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ROTA DE OURO E PRATA
Navios: o Asturias de 1925

1925-1957

Em setembro de 1925, nas páginas do jornal A Tribuna de Santos/SP, surgiu um artigo não assinado, provavelmente inspirado em material de divulgação da própria armadora, que transcrevemos parcialmente para dar ao leitor o feeling da época.

O 'Asturias' em 1932, passando defronte ao Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro
O Asturias em 1932, passando defronte ao Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro

"A Mala Real Inglesa acaba de lançar ao mar, nos estaleiros da Harland & Wolff, de Belfast, mais um possante transatlântico destinado à linha da América do Sul. O novo navio, que recebeu o nome de Asturias, representa o esforço da grande empresa de navegação em dotar a carreira com os países sul-americanos das melhores unidades, atendendo o crescente e espantoso progresso que aqueles países estão alcançando.

O Asturias é, no gênero, a unidade mais eficiente que se conhece até hoje. A engenharia naval inglesa, incontestavelmente a mais apercebida e aparelhada no que concerne à sua especialidade, tem, na nova construção, um dos seus mais legítimos títulos de glória.

O Asturias é a prova mais eloquente. Lancemos um rápido olhar sobre os detalhes mais importantes desse novo transatlântico de 22 mil toneladas de registro bruto. É o maior e mais possante navio a motor do mundo, sendo acionado por seis motores de duplo efeito, de oito cilindros a quatro tempos, motores que são os maiores a diesel até hoje construídos para navios. Estes motores desenvolvem mais de 20 mil cavalos-vapor, transmitidos a dois eixos.

O Asturias, que está destinado à linha sul-americana, satisfaz todos os requisitos do Ministério do Comércio e da Legislação Naval da Espanha. As suas principais dimensões são: comprimento de 655 pés (200 metros), boca (largura) de 78 pés (24 metros), possuindo luxuosas instalações para 1.740 passageiros e tripulantes.

O navio tem proa direita e popa de cruzador e conta 11 anteparas estanques, que o dividem em 12 compartimentos. O casco duplo é contínuo de proa a popa, podendo ser lastreado com água doce ou salgada.

Com essa magnífica unidade, fica a Mala Real Inglesa enriquecida de mais um transatlântico, que a coloca perfeitamente em harmonia com o espantoso desenvolvimento que vão alcançando os países da América do Sul."

O transatlântico inglês 'Asturias' atracado em Santos, no cais do Armazém 16 (Bagagem) nos anos 20/30
O transatlântico inglês Asturias atracado em Santos,
no cais do Armazém 16 (Bagagem), nos anos 1920/30

7 de julho de 1925 - O Asturias é lançado ao mar, sendo madrinha do navio a duquesa de Abercorn, esposa do governador da Irlanda do Norte e diretor da armadora.

26 de fevereiro de 1926 - Capitaneado pelo comodoro E. W. E. Morrison, o transatlântico zarpa de Southampton com destino ao Brasil e ao Prata. Nesta viagem inaugural já se denotam dois grandes problemas que perseguiriam o Asturias até 1934: baixa velocidade e alta vibração da estrutura, fazendo sofrer os passageiros pela trepidação e pelo excessivo rumor.

Janeiro de 1927 - Primeira viagem entre Southampton e Nova Iorque, rota que serviria ocasionalmente.

Em 1934, a Royal Mail Lines decide trocar os motores, seja do Asturias, seja do seu quase gêmeo, o Alcantara, com a finalidade de lhes dar mais potência e velocidade. Foram necessários quatro meses de estaleiro para se proceder a mudança no Asturias, pois toda a casa de máquinas teve de ser remodelada para permitir a instalação dos novos motores, maiores em dimensão do que os originais.

Aproveitou-se para substituir os hélices originais a quatro pás por outros de três pás, a proa foi encompridada três metros e seu desenho ligeiramente modificado. Outra alteração importante consistiu em aumentar a altura das duas chaminés originais em cinco metros cada uma.

Em setembro de 1934, o Asturias ficou pronto, realizando novas provas de mar, quando alcançou velocidades superiores a 19 nós. Com as modificações internas efetuadas, a nova capacidade do transatlântico passou a ser de 330 passageiros em primeira classe, 220 em segunda e 768 em terceira.

Aprovada a reforma pelos engenheiros navais, o Asturias foi, em seguida, enviado para realizar um longo cruzeiro, de vários meses de duração, saindo de Southampton para o Mediterrâneo, Canal de Suez, Extremo Oriente, Pacífico Sul, Estreito de Magalhães e retorno à Inglaterra via Atlântico Sul.

