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Notícias do bonde:

A TRIBUNA, 30/AGOSTO/2011 (página A-6)

Manutenção, a garantia de segurança nos bondes

Veículos da Linha Turística de Santos passam por vistoria preventiva e revisão periódica

Ronaldo Abreu Vaio

Da Redação

Assim como o Rio de Janeiro, Santos tem morros, praias e bondes. Especificamente em relação aos bondes, as semelhanças param por aí. A julgar pelas palavras do engenheiro eletricista Marcos Rogério Nascimento, responsável pela manutenção dos seis bondes da Linha Turística do Centro, um acidente como o do Bairro de Santa Tereza, no Rio, é impensável por aqui.

"Não pode (acontecer aqui). A condição de operação lá é diferente. Em Santos, trabalhamos no plano, é uma linha turística e a velocidade máxima é de 10 km/h", adianta.


SANTOS – Segurança no passeio: bondes sob constante manutenção

Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria, na primeira página (A-1)

Além das condições de operação, Nascimento garante que a manutenção em Santos é minuciosa e constante. Todos os dias, antes de as viagens começarem, é feito um check-up preventivo dos bondes. São feitos ajustes de parafusos, polimento, troca de óleo e verificação dos freios.

Estes, aliás, são um capítulo à parte na história dos bondes. As sapatas não foram restauradas, mas trocadas: saíram as originais, de ferro fundido, e entraram as fenólicas, com uma espécie de resina que se adapta melhor às rodas. Mesmo assim, regulam-se as sapatas a cada dois dias.

Os seis bondes vão se revezando na linha turística. Uma vez por ano, ficam 30 dias fora de circulação, para manutenção minuciosa.

Limpando o caminho – Com o tempo, os frisos das rodas, que as prendem aos trilhos, também se desgastam. Quando isso acontece, não tem jeito: a solução é trocar a roda toda. "O bonde 40 está parado agora justamente para isso".

E, para conservar os bondes nos trilhos, é preciso, também, ser inventivo. Nascimento cita uma vassoura de aço, que vai sendo carregada pelo bonde, como uma criação local: à medida que o bonde cumpre o trajeto, a vassoura vai livrando o trilho de obstáculos que podem desestabilizar o veículo.

Nas curvas – os pontos mais delicados -, esse trabalho também é feito manualmente, para evitar descarrilamentos. Então, o descarrilamento que aconteceu às 12h30 de 15 de maio de 2009, na curva que liga as ruas Augusto Severo e Cidade de Toledo, terá sido consequência de descuido?

Marcos Nascimento diz que não. Por incrível que pareça, a partir de sua explicação, é possível, até, concluir que o acidente se deu por excesso de zelo. O trecho da linha era novo, tinha sido inaugurado um mês antes. As rodas do bonde também. E essa combinação de tudo novo foi o problema.

"Não tinha ocorrido o desgaste. O espaço entre o trilho e o friso da roda não era suficiente. Na curva, em uma velocidade um pouco maior, aconteceu". Felizmente, o bonde estava vazio.

Em Santos, a manutenção dos bondes acontece em um galpão no Bairro do Valongo. O restauro é nas dependências da própria Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), na Vila Mathias. No momento, o bonde 32, primeiro da frota, passa por esse processo (veja destaque).

Nascimento não quis entrar em detalhes sobre o acidente no Rio. Apenas lamentou a tragédia. Considera, contudo, que houve algum tipo de falha. "Se não, o acidente não teria ocorrido".

A manutenção dos bondes é atuação profissional fiscalizada pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) de São Paulo. A Tribuna não localizou dirigentes do órgão.


Quando necessárias, restaurações ocorrem nas dependências da CET

Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

Bonde 32

Ele foi o primeiro dos seis bondes que, há 11 anos (a serem completados em setembro), se revezam na Linha Turística de Santos. Também por isso, já estava na hora de passar por uma, digamos, repaginação.

Há um ano e meio, o bonde aberto, todo em madeira, está na oficina. Oriundo da Escócia (Europa), chegou a Santos em 1911, no terceiro lote de bondes elétricos trazidos à Cidade – os bondes elétricos começaram a funcionar em Santos dois anos antes.

Embora todas as características originais sejam mantidas, o tempo e o lugar obrigam a algumas adaptações. "Originalmente, a madeira dele é o carvalho, europeu. Na década de 1930, passou por uma reforma. O carvalho foi substituído pela cabriúva, que hoje está em extinção. Então, usaremos o ipê na cabine", explica Marcos Nascimento. "Mas o chassi ainda é de carvalho. E está em ótimas condições. É impressionante".

A expectativa é de que o bonde seja reintegrado à linha até o final deste ano.


Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

Funicular

"Com o tempo, tudo fica velho. Como tem quase 100 anos, tem que estar sempre mexendo", diz Paulo Sérgio Vallejo, gerente da Monte Serrat Casino e Elevador, operadora dos bondes funiculares que levam ao topo do Monte Serrat.

O sistema começou a funcionar em 1927 e continua o mesmo – exceto pelos cabos, trocados a cada dez anos. "Tenho que apresentar um laudo à Prefeitura a cada três meses", explica Vallejo, que também é engenheiro. Por isso, é autorizado pelo Crea a ser o responsável pela vistoria.

Ele explica que o sistema é como o de uma cortina com duas cordinhas: uma não funciona independentemente da outra, mas, em sincronia. Assim, se o bonde que está lá em cima se move um metro para baixo, o de baixo tem o mesmo movimento para cima. Por causa desse modo operacional, a fadiga no cabo de aço é menor.

"A maior preocupação é com a pessoa que maneja o sistema. Se ela desmaia, por exemplo, o bonde pode passar do fim de curso". Isso, porém, não significa desastre à vista: o sistema, segundo Vallejo, desliga automaticamente caso o bonde ultrapasse o final do trajeto.

Há 12 pessoas envolvidas na manutenção dos bondes e em todo o complexo do Monte Serrat. Em preparação às festividades da padroeira, os bondes funiculares já receberam uma demão de tinta. Atualmente, uma viagem nos bondes custa R$ 19,00.


Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria