargo de seu loco-tenente, ou coisa que o valha. Este indivíduo chamava-se João Pereira de Souza e arrogava-se ainda como "aparentado com aa nobre estirpe dos Souzas".

Uma vez empossado do alto cargo, tratou de organizar uma entrada no sertão, da qual fizeram parte alguns homens notáveis desta época: João do Prado, Simão Borges, Vasco da Motta - que foi mais tarde governador da Capitania de Itanhaém -, Sebastião de Freitas e outros.

Neste ínterim, chega a S. Vicente o capitão Jorge Corrêa, sucessor de Jeronymo Leitão - ausente da vila de S. Vicente, por ter concluído o seu mandato - e exibiu aos camaristas a provisão de sua nomeação, passada por Lopo de Souza. Só então é que se verificou que a provisão concedida ao tal capitão João Pereira de Souza era falsa. O falso governador de São Vicente foi afinal preso, no sertão, substituindo-o - como chefe da Bandeira - o paulista Francisco Ferreira.

Consta que João Pereira de Souza fora processado e espiou na forca o seu crime de falsário [*]

[*] O incansável historiador paranaense Ermelindo de Leão, com a sua reconhecida competência e erudição, vem de publicar um opúsculo Vultos do Passado Paulista, no qual relata parte deste importante episódio da nossa história colonial, ignorada pelos nossos historiadores e cronistas. Chamamos para ele a atenção das pessoas que se dedicam o estudo da História Paulista.

[12] João Pereira de Sousa. - É este o FALSO GOVERNADOR do qual nos ocupamos em nota anterior. Ocupa ele o número 14º, n ordem estabelecida por frei Gaspar: Relação dos Capitães lóco-tenentes que governaram a Capitania de São Vicente. Esta Relação - que consta das suas Notas Avulsas - foi publicada na Revista do nosso instituto, vol. V. 1899-1900 - pelo dr. Antonio Piza, com anotações.

É deveras estranhável que nem o dito cronista beneditino, nem o dr. Antonio Piza, com os vastos e profundos conhecimentos que tinham da história colonial, fizessem a menor alusão ao fato, tão importante aliás, ocorrido nessa época, com este "falso governador".

Vejamos pois o que diz o citado cronista sobre João Pereira de Souza: "Tomou posse aos 14 de março de 1615, foi nomeado pelo governador d. Francisco de Souza para servir o cargo de capitão-mor com os adjuntos Simão Machado e João Baptista... (o terceiro nome está devorado por traças) mandando suspender  Jorge Corrêa e chamando-o à cidade da Bahia por capítulos que de cá deram contra ele, dos quais mandou devassar. Consta do livro 7º da Câmara de S. Vicente".

No opúsculo publicado pelo dr. Washington Luís, em 1918, como prefeito de São Paulo, explicando "a nova nomenclatura das ruas, largos, avenidas, praças etc.", dadas pela Câmara, em 1914, vê-se o nome deste governador (n. 18, pág. 17).

"João Pereira de Souza - diz a nota - comandou uma bandeira que perlustrou os mesmos sertões que a anterior".

- Esta bandeira "anterior" foi organizada e capitaneada por Domingos Rodrigues - diz a nota precedente. Esta entrada partiu de S. Paulo de 1599-1600 e andou também pelos sertões da Paraíba, onde se achava em 12 de fevereiro de 1601 e recolheu alguns soldados da bandeira de João Pereira de Souza...

Aqui parece haver erro ou confusão de datas, pois a entrada de Domingos Rodrigues deveria ser posterior à entrada de João Pereira (as notas de fr. Gaspar não combinam também com as demais, quanto ao ano em que João Pereira de Souza foi nomeado governador de S. Vicente).

"A bandeira de João Pereira partiu - diz ainda a nota do dr. Washington - depois de 5 de outubro de 1576. Este homem já chegou a S. Paulo, por nomeação de d. Francisco de Souza; e a sua presença no comando de uma bandeira devassadora do sertão ignoto, mostra já a intervenção decidida de d. Francisco de Souza para descoberta de ouro, prata e pedras preciosas, supremo fim da atividade do tempo. A bandeira levou o móvel ostensivo de fazer a guerra da Paraíba. Esfacelou-se por lá, tendo sido encontrados rastros dela por outros que lhe seguiram as pegadas.

"Dessa bandeira foi soldado João do Prado, que faleceu no sertão em 1597. Um filha de João do Prado, casada com Miguel de Almeida, é o tronco da família Almeida Prado".

[13] Pedro Vaz de Barros - Serviu de capitão e ouvidor da Capitania de S. Vicente, por provisão de Lopo de Souza, desde 1603, e ainda serviu o cargo em 24 de fevereiro de 1605, como consta dos documentos da Câmara vicentina.

[14] Roque Barreto. - Foi capitão e ouvidor da Capitania de S. Vicente, segundo consta do registro de sua provisão, nos livros da respectiva Câmara, aos 27 de julho de 1603. Esta provisão já não foi dada por Lopo de Souza e sim por Diogo Botelho, governador geral.

[15] Pedro Vaz de Barros. - Serviu, pela segunda vez, o cargo de capitão e ouvidor da mesma Capitania de S. Vicente, na vaga de Roque Barreto.

[16] Pedro Cubas. - Era moço fidalgo da câmara de Sua Majestade e alcaide-mor das Capitanias de S. Vicente e Santo Amaro: em 11 de julho de 1615, diz fr. Gaspar, foi chamado pela Câmara de S. Vicente para servir de capitão-mor da Capitania, segundo consta do livro 9. Parece que não o reconhecia por capitão-mor a vila de Santos "e isto pouco carece de exame", observa o mesmo cronista vicentino.

[17] Gaspar Coqueiro - Tomou posse e prestou juramento de bem servir de capitão e ouvidor da Capitania de S. Vicente, aos 6 de out. de 1607. Foi nomeado pelo donatário Lopo de Souza e concedeu sesmaria, conforme consta do liv. 9. A 20 de fev. de 16.... (não se distingue o resto da data) concedeu ainda uma sesmaria a Antonio Ferreira etc.

Fr. Gaspar suscita dúvidas sobre a posse deste loco-tenente de Lopo de Souza e acrescenta: "consta do mesmo livro, da Câmara, que deram posse dos lugares de capitão e ouvidor a Antonio Pedrozo, aos 21 de dez. de 1606, em virtude de uma provisão de Lopo de Souza, constando do mesmo livro que tinham dado (também) posse de ouvidor a Zuzarte Lopes, os 20 de dezembro de 1606 por cas... que nele fizeram o dito Antonio Pedrozo, a quem tinham dado posse de capitão nesse mesmo dia 20 de dezembro. À margem vinha uma cota que dizia não valer o termo de posse dado a Zuzarte Lopes. Do mesmo livro, a fls. 300, vem o requerimento que fez o procurador da Câmara de S. Vicente, aos 20 de janeiro de 1607, no qual consta que, na vila de Santos, não reconheciam por capitão, nem por ouvidor, a Antonio Pedrozo, por que ali servia de ouvidor Sebastião Peres, e de capitão, Gonçalo de Pedroza (notas avulsas)".

No volume I do Registro Geral da Camara de S. Paulo, página 141, consta que Antonio Pedrozo era em 1607 lugar-tenente de Lopo de Souza (traslado da provisão do tabelião Simão Borges, de 11 de agosto de 1607). Estes documentos estão hoje publicados.

O nome deste governador Antonio Pedrozo não consta nem na lista de fr. Gaspar, nem na de Marcelino Pereira Cléto, muito menos da lista geral organizada por Azevedo Marques.

[18] Luiz de Freitas Mattoso - Foi nomeado capitão-mor-governador de S. Vicente por d. Luiz de Souza, governador-geral da Repartição do Sul, em 3 de julho de 1612. Um de seus primeiros atos foi dar provisão de meirinho da correição, em S. Vicente, a Belchior Rodrigues, aos 5 de agosto de 1612, segundo consta do livro 11º das vereações.

[19] Francisco de Sá Sottomaior. - Foi igualmente nomeado por d. Luiz de Souza, para capitão-mor-governador da Capitania de S. Vicente, aos 6 de junho de 1613, o que foi cumprido, em Câmara, aos 19 de junho do dito ano. (Consta do livro 11. Notas avulsas).

Embaixo, vem esta nota: "Este d. Luiz de Souza assistia nesta Capitania e por isso estava nomeando capitães anuais, contra o estilo antigo cujas provisões eram por três anos".

[20] Paulo da Rocha e Siqueira. - Cav. fidalgo, foi nomeado capitão da Cap. de S. Vicente por provisão do governador geral Gaspar de Souza, em 18 de setembro de 1614. Prestou homenagem nas mãos do governador geral, aos 25 de setembro do dito ano. Serviu até o ano seguinte, em que foi suspenso e preso, por provisão do mesmo governador geral, datada de 12 de julho de 1615. Esta ordem de suspensão e prisão cumpriu-se na Câmara de S. Vicente aos 13 de novembro do dito ano, conforme consta, diz o cronista, do livro 10º.

[21] Gonçalo Corrêa de Sá. - Fidalgo da casa de S. Majestade, nomeado para o cargo de cap. mor da Capitania de S. Vicente por provisão de d. Luiz de Souza, governador geral. A provisão foi passada em Olinda, aos 4 de fevereiro de 1617. Tomou posse em 1º de julho do dito ano, livro 10º. Ausentando-se para o Rio de Janeiro, passou Corrêa de Sá uma provisão a Pedro Cubas, para governar em sua ausência, as vilas da marinha.

[22] Martim Corrêa de Sá. - Fidalgo da casa de Sua Majestade. Foi nomeado capitão da Capitania de S. Vicente, por alvará de Sua Majestade, de 2 de fevereiro de 1618, com a expressa cláusula de que serviria por três anos, se tanto durasse o litígio que havia entre os donatários. Foi cumprido e registrado o dito alvará na Câmara de S. Vicente, aos 11 de novembro de 1620, conforme consta do livro 12º.

Pedro Cubas, moço fidalgo e alcaide-mor da dita Capitania, foi nomeado capitão da mesma por Martim de Sá, durante o tempo de sua ausência, por provisão de 20 de dezembro de 1620, a qual foi cumprida e registrada no dito ano, na Câmara de S. Vicente.

Fr. Gaspar, ao dar esta informação sobre Pedro Cubas - encaixada na parte que se refere ao capitão Martim Corrêa de Sá, ajuntou-lhe ainda esta nota que muito interessa ao assunto desta Memoria.

É pena, entretanto, que o documento do dito cronista vicentino não esteja completo, por estragos de traças. Diz ele:

"Pedro Cubas, não tinha dado juramento na Câmara de S. Vicente, quando a ela veio Manoel Rodrigues de Moraes tomar a posse injusta da Capitania de S. Vicente, em nome do conde de Monsanto, d. Luiz de Souza, com a provisão que por ele mandou, ordenando aos camaristas e mais justiças de São Vicente lhe dessem posse; e escreveu à Câmara que nada alterasse a respeito do governo da Capitania. Porém, não obstante, pretendeu Moraes tomar posse de capitão-mor sem provisão do conde de Monsanto nem do governador geral, com o único fundamento de que o constituinte e o constituído faziam uma só pessoa: e como el-rei, na confirmação da sentença, dizia que o conde ................ capitão e lhe dariam ............................. essa procuração com este argumento persuador os vereadores que, sendo ele procurador deveria também ser capitão. Replicaram os ditos vereadores que o governador geral mandava conservar tudo como estava. Respondeu que a provisão de Martim de Sá trazia a cláusula já referida, e - com aa pose do conde cessaria o litígio - estava portanto concluído o tempo da sua jurisdição e governo. Mais assegurou aos camaristas que o governador geral mandara a dita ordem - por comprazer - com Martim de Sá; que ele não podia fazer os negócios do conde sem ser capitão. Que lhe dessem a posse e ele acomodaria com o governador geral.

"Com efeito, foi-lhe dada posse de capitão-mor e, fazendo a Câmara aviso a Martim de Sá, que se achava no Rio de Janeiro, e ele, por sua vez, ao governador geral, este ordenou então que depusessem a Manoel R. de Moraes e obedecessem a Martim de Sá. Em conseqüência desta ordem foi chamado Pedro Cubas à Câmara de S. Vicente, onde deu juramento e ficou governando com os sentimentos de Manoel Rodrigues, que pretendeu ainda que o conservassem. Como não lhe fizessem o gosto, se alterou, com tanto furor, que chegou a puxar pela espada, na Câmara; desordem pela qual o autuaram os camaristas, cujos autos remeteram ao governador geral e ao donatário".

O dito Martim de Sá nomeou para o substituir, em sua ausência, a Fernão Vieira Tavares, por provisão datada do Rio de Janeiro, aos 9 de abril de 1622. Cumpriu-se e registrou-se em a Câmara da dita vila, a 1º de maio de 1622, livro 12º.

[23] João de Moura Fogaça. - Tomou posse de capitão e ouvidor da Capitania de S. Vicente, por provisão da condessa de Vimieiro, d. Marianna de Souza da Guerra, datada de 22 de outubro de 1622, conforme consta do dito livro 12º citado pelo cronista fr. Gaspar, que acrescenta esta nota:

"É necessário examinar o livro por que nele achei uma provisão do governador-geral Furtado, na qual diz que provera a Fogaça. É certo que a condessa o mandou por seu procurador, com cargo de capitão, e suponho que ele usou da indústria de ir à Bahia e pedir provisão ao governador geral Mendonça Furtado, porém apresentaria na Câmara a provisão da condessa. O dito governador levantou a homenagem a Martim e mandou que Fernão Vieira lhe entregasse o governo.

"Este Fernão Vieira se constituiu requerente do conde de Monsanto, cujo direito foi solicitar à Bahia, e vindo de lá feito provedor da Fazenda Real fez partilhas por parte da Relação, como lhe propusera o seu ódio e desejo de vingança".

Nos capítulos desta Memoria, que tratam desta importante fase do litígio - entre os herdeiros de Martim Afonso e os herdeiros de Pero Lopes - vem relatado todos os pormenores da memorável luta entre estes governadores de São Vicente e os governadores de Santo Amaro, ou por outra, entre o conde de Monsanto e a condessa de Vimieiro.

Fogaça, repelido de S. Vicente, passa, em 1624, a exercer o cargo de loco-tenente e governador, na vila de Itanhaém, elevada pela condessa de Vimieiro à categoria de sede de sua vasta donataria.

Notas sobre os governadores da Capitania de Santo Amaro

a qual, de 1624 em diante, passou a se denominar Capitania de S. Vicente

[24] Alvaro Luiz do Valle. - Foi o primeiro governador, nomeado pelo conde Monsanto, que tomou posse na Câmara de São Vicente, a 24 de julho de 1624, após a nova divisão entre as duas donatarias - 6 de fevereiro de 1624 - estabelecida na Barra de S. Vicente, pelos procuradores e loco-tenentes do conde de Monsanto. A Vila de S. Vicente passa, de então em diante, a ser a sede da donataria dos herdeiros de Pero Lopes; não com o nome de Capitania de Santo Amaro, mas sim com o título de CAPITANIA DE S. VICENTE. O primeiro ato de Luiz do Valle foi nomear Lucas Rodrigues Cordova alcaide-mor da Capitania de São Vicente, segundo consta do livro 12º da mesma Câmara de São Vicente, citado pelo referido cronista, em suas notas avulsas.

[25] Gaspar de Souza Ulhôa - Era cavaleiro professo da Ordem de Cristo e fidalgo da casa de S. Majestade: foi nomeado por provisão do governador geral Antonio Telles da Silva, passada na Bahia em tantos de outubro de 1642, a qual se registrou na Câmara de S. Vicente aos 7 de dezembro do mesmo ano.

Este capitão estava provido por outros três anos - diz fr. Gaspar - pelo conde de Monsanto, do que se lhe tinha passado despacho; porém, queixando-se a Câmara de S. Vicente ao dito conde do seu mau governo, pelos procuradores que foram a Lisboa tratar dos negócios respectivos aos jesuítas [A], mandou o conde que se lhe observassem os despachos, quando os apresentasse, e em seu lugar proveu, como capitão, a Francisco da Fonseca Falcão, segundo consta de uma carta do mesmo conde escrita a 1 de dezembro de 1642, a qual existe no Arquivo da Câmara de S. Vicente.

Aqui, a nota de fr. Gaspar não combina com a lista organizada por Azevedo Marques que dá o nome de F. Fonseca Falcão exercendo o cargo de capitão em 1622, e sendo substituído por Antonio Ribeiro de Moraes - 1643.

O erudito cronista vicentino, tão conhecedor e ao par das ocorrências desta época, pois que ainda existia o precioso arquivo da Câmara de S. Vicente por ele consultado - nos dá ainda, em suas notas avulsas, o nome deste governador - Gaspar de Souza Uchôa, exercendo o cargo em 1643, aos 14 de setembro, em que "tornou, por determinação do ouvidor geral, a servir de capitão-mor....... dia, por patente.....". (O resto desta nota está, infelizmente, devorado pela traça).

[A] Quando os jesuítas foram expulsos de S. Paulo, em 1643, os paulistas enviaram a Lisboa dois emissários - Luiz da Costa Cabral e Balthazar de Borba Gato, com as queixas que tinham contra os jesuítas. É a estes emissários que aqui se faz referência. (Vide Hist. da Expulsão dos Jesuitas, vol. III da Rev. do Inst. Hist. de S. Paulo).

[26] Jacques Felix - Foi capitão-governador da Capitania de Sâo Vicente, desde 1644 a 1647, conforme se verifica da lista que vem nos Apontamentos Historicos, de Manoel Eufrazeo de Azevedo Marques, extraída dos livros de registros de sesmarias etc. Jacques Felix foi povoador de Taubaté e de outras vilas da Capitania de Itanhaém. (Vide a memória histórica sob este título. Rev. do Inst. Hist. de S. Paulo - 1915 - pág. 551).

Luiz Dias leme - Foi também capitão-governador de São Vicente, nesta época, Luiz Dias Leme - terceiro avô de fr. Gaspar - "foi estabelecido na vila de S. Vicente e Santos e homem do maior respeito e autoridade que houve nesse lugar, geralmente estimado por suas virtudes. Foi da governança da terra etc. ...", conforme afirmam Pedro Taques e dr. Gonzaga Leme, genealogistas bem conhecidos.

Foi ainda este capitão que aclamou o rei d. João IV, em S. Vicente, em 1641, e fundou, nessa mesma época, a 2ª capela de Santa-Anna do Acaraú, nesta mesma Vila [B]. O seu nome não consta, entretanto, das listas que temos consultado e nem das Notas de fr. Gaspar, já citadas.

[B] Vide Fazenda e Capella de Sant'Anna do Acarahú - Rev. do Inst. Hist. de S. Paulo, vol. citado - págs. 252-256 por B. Calixto.

[27] Manoel Pereira Lobo. - Foi provido em capitão-mor de São Vicente pelo donatário marquês de Cascais, em carta-patente de 10 de fevereiro de 1647. Cumpriu-se e tomou-se posse do mandado em 1 de junho de 1648. Manoel Pereira Lobo era cavaleiro professo da Ordem de Cristo.

[28] Antonio de Aguiar Barriga - Tomou posse de capitão-mor governador de São Vicente a tantos de maio de 1649, por provisão do conde de Monsanto - d. Alvaro Pires de Castro -, sendo passada em Lisboa a 21 de outubro de 1649 conforme consta da provisão de João Luiz Mafra, que o substituiu.

[29] João Luiz Mafra. - Cavaleiro fidalgo da casa de S. Majestade. Foi nomeado capitão-mor e loco-tenente do conde de Monsanto por provisão de 21 de outubro de 1649, com 300 cruzados de ordenado, cada ano - se tanto rendesse a Capitania, cada ano, ao seu donatário [C].

[C] Estas duas últimas nomeações afastam-se um tanto da ordem cronológica da presente Relação. Nesta parte, o manuscrito de fr. Gaspar traz esta nota do dr. Antonio Piza: "Há evidente contradição entre os §§ 36 e 37, que dão a mesma provisão de 21 de outubro de 1649, nomeando os dois capitães-mores mencionados. Em relação ao § 36, a data está sublinhada para ser excluída".

[30] Bento Ferrão de Castello Branco. - Foi nomeado por provisão do governador geral, passada aos 16 de outubro de 1651, a qual cumpriu-se na Câmara vicentina a 3 de março de 1652.

Bento Ferrão entrou na posse imediata do seu cargo e no mês seguinte prestava mão forte ao ouvidor José Ortiz de Camargo, por determinação do governador geral do Brasil, em negócio de suma importância, porém que o conde de Castello Melhor teve todo o cuidado de calar talvez por "nebuloso", como se vê pelo seguinte documento existente na Biblioteca Nacional e do qual o dr. Gentil de Moura nos enviou cópia:

"Carta do conde de Castello Melhor, escrita da Bahia e dirigida ao capitão-mor de S. Vicente, Bento de Castello Branco.

"O ouvidor que provi nessa Capitania Joseph Ortiz de Camargo há de pedir  V. M. ajuda e favor para dar execução certa ordem de serviço de S. M., a quem Deus guarde, que nesta ocasião lhe encarreguei. É de grande importância e conveniência se haja nele com toda a cautela e silêncio possíveis.

"Logo que V.M. for comunicado para ela lhe dê toda a segurança que for necessária e tudo mais que pela mesma ordem se dispõem para que, por todos os convenientes que puderem ser mais eficazes, se consiga serem feitas e fique enxergando que corresponde em esta primeira ação à confiança que faz da sua pessoa para o governo desta capitania, em que diga o acerto mais certo a se lograr o princípio deles com o bem que lhe há de resultar de ter o intento de ordem e fins que se pretende. N. S. em Bahia, 8 de abril de 165552 - conde de Castello Melhor". (Biblioteca Nacional - Documentos históricos, fol. 161. Cód. I-4-1-42).

[31] Manoel de Souza e Silva. - Foi provido em capitão-mor da Capitania de S. Vicente por patente de S. Majestade de 25 de novembro de 1656, a qual se cumpriu e registrou na mesma Câmara aos 22 de abril de 1657. Diz o citado cronista: "Sendo Manoel de Souza da Silva capitão, em S. Vicente, foi se meter a frade, segundo consta de uma carta escrita aos camaristas, da mesma vila. Não consta em que religião professou".

[32] Jeronymo Pantojo Leitão. - Tendo sido nomeado por uma provisão do governador geral, Francisco Barreto, de 6 de outubro de 1657, para que, vagando, na Capitania de S. Vicente, qualquer dos cargos de capitão-mor, provedor da Fazenda Real, ou sargento-mor, ele entrasse a servir por virtude desta provisão, que apresentou n Câmara de S. Vicente e se cumpriu aos 6 de janeiro de 1658. Nesse dia tomou ele a posse de capitão-mor-governdor.

[33] Antonio Ribeiro de Moraes. - Por provisão de Salvador Corrêa de Sá e Benevides, governador geral, passada aos 4 de outubro de 1659 e cumprida e registrada na Câmara de S. Vicente os 19 de dezembro de 1659. (Arquivo da Câmara da dita vila, livro 14º).

[34] Cypriano Tavares. - Era casado, em S. Paulo, com Catharina da Ribeira, filha de Amador Bueno da Ribeira - o aclamado -. Foi nomeado capitão-mor da Capitania de São Vicente por provisão do governador geral, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, datada do Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1661. Fez homenagem pela mesma Capitania, nas mãos do dito governador, em 1º de janeiro de 1662. A sua provisão foi cumprida e registrada, em S. Vicente, aos 29 de janeiro do mesmo ano, tomando posse nesse dia. Continuou a servir no mesmo posto por outra provisão que se passou a 22 de junho de 1665, a qual se cumpriu e registrou na mesma Câmara, os 18 de outubro do dito ano de 1665.

[35] Agostinho de Figueiredo - Por carta-patente de Sua Majestade de 29 de maio de 1665 ou 1667, tomou posse do governo da Capitania de S. Vicente.

