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ROTA DE OURO E PRATA
Navios: o Prinz Adalbert

1903-1917 - ex-Princeton, ex-Alesia

O primeiro navio da Hapag a ser utilizado na rota da Alemanha para a costa Leste da América do Sul foi o vapor Canadia, construído em 1889 com o nome de Steinhoft e adquirido pela empresa em 1892. Rebatizado como Canadia em 1894, realizou sua primeira viagem entre Hamburgo (Alemanha) e portos brasileiros em julho de 1900, transportando poucas dezenas de emigrantes.

Foi necessário aguardar o lançamento do Prinz Eitel Friedrich em 1902, o primeiro da série Prinzen, para se ver um substituto ao antigo Canadia. Este novo vapor era o primeiro de cinco que seriam colocados pela Hapag na Rota de Ouro e Prata (Brasil, Uruguai e Argentina).

Os outros quatro levariam também nomes dos príncipes da família imperial alemã e seriam, na ordem de entrada em serviço, o Prinz Waldemar, o Prinz Adalbert, o Prinz Oskar e o Prinz Sigismund.

A série Prinzen contou ao todo com sete vapores, e os outros dois ainda não mencionados foram o Prinz August Wilhelm e o Prinz Joachim - estes nunca foram utilizados na linha sul-americana do Atlântico, servindo quase que exclusivamente a linha Europa-Estados Unidos (costa Leste) e México-Caribe.

1903 - O Prinz Adalbert e o Prinz Sigismund, navios de construção semelhante, realizaram suas viagens inaugurais para o Brasil e o Prata no mesmo ano de 1903. O primeiro zarpou de Hamburgo em 20 de janeiro e o segundo, em 6 de julho.

Nesta sua viagem inaugural, o Prinz Adalbert aportou no Rio de Janeiro em 15 de fevereiro, zarpando dois dias depois para o Sul e levando a bordo S.E.O. barão von Treeutler, que, na época, era embaixador da Alemanha junto ao governo brasileiro e realizava curta viagem, tendo desembarcado em Santos no dia seguinte a seu embarque na Capital Federal (então o Rio de Janeiro).

Durante sua primeira permanência no porto de Santos, o Prinz Adalbert, por solicitação do comandante W. Witt e ordens do agente, só foi visitado por um número restrito de pessoas, mas em seu retorno de Buenos Aires, Argentina, o navio foi objeto de muitas atenções.

O sr. Ernesto Bormann, diretor da Theodor Wille & Co. (que representava, como agente, a Hapag em Santos) estendeu um convite à Imprensa de Santos e de São Paulo para uma visita e um coquetel, que se realizariam a bordo do Prinz Adalbert.

O vapor entrou no porto santista procedente do Sul no dia 3 de março, iniciando-se o embarque de uma partida de café. No dia seguinte, entre 19 e 22 horas, o Prinz Adalbert, então atracado face ao Armazém 2, esteve aberto para visitas de autoridades e da Imprensa.

Compareceram representantes do Commercio de São Paulo, da Vanguarda Portuguesa, do Santos Illustrado, do Diário de Santos, do Cidade de Santos e de A Tribuna, este último representado na pessoa de Alberto Veiga, que elogiava o navio como sendo "...um dos melhores vapores mistos até agora vistos no porto".

O Prinz Adalbert zarpou de Santos na tarde do dia 5, com destino ao Rio e subseqüentemente Hamburgo, via escalas em Salvador (Bahia), Madeira, Lisboa (Portugal) e Boulogne.

A carreira do Prinz Adalbert foi bastante segmentada, já que, logo após sua viagem inaugural, a Hapag o destacou, em abril, para a recém-aberta linha que ligava a Alemanha ao México para formar par com o Prinz August Wilhelm.

Retorno - Em janeiro do ano seguinte, novo tráfego foi-lhe dado, passando a fazer a ligação Gênova-Nova Iorque (Itália-Estados Unidos), linha onde permaneceu até meados de 1906, quando novamente voltou à Rota de Ouro e Prata, servindo os tradicionais portos de escala intermediários entre Hamburgo e Buenos Aires.

Nesta linha sul-americana, em 1906, navegavam por conta da Hapag cinco novos vapores, todos eles construídos entre 1905 e 1906 e de bem maior tonelagem que o Prinz Adalbert e o Prinz Sigismund.

Este último foi transferido, em janeiro de 1907, para a linha Hamburgo-Nova Iorque-América Central, ficando o Prinz Adalbert em companhia do Navarra, do Rugia, do Borussia, do Salamanca e do König Friedrich August, que era um imponente navio de quase 10 mil toneladas de arqueação.

