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ROTA DE OURO E PRATA
Navios: o Regina D'Italia

1907-1928

Os primeiros navios do Lloyd Sabaudo foram os transatlânticos de passageiros Re D'Italia, Regina D'Italia e Principe di Piemonte, navios cujos nomes eram bem indicativos do sangue azul do Lloyd Sabaudo. Essas três unidades haviam sido construídas na Inglaterra para o tráfego de passageiros entre a Itália e o continente norte-americano. Para o tráfego destinado à rota sul-americana do Atlântico foram ordenadas outras duas unidades, Tomaso di Savoia e Principe di Udine.

A viagem inaugural de um navio do Lloyd Sabaudo, na linha sul-americana, aconteceu no outono de 1907, por intermédio do Regina D'Italia. O navio gêmeo Re D'Italia havia realizado em abril de 1907 a viagem inaugural da empresa, ligando Gênova a Nova Iorque.

O Re D'Italia, o Regina D'Italia e o Principe di Piemonte foram três unidades gêmeas, projetadas para a ligação entre a Itália e os Estados Unidos e para o transporte quase que exclusivamente de emigrantes.

Eram navios de tonelagem modesta, todos os três construídos pelo estaleiro James Laing & Company, da cidade e porto inglês de Sunderland. Possuíam duas classes: a primeira que podia acomodar somente 63 passageiros, alojados em 21 cabinas de dois a quatro lugares e situada no centro do navio, e a terceira, que permitia o transporte de no máximo 1.900 emigrantes.

Estes eram colocados em grandes espaços, tipo dormitório, onde, entre beliches, duplos ou triplos, se acomodavam até 30 pessoas em cada dormitório! Estes espaços eram situados nos conveses inferiores, seja à proa, no centro ou na popa do navio, e, para os padrões da época, possuíam comodidades que eram perfeitamente aceitáveis e honestas, em relação ao preço da passagem.

Os passageiros da primeira classe não dispunham de nenhum grande luxo e os espaços eram restritos: um salão de refeição com 72 lugares, uma pequena sala de estar e um pequeno salão de fumantes.

Estas três unidades eram vapores movidos por uma máquina de expansão tríplice, com potência de cerca de 6.000 CV, e possuíam dois mastros e duas chaminés.


O Regina D'Italia fazia parte de um trio de vapores do Lloyd Sabaudo 
construídos para o transporte de emigrantes
Foto: reprodução, publicada com a matéria

Ato constitutivo - A bordo do Re D'Italia - e com a presença do filho do rei, Sua Alteza Real, o Duca de Gênova - foram assinados os atos de constituição oficial do Lloyd Sabaudo, em 4 de abril de 1907. Horas depois, o transatlântico, sob o comando do capitão Tiscornia, zarpou para Nova Iorque, via Nápoles, Palermo, Gibraltar, Faial (Madeira) e Boston, inaugurando a linha do Atlântico Norte.

O Regina D'Italia saiu de Sunderland no dia 30 daquele mesmo mês, com destino a Gênova, de onde partiu novamente em 15 de maio, sob o comando do capitão Amedeo Pinceti, para sua viagem inaugural, entre aquele porto e Nova Iorque. Nessa rota permaneceu por quatro meses. Já o capitão Domeniconi realizaria a viagem inaugural do Principe di Piemonte, em junho do mesmo ano.

Contemporaneamente a este trio de navios, o Lloyd Sabaudo havia ordenado a construção de outros dois com tonelagem um pouco superior, porém semelhantes em desenho, e que deveriam ser usados na linha do Atlântico Sul. Estes navios receberam os nomes de Tomaso di Savoia e Principe di Udine.

Enquanto aguardava a entrega desses dois transatlânticos, o Lloyd Sabaudo desviou o Regina D'Italia para a Rota de Ouro e Prata em outubro de 1907 e, assim, no dia 7 daquele mês, ele zarpou com destino a Buenos Aires, via portos brasileiros. Nesta rota, realizou duas viagens redondas antes de ser colocado novamente na linha do Atlântico Norte, pois no entretempo o Tomaso di Savoia havia entrado em serviço.