Sebastião Velho de Lima serviu também no posto de capitão-mor desta Capitania, na ausência de Agostinho de Figueiredo, quando esteve no sertão, na diligência de descobrir minas de ouro e cativar índios. Estava já de volta, em S. Vicente, quando se deu posse a Jorge Bron ou Athanazio da Motta, que foram seus sucessores.

[36] Thomaz Fernandes de Oliveira. - Foi nomeado por carta-patente de Sua Alteza Real [D] passada em Lisboa aos 8 de julho de 1675, e foi empossado na Câmara de São Vicente - como capitão-mor e governador da Capitania - a 17 de fevereiro de 1675.

[D] Era o príncipe d. Pedro, por deposição de seu irmão d. Affonso VI. Foi proclamado chefe e como tal governou o reino até 1683. Neste ano, tendo sido o rei Affonso VI deposto, o príncipe, seu irmão, foi proclamado rei com o nome de d. Pedro II (N.E.: de Portugal).

[37] Diogo Pinto do Rêgo. - Por carta-patente do mesmo príncipe regente d. Pedro (vide nota) datada de 4 de novembro de 1677, foi nomeado governador desta Capitania de S. Vicente, e tomou posse a 28 de dezembro de 1678, na respectiva Câmara.

[38] Pedro Taques de Almeida. - Foi nomeado governador da Capitania de S. Vicente por provisão do dito governador geral, passada aos 8 de outubro 1683, a qual foi cumprida e registrada na Câmara desta vila aos 4 de março de 1684, data em que tomou posse do cargo. Pedro Taques de Almeida era filho de Lourenço Castanho Taques e de d. Maria de Lara, todos de S. Paulo. Foi comandante da fortaleza do Itapema, em Santos, provedor da Fazenda Real, juiz da Alfândega e veador da gente da guerra, na Praça de Santos, e capitão-mor e governador da Capital de S. Vicente, com 80$ de soldo anual, desde 1684 até 1687. Era ainda alcaide-mor e administrador das aldeias do real padroado, por carta régia de 13 de set. de 1701 etc.

Era avô de Pedro Taques de Almeida Paes Leme, o historiador e genealogista paulistano.

[39] Manoel Pereira da Silva. - Por patente do governador geral, passada a 10 de outubro de 1690, foi nomeado capitão-mor governador da Capitania de S. Vicente e tomou posse do referido cargo aos 11 de fevereiro de 1691.

Diz fr. Gaspar que este capitão-mor faleceu em Santos e foi sepultado na igreja de São Braz (?) da vila de Santos, em campa pequena, junto ao altar de Nossa Senhora do Pilar. Consta que já era morto aos 24 de janeiro de 1692. "Por morte deste capitão - refere ainda o cronista - houve grandes dúvidas entre a Câmara de S. Vicente e o sargento-mor Domingos de Araujo, meu bisavô materno, a respeito da sucessão ao governo.

"A Câmara de S. Vicente - apossada pela família dos da Guerra - teimava em que a ela, como cabeça de Capitania, competia o governo, tanto militar, como político, de dota a Capitania. Domingos de Araújo, sargento-mor  quem seguia toda a mor parte da Capitania e a família de seu genro, José Teixeira de Siqueira - nunca consentiu que a dita Câmara se intrometesse no governo militar, que supunha pertencer-lhe pela razão de ser ele o primeiro oficial da guerra depois do capitão-mor governador.

"Foi o caso, por agravo, à Relação da Bahia, na qual se decidiu que o governo militar, na falta do capitão-mor, pertencia ao sargento-mor pago, da Capitania, e o político a cada uma das Câmaras, em seus respectivos distritos.

"O governador geral repreendeu então severamente aos camaristas de S. Vicente... Domingos de Araujo, pela razão de ser sargento-mor da Capitania, tomou posse do governo militar, aos 24 de janeiro de 1692".

[40] D. Simão de Toledo Piza. - Foi o sucessor de Manoel Peixoto da Motta, que exerceu o governo da Capitania, por patente régia de 1691 a 1692 e do capitão Manoel Garcia que também serviu nesse tempo - 1694.

D. Simão de Toledo Piza foi provido, por patente passada por Sua Majestade, no posto de capitão-governador da Capitania de São Vicente, a 3 de dezembro 1695 e tomou posse no referido cargo, na dita Câmara de S. Vicente, a 8 de julho de 1696.

Era filho de outro d. Simão de Toledo Piza e de d. Garcia da Fonseca Rodovalho, fidalgos espanhóis, descendentes legítimos da ilustre casa dos condes de Oropeja e duques de Alba de Tornes. Casou na Capitania de S. Vicente, em S. Paulo, com d. Maria Pedrozo - 12 de fev. de 1640. - Foi figura notável nessa época, em S. Vicente, e mesmo depois, na Capitania de S. Paulo, onde ocupou cargos importantes, conforme se vê dos anais da história paulistana, que constam destas Memórias.

[41] Pedro Rodrigues Sanches. - Foi provido por carta-patente de Sua Majestade, passada a 9 de dezembro de 1691. Tomou posse como capitão-mor-governador da Capitania de S. Vicente aos 8 de julho de 1693, na Câmara desta vila, onde se registrou a sua patente.

[42] Gaspar Teixeira de Azevedo. - Foi capitão-mor-governador da Capitania de S. Vicente em 1697, conforme consta da "lista de Azevedo Marques" e de outros documentos da época; não se sabe, porém, o dia de sua posse e o tempo em que serviu o cargo. Parece-nos, entretanto, que o seu antecessor foi Pedro Rodrigues Sanches, que tomou posse em 1693.

Gaspar Teixeira de Azevedo era avô do célebre cronista beneditino, fr. Gaspar da Madre de Deus, que no século se chamou Gaspar Teixeira de Azevedo.

O capitão Gaspar T. de Azevedo foi também, nessa época, superintendente das minas de ouro e provedor da real casa de fundição da vila de Paranaguá e coronel das ordenanças das vilas de Santos e S. Vicente. O seu nome, entretanto, não consta da lista de fr. Gaspar.

[43] Francisco do Amaral Coutinho - Foi provido no cargo de capitão-mor governador da Capitania de S. Vicente por carta patente passada pelo governador geral do Rio de Janeiro em 5 de fevereiro de 1709. Tomou posse na mesma Câmara de S. Vicente a 1º de março do dito ano.

Foi o último governador e loco-tenente dos donatários, herdeiros de Pero Lopes de Souza, pois em 1711, os 19 de setembro, o marquês de Cascais vendia a "sua Capitania de S. Vicente", antiga de Santo Amaro, à coroa lusitana, pela quantia de quarenta mil cruzados.

De então em diante, a antiga Capitania de Santo Amaro, ou Capitania de S. Vicente, passa a se denominar "Capitania de S. Paulo".

Os últimos governadores de São Vicente, deste período, após o governo do capitão Gaspar Teixeira de Azevedo - 1692 - foram os seguintes, conforme se vê da respectiva lista:

- Thomaz da Costa Barboza, que foi nomeado por patente do governador geral do Sul, passada a 20 de agosto de 1700.

- Antonio Corrêa de Lemos, por patente do mesmo governador geral, passada a 2 de março de 1703.

- José de Godoy Moreira, por carta-patente de S. Majestade, passada em Lisboa aos 25 de novembro de 1704.

- João de Campos e Mattos, por carta-patente de Sua Majestade, passada em Lisboa aos 22 de outubro de 1707 e fez homenagem nas mãos do governador do Rio de Janeiro.

Imagem: adorno da página 290 da obra

Relação dos capitães-generais que governaram a Capitania de S. Paulo, desde sua fundação - 1709 - até a instalação do Governo Provisório - 23 de junho 1821

1º - Antonio Albuquerque Coelho de Carvalho - Tomou posse a 18 de junho de 1710, e serviu até 30 de agosto de 1717.

2º - Braz Balthazar da Silveira - Tomou posse a 31 de agosto de 1713 e serviu até 3 de setembro de 1717.

3º - Pedro de Almeida Portugal, conde de Assumar - Tomou posse a 14 de setembro de 1717 e serviu até 4 de setembro de 1721.

4º - Rodrigo Cezar de Menezes - Tomou posse em 5 de setembro de 1721, servindo até 14 de agosto de 1727. Este capitão-general foi quem, a mandato d'el-rei d. João V, "seqüestrou a jurisdição dos donatários da Capitania de Itanhaém e deu baixa das autoridades nomeadas pelo governador de Itanhaém, Antonio Caetano Pinto Coelho de Soutto Maior".

5º - Antonio Luiz de Tavora, 4º conde de Sarzedas - Tomou posse em 19 de agosto de 1727 e serviu até 14 de agosto de 1732.

6º - Antonio Luiz de Tavora, 4º conde de Sarzedas - Tomou posse a 15 de agosto de 1732 e serviu até 29 de agosto de 1737. Faleceu nas minas de Goiás, no arraial de Tarairas.

7º - Gomes Freire de Andrade, depois conde de Bobadela - Tomou posse, interinamente, a 1º de dezembro de 1737. Foi mais tarde governador geral do Rio de Janeiro e de São Paulo, mas não residiu nesta cidade.

8º - Luiz de Mascarenhas, depois conde d'Alva - Tomou posse a 12 de fevereiro de 1739 e serviu o cargo até agosto de 1748. Mais tarde foi vice-rei da Índia. A carta régia de 9 de mio de 1748 suprimia o cargo de "capitão-general da Capitania de São Paulo" e conferiu o governo desta os governadores do RIo de Janeiro, ficando um governador de São Paulo, com residência em Santos, sujeito ao governo do Rio de Janeiro.