Importância - A entrada em serviço desses cinco novos vapores bem demonstra a importância que havia assumido a linha da costa Leste da América do Sul para a Hapag e outras armadoras.

Não faltavam, de um lado, o lucrativo tráfego de emigrantes que, naqueles anos do começo do século, procuravam em grande número se estabelecer em terras brasileiras ou platinas, e de outro lado também não faltava o frete que permitia encher os porões de carga.

Na viagem Norte-Sul, estes vinham abarrotados de bens de consumo, de manufaturados e de produtos alimentícios que faziam parte dos hábitos europeus e que não se encontravam nos países sul-americanos naqueles idos.

Alguns exemplos de produtos de mesa importados e descarregados em Santos em grandes quantidades: queijo, chá, bacalhau, manteiga, cereais, condimentos, vinhos...

Na viagem sentido Sul-Norte, os vapores levavam, além do tradicional café, produtos agrícolas argentinos e uruguaios, dentre os quais tinham preponderância a carne dos pampas e o algodão andino.

Para se ter uma idéia do que representava o porto de Santos na época do serviço do Prinz Adalbert, alguns dados estatísticos: a média de navios entrados em 1906 era de cerca de 90 embarcações mensais, ou seja, três por dia, das quais um terço era de bandeira nacional, um terço de navios ingleses ou alemães e um terço de outras nacionalidades. Estes números foram ascendentes até o eclodir da Primeira Guerra Mundial, em 1914.

Em 1910, o Prinz Adalbert foi novamente transferido de linha, passando a ligar Hamburgo a Filadélfia (Estados Unidos), via portos ingleses.


O navio foi construído na Alemanha e fez a viagem inaugural em 1903.
Ele tinha capacidade para 1.157 passageiros
Foto: reprodução, publicada com a matéria

Guerra - No dia 3 de agosto de 1914, dois navios da Hapag encontravam-se navegando nas proximidades da entrada Oeste do Canal da Mancha quando, pelo telégrafo sem fio, chegou a informação de que havia sido declarado o início de hostilidades entre a Alemanha e a França. Em vista das circunstâncias, os dois comandantes decidiram levar seus navios até o porto inglês mais próximo, que era Falmouth, coisa que foi feita.

Assim, estes dois vapores, que eram o Kronprinzessin Cecilie e o Prinz Adalbert, fundeavam ao largo do porto, aguardando os acontecimentos. Estes não tardaram a vir, pois algumas horas depois a Grã-Bretanha declarava guerra à Alemanha. Tal fato tirava a condição de porto neutro a Falmouth e os dois transatlânticos da Hapag ganhavam a incômoda posição de navios inimigos.

Um cruzador de Sua Majestade Britânica apareceu regularmente para notificar aos estarrecidos oficiais alemães que seus respectivos vapores eram, a partir de então, presas de guerra e eles mesmos, prisioneiros.

Foi assim que o Prinz Adalbert caiu em poder dos britânicos e, mais tarde, em 1916, transformado em navio auxiliar da Royal Navy (Marinha Real Britânica), com o nome de Princeton, serviu como navio-apoio da Armada. Em fevereiro de 1917, o ex-Prinz Adalbert foi vendido à armadora francesa Cie. de Navigation Sud Atlantique, que o rebatizou Alesia.

Com este nome e com o pavilhão francês, o transatlântico só navegaria por seis meses, pois em 6 de setembro do mesmo ano, quando se encontrava ao largo da ponta de Ushant, em viagem de Cardiff (Grã-Bretanha) a Bordeaux (França), foi torpedeado pelo submarino alemão UC-50, indo a pique horas mais tarde, com um segundo torpedo, disparado desta vez pelo UC-69.

Prinz Adalbert:

Outros nomes: Princeton, Alesia
Bandeira: alemã
Armador: Hamburg-Amerikanische Packetfahrt Aktien Geselischaft (Hapag)
País construtor: Alemanha
Estaleiro construtor: Bremer Vulkan (porto: Vegesak)
Ano da viagem inaugural: 1903
Tonelagem de arqueação (t.a.b.): 6.030 t
Comprimento: 123 m
Boca (largura): 15 m
Velocidade média: 13 nós
Passageiros: 1.157
Classes: 1ª - 134
                3ª - 1.033

Artigo publicado no jornal A Tribuna de Santos em 5/5/1994