Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/rossini/greif.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/07/13 22:35:36
Clique na imagem para voltar à página inicial de 'Rota de Ouro e Prata'
ROTA DE OURO E PRATA
Histórias: a luta do Greif e do Alcantara

1916

Em 23 de janeiro de 1916, o cruzador auxiliar armado Greif foi comissionado pela Marinha de Guerra alemã. Ele havia sido construído em 1914 para a armadora teutônica D.A.D.G, sob o nome original de Guben. O navio, porém, nunca chegou a prestar serviço comercial, pois em 1915 foi requisitado e convertido em navio de guerra auxiliar, recebendo como armamento quatro canhões pesados 150 milímetros de tiro rápido, um de 105 milímetros e dois tubos lança-torpedos.

O Greif, navio de 4.992 toneladas de arqueação bruta (TAB) e 127 metros de comprimento, zarpou de Kiel em 27 de janeiro sob o comando do capitão-de-fragata Rudolf Tietze, com 306 homens a bordo, entre oficiais, marinheiros e tripulantes. A saída desse porto foi objeto de relatório a Londres por parte de um agente infiltrado, e esta informação resultaria em sua interceptação e perda subsequente na ação bélica a seguir descrita.

Alerta - Cruzadores auxiliares armados da Royal Navy, o Andes e o Alcantara (da frota da Royal Mail Steam Packet - RMSP) patrulhavam a área G do Mar do Norte, ao largo da costa norueguesa, no dia 29 de fevereiro de 1916, quando, às 7 horas, receberam informação telegráfica do Almirantado, pela qual eram alertados sobre a presença de um navio suspeito, navegando em direção Norte ao longo da costa da Noruega, e que se encontraria nas proximidades dos navios cruzadores auxiliares armados, ao largo da ponta de Stadlandet.

O Andes e o Alcantara mudaram de rumo e se dirigiram para a posição indicada, a Nordeste das Ilhas Shetlands (entre as Ilhas Faroes e a costa norueguesa). Duas horas após o recebimento do sinal de alerta, isto é, às 9h10, o Andes avistou o navio suspeito, todo pintado de preto, navegando rumo Norte a alta velocidade, tendo nos bordos do seu casco uma enorme bandeira da Noruega.

O Alcantara procedeu então à velocidade de 18 nós (33 quilômetros horários) para interceptá-lo, o que aconteceu ás 9h40. Seu comandante, o capitão Wardle, decidiu agir de acordo com os regulamentos da guerra naval: içou o sinal M-N, que no código internacional significa "Pare imediatamente" e disparou duas salvas de aviso na proa (frente) da outra embarcação.

Batalha - O navio suspeito parou e, por sinais de bandeira, informou que era o Rena, registrado em Tonsberg, viajando de Santos e Rio de Janeiro para Trondjhem (Noruega). Ao dele se aproximar o Alcantara, o suposto Rena (na verdade, o Greif) em dois minutos abateu as camuflagens de seus canhões, içou a bandeira de guerra germânica e iniciou o disparo de salvas em direção do cruzador inglês, que se encontrava então praticamente parado a não mais de 500 metros.

O Greif disparou com dois canhões, de 150 mm e de 105 mm; o Alcantara respondeu com seus canhões de seis polegadas, ao mesmo tempo em que aumentou a velocidade para se afastar do navio alemão. A troca de salvas tornou-se intensa de ambos os lados e os tiros acertaram os alvos. A ação durou cerca de meia hora, o Alcantara teve diversos incêndios a bordo, além de forte inclinação para bombordo e um sem-número de furos no casco.

O navio estava obviamente perdido e a tripulação só pensava em se salvar. O Alcantara gira sobre si próprio e afunda, com o casco virado para cima. O Greif também estava perdido, teve um incêndio a bordo e foi abandonado pelos seus homens. O corsário, ou o que restava dele, foi enviado para o fundo do mar após várias salvas disparadas do Andes e do contratorpedeiro Comus.

Vítimas - Balanço final de perda de vidas humanas: 60 do lado do Alcantara e 118 do lado do Greif. Além dessas vítimas, centenas de outros homens, de ambos os lados, encontravam-se feridos, todos sendo recolhidos a bordo do Andes e do Comus.

Entre as vítimas fatais do Greif, encontrava-se o comandante Tietze, ferido mortalmente pelo estilhaço de uma granada. A missão que lhe fora confiada era levar o Greif a furar o bloqueio naval britânico no Mar do Norte, penetrar no Oceano Atlântico e realizar um cruzeiro de corso em substituição ao Mowe que, no entretempo, estava retornando à Alemanha, após o término de seu segundo cruzeiro de guerra.


"Alcantara I - Este foi um dos maiores e modernos navios de uma das mais famosas frotas mercantes do mundo, a da inglesa Royal Mail Steam Packet Company. Era um dos oito navios da classe A, chamados assim por terem seus nomes iniciados por essa letra. Tinha quartos com camas individuais e ventiladores elétricos, um luxo para a época. Media 173 metros de comprimento e iniciou a linha entre Southampton e Buenos Aires no dia 19 de junho de 1914, a poucos dias do início da I Guerra Mundial. Escalou várias vezes no Porto de Santos, quase sempre trazendo imigrantes e profissionais ingleses que vieram implantar as estradas de ferro no Brasil. Em 1915, em plena guerra, foi transformado pela Marinha Inglesa em navio armado. No dia 29 de fevereiro de 1916 entrou em combate com o cruzador alemão Greif e afundou, não sem antes conseguir afundar também o navio inimigo".

Imagem: Acervo José Carlos Silvares/fotoblogue Navios do Silvares (acesso: 13/3/2006)

*