Este estado de coisas, que se iniciou após a administração de d. Luiz de Mascarenhas - 1748 - prolongou-se até 6 de janeiro de 1765. Uma carta régia, dessa data, restabelece o governo, separando a Capitania de S. Paulo e nomeia - para capitão-general o governador seguinte:

9º - Luiz Antonio de Souza Botelho Mourão, morgado de Matheus - Tomou posse em Santos (que era então a sede da Capitania) aos 22 de julho de 1765. Este governador serviu até 13 de junho de 1775.

10º - Martim Lopes Lobo de Saldanha - Tomou posse a 14 de junho de 1775 e serviu até 15 de março de 1782. Este capitão-general e seu antecessor já residiam em S. Paulo, onde então se tornou célebre, pelo seu despotismo e pelas acusações que fez, ao vice-rei do RIo de Janeiro, contra d. Luiz de Souza, em 18 de novembro de 1775, conforme consta deste e outros documentos, dessa época nefasta para a Capitania de São Paulo. Um dos atos que mais celebrizou o capitão-general Martim Lopes, em S. Paulo, foi o enforcamento do conhecido "Caetaninho", em 1781, que tanto emocionou os habitantes desta cidade.

Caetaninho (Caetano José da Costa, nat. de S. Paulo), era o trombeta da legião-paulista de voluntários reais, camarada e "companheiro de troca" do Cap. Antonio Lobo de Saldanha, filho do governador. Sofreu pena de forca por ter repelido uma "afronta de seu superior" - Antonio Lobo - em uma noite de pândega, na freguesia de São Bernardo.

11º - Francisco da Cunha Menezes - Tomou posse a 16 de março de 1782 e serviu até 4 de maio de 1786. Foi também governador da Índia.

12º - Marechal José Raymundo Chichorro da Gama Lobo - Tomou posse interina, a 5 de maio de 1786 e serviu até 4 de junho de 1788. Este governador - observa Azevedo Marques -, por ser Cavaleiro de Malta, antepunha ao seu primeiro nome o de Frei e por isso alguns historiadores o mencionam com o nome de Francisco José Raymundo.

13º - Bernardo José de Lorena - Tomou posse a 5 de junho de 1788 e serviu até 27 de junho de 1797. Passou depois para a Capitania de Goiás. Entre os seus trabalhos, feitos em S. Paulo, avulta o da abertura da nova estrada - Caminho do Mar - até Cubatão, cujos vestígios ainda são notáveis na serra de Paranapiacaba; executou ainda outras obras e melhoramentos úteis à Capitania de S. Paulo.

14º - Antonio Manoel de Mello Castro e Mendonça - Tomou posse a 82 de junho de 1797 e serviu até 10 de novembro de 1802. Era conhecido por Pilatos. Foi mais tarde removido para Moçambique, na África, onde faleceu.

15º - Antonio José da Franca e Horta - Tomou conta do governo a 10 de dezembro de 1802 e serviu até 31 de outubro de 1811, com intervalo de junho a outubro de 1803, em que esteve com licença. Nesse pequeno período, o governo da capitania de S. Paulo foi regido, interinamente, por um triunvirato composto do bispo d. Matheus de Abreu Pereira, ouvidor, Miguel Antonio de Azevedo Veiga e o intendente da Marinha, José Maria Couto. Este triunvirato durou até a nomeação do

16º - Luiz Telles da Silva, marquês de Alegrete - Tomou posse a 1º de novembro de 1811, servindo até 20 de agosto de 1813. Luiz Telles foi depois nomeado governador da Capitania do Rio Grande do Sul, sujeito ao governo do Rio de Janeiro. Ficou substituindo, interinamente, no governo desta capitania paulista, um outro triunvirato composto ainda do bispo d. Matheus, do ouvidor, Nuno Eugenio de Lossio e do intendente da Marinha, Miguel José de Oliveira Pinto. Este governo interino durou até 8 de dezembro de 1814.

17º - D. Francisco de Assis Mascarenhas, conde da Palma - Tomou posse a 8 de dezembro de 1814 e serviu até 24 de abril de 1819. Foi depois removido para governador da Bahia e obteve o título de marquês de Palma.

18º - João Carlos Augusto de Oyenhausen Grevenbourg, depois marquês de Aracati - Tomou posse a 26 de abril de 1819 e serviu, no governo da Capitania, até 23 de junho de 1821.

Nessa mesma data assumiu ele as rédeas do Governo Provisório, eleito pelo povo e tropa de São Paulo.

João Carlos Oyenhausen esteve fazendo parte deste governo, como presidente (às vezes substituído por seus imediatos) até 10 de setembro de 1822.

(Vide Azevedo Marques - Governo Provisorio). - Monsenhor Pizarro (Mem. Hist. do Rio de Janeiro) - Quadro Historico - Machado de Oliveira. Arquivo da Câmara Municipal de S. Paulo. - Registro Geral da mesma Câmara. - Revista do Inst. Hist. de S. Paulo - Documentos Interessantes do Arquivo Público de S. Paulo etc.).

Imagem: adorno da página 293 da obra