O período entre 1935 e 1939 constituiu o ápice da qualidade de serviço dos dois grandes transatlânticos na Rota de Ouro e Prata. A cada uma de suas viagens, seja no sentido Norte ou no sentido Sul, os lugares a bordo eram reservados com, ao menos, dois meses de antecedência.

O 'Asturias' navegando na costa brasileira, em cartão postal da época, vendo-se as duas chaminés
O Asturias navegando na costa brasileira, em cartão postal da época, vendo-se as duas chaminés

Segunda Guerra - Com a eclosão do conflito e tal como seu irmão-gêmeo, o Asturias foi rapidamente  convertido em cruzador auxiliar armado, sendo dotado de oito canhões de seis polegadas. Sua segunda chaminé, que só possuía funções estéticas, foi retirada, assim como todos os móveis e as instalações para passageiros.

O Astúrias prestou, inicialmente, serviço em patrulhas no Atlântico Norte nas águas próximas à costa ocidental da Grã-Bretanha, sendo deslocado para o Atlântico Sul, após o encontro naval entre o corsário alemão Thor e o Alcantara, acontecido em julho de 1940.

Após permanecer oito meses nesse teatro de guerra, o Asturias foi recolhido ao estaleiro da US Navy (Marinha dos Estados Unidos) em Newport News (EUA), para ser submetido a mais uma reforma. Novos canhões foram instalados no lugar dos antigos e o navio recebeu uma catapulta e um avião de reconhecimento.

O 'Asturias' no cais do armazém 16 do porto de Santos, em foto de J.C. Rossini
O Asturias no cais do armazém 16 do porto de Santos
Foto: J.C. Rossini

25 de julho de 1943 - Quando se encontrava em navegação de escolta, 400 milhas (740 quilômetros) ao largo de Freetown, o Asturias foi torpedeado pelo submarino italiano Cagni. Apesar de ter tido a casa de máquinas inundada, o Asturias não afundou, graças às portas estanques, possibilitando, assim, seu reboque ao porto mencionado, no qual o navio permaneceu até 1945, sem maiores reparos.

Terminado o conflito, o Asturias foi rebocado, inicialmente até Gibraltar, onde pôde ser feito trabalho provisório de consertos de maior urgência. Em seguida, levado para a Inglaterra, foi reformado inteiramente e reconvertido em navio de passageiros para o transporte de emigrantes.

Nessa função, realizou viagens entre a Grã-Bretanha e a Austrália até 1953, ano em que foi novamente transformado em navio-transporte de tropas, repatriando soldados que haviam participado da Guerra da Coréia.

Sua longa carreira de 32 anos chegou ao fim em setembro de 1957, quando foi demolido no Porto de Faslane (Inglaterra).

O 'Asturias' no Estuário de Santos, em pintura do inglês Kenneth Denton Shoesmith (1890-1939)
O Asturias no Estuário de Santos, em pintura do inglês Kenneth Denton Shoesmith (1890-1939


"Asturias - Este cartão-postal mostra o navio inglês Asturias, em frente à costa do Rio de Janeiro. O cartão é um original da Royal Mail Steam Packet Company, editado com base em pintura do artista Bernard R. Lachevre e publicado pelos editores Raphael Tuck & Sons. O navio, de 22.071 toneladas e 192,16 metros de comprimento, transportava 408 passageiros em primeira classe, 200 em segunda e 674 em terceira (imigrantes). Fazia a linha entre Southampton e Buenos Aires desde fevereiro de 1926. Foi lançado ao mar, em 7 de julho de 1925, nos estaleiros de Harland & Wolff, de Belfast, Irlanda. Foi o segundo navio da armadora em esse nome; o primeiro era de 1908. Este era gêmeo do Alcantara II. No início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, serviu como navio de transporte de tropas inglesas. Em julho de 1943 foi torpedeado pelo submarino italiano Gagni, na costa da África do Sul. Ficou abandonado por algum tempo e em 1947 voltou a ser navio de transporte de tropas, até que em 1949 passou a conduzir imigrantes para a Austrália. Foi demolido em 1957".

Imagem: Acervo José Carlos Silvares/fotoblogue Navios do Silvares (acesso: 13/3/2006)

Asturias:

Outros nomes: nenhum
Bandeira: britânica
Armador: Royal Mail Steampship Lines
País construtor: Inglaterra
Estaleiro construtor: Harland & Wolff (porto: Belfast)
Ano da viagem inaugural: 1925
Tonelagem de registro bruto: 22.000
Comprimento: 200 m
Boca (largura): 24 m
Chaminés:2
Mastros: 2
Passageiros: 1740

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