Porto italiano de Messina, em cartão postal pouco antes do terremoto de 1908

Terremoto - No ano seguinte, 1908, no mês de dezembro, aconteceu o terremoto que destruiu a cidade de Messina. Para socorrer os desabrigados e feridos, o governo italiano enviou uma série de navios para aquele porto e o novíssimo Regina D'Italia foi um deles, permanecendo ao largo durante três meses antes de voltar ao serviço do Atlântico Norte.

Junto com o Re D'Italia, o Regina D'Italia foi requisitado outra vez pelo governo italiano em setembro de 1911, e nesta oportunidade foi ordenada sua transformação em navio-hospital, a serviço da Marinha Real na campanha do conflito ítalo-turco. Nesta condição, o par Re D'Italia e Regina D'Italia foi utilizado durante 14 meses, a maior parte desse tempo viajando entre portos da península e o porto de Trípoli, transportando milhares de feridos ou doentes.

Enquanto, no começo de 1913, o Re D'Italia era entregue em retorno ao seu proprietário, o Regina D'Italia permaneceu como navio-hospital, sempre no serviço entre a Líbia e a Itália, até junho daquele ano. Ao voltar ao uso civil, o Regina D'Italia foi afretado a uma outra empresa do país, a Marititima Italiana, realizando uma série de viagens por conta desta, entre Gênova e Bombaim (Índia).

O início da Primeira Guerra Mundial mudou novamente o destino dos dois transatlânticos. O Re D'Italia e o Regina D'Italia foram novamente requisitados e outra vez adaptados como navios-hospital.

O primeiro iniciou serviço em 28 de abril de 1915 e esteve nessa condição até 1916, quando foi repassado ao uso civil. O segundo serviu também nessa função, de agosto de 1915 até janeiro de 1916, sendo em seguida empregado como navio-transporte de tropas, em agosto daquele ano, realizando duas viagens entre Taranto e Salônica (Grécia) e outras viagens menores ao largo da costa italiana.

Em 1918, nos meses de agosto e setembro, o Regina D'Italia realizou outras quatro viagens, levando de volta ao solo americano mais de 3 mil soldados dos Estados Unidos, que haviam combatido na Europa.

Finalmente, e para encerrar essa fase de sua carreira, o Regina D'Italia transportou, entre novembro desse mesmo ano e março de 1919, cerca de 14 mil militares italianos que retornavam à pátria e que eram embarcados em portos diversos, como Rodes, Salônica, Bengazi, Trípoli, Constantinopla e Constanza.

Anos finais - Após tantas peripécias de guerra, o Regina D'Italia voltou ao seu uso original: transportar passageiros civis entre a Itália e os Estados Unidos, e vice-versa. Ficou na linha norte-americana até março de 1922, quando foi transferido para a Rota de Ouro e Prata, onde havia realizado duas viagens no longínquo ano de 1907.

O Regina D'Italia foi comandado, na época, por dois capitães, cujos nomes se tornaram famosos nos anais da Marinha Mercante Italiana: Nicora e Olivari. Em 1925, sob o comando de Olivari, o transatlântico foi transferido para a rota Itália-Austrália, outro país que demandava um grande número de emigrantes peninsulares. Nessa linha, o Regina D'Italia permaneceu até 1928, ano em que começou a ser demolido no porto de Gênova.

Regina D'Italia:

Outros nomes: nenhum
Bandeira: italiana
Armador: Lloyd Sabaudo Società Anonima di Navigazione
País construtor: Grã-Bretanha
Estaleiro construtor: James Laing & Co. (porto: Sunderland)
Ano da viagem inaugural: 1907
Tonelagem de arqueação (t.a.b.): 6.560
Comprimento: 131 m
Boca (largura): 16 m
Velocidade média: 14 nós
Passageiros: 1.320 ou 1.963 (conforme modificações internas)
Classes: 1ª -    120 ou       63
                2ª - 1.200 ou 1.900

Artigo publicado no jornal A Tribuna de Santos em 15/10/1992