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Edição 113 - OUT/2002 

Reciclagem do lixo urbano
(Reprodução do site http://www.recycle.hpg.ig.com.br/index.html)
 

RESUMO
INTRODUÇÃO
1 - OBJETIVO
2 - CONCEITOS
2.1 - O que é lixo
2.2 - O que é sucata
2.3 - O que é reciclagem
2.4 - O que é coleta seletiva
2.5 - O que é compostagem
3 - HISTÓRIA
4 - PERIGOS
5 - ESTATÍSTICAS
6 - CLASSIFICAÇÃO
6.1 - Domiciliar
6.2 - Comercial
6.3 - Público
6.4 - Serviços de saúde e hospitalar
6.5 - Lixo municipal
6.6 - Industrial
6.7 - Agrícola
6.8 - Entulho
6.9 - Responsabilidades
7 - MATERIAIS RECICLÁVEIS
7.1 - Papel de escritório
7.2 - Latas de alumínio
7.3 - Vidro
7.4 - Plástico filme
7.5 - Pneus
7.6 - PET (polietileno tereftalato)
7.7 - Latas de aço
7.8 - Plástico rígido
7.9 - Papel ondulado
7.10 - Embalagens cartonadas - longa vida
8 - TRATAMENTO
9 - CURIOSIDADES
CONCLUSÃO: A fórmula dos RE's

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Nota: Resumo publicado no Suplemento nº 01/99, de Outubro/99, da Revista Integração - Ensino, Pesquisa e Extensão, do Centro de Pesquisas da Universidade São Judas Tadeu, São Paulo. Este trabalho foi apresentado na Sessão de Tema Livre do V Simpósio Multidisciplinar da Universidade São Judas Tadeu "A Legislação da Educação Superior: Ensino Pesquisa Extensão", realizado entre 4 e 8 de Outubro de 1999.

RESUMO - A degradação do meio ambiente tem sido alvo da preocupação de órgãos e instituições, sejam eles governamentais ou não, bem como das comunidades, seus representantes e das pessoas em geral. Tal preocupação recai, fatalmente, sobre a geração do lixo e o impacto que este processo causa ao meio ambiente, alterando a qualidade de vida no planeta, principalmente no perímetro urbano.

Métodos de redução da geração de lixo são praticados como um meio de se implantar alternativas adequadas para a solução do problema, dentre os quais destaca-se a reciclagem do lixo.

Visando conhecer um pouco este mecanismo, foi desenvolvida esta pesquisa, cuja proposta é abordar os conceitos básicos que constituem o processo da reciclagem e do reuso de materiais. Esta abordagem compreende, sucintamente, os materiais que podem ser reciclados (retornados ao processo produtivo), os perigos decorrentes do não tratamento do lixo e os tipos de tratamento que podem ser dispensados aos resíduos sólidos destinados ao descarte.

O objetivo principal da pesquisa é informar a todos da importância da reciclagem e, sobretudo, sugerir maneiras simples e práticas de reduzir a produção individual do lixo, para que se possa contribuir para minimizar este grave problema.

O levantamento de dados deste trabalho deu-se através dos meios tradicionais e virtuais de informação e pretende ser tão somente uma introdução ao tema, qual semente em solo fértil, a semear uma nova consciência ecológica, para o futuro do planeta.

INTRODUÇÃO - O impacto causado no meio ambiente pela produção desenfreada de lixo tem levado governo e sociedade a promover estudos e buscar alternativas para minimizar a degradação da natureza e aumentar o bem estar da sociedade como um todo. 

Reduzir o desperdício é uma das formas de se contribuir para a preservação do meio ambiente, conservando as reservas naturais, sua flora e fauna. A palavra de ordem é reciclar. Reciclar para reduzir o impacto ambiental e aumentar a qualidade de vida no planeta, no presente e, principalmente, no futuro.

1 - OBJETIVO - O objetivo do desenvolvimento deste tema é informar e conscientizar as pessoas da importância da reciclagem de materiais e da forma como se pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida ao difundir-se este conceito.

2 - CONCEITOS

2.1 - O que é lixo - São os restos das atividades humanas consideradas inúteis. Apresentam-se sob os estados sólido, semi-sólido e líquido.

2.2 - O que é sucata - É todo resíduo sólido que a indústria reaproveitará em forma de reciclagem.

2.3 - O que é reciclagem - É o processo de retornar a sucata em matéria prima e produto final por meio da industrialização.

2.4 - O que é coleta seletiva - É um serviço, especializado em coletar o material devidamente separado pela fonte geradora. Este sistema facilita a reciclagem porque o material permanece limpo e com maior potencial de reaproveitamento.

2.5 - O que é compostagem - É o processo pelo qual determinados tipos de materiais podem ser decompostos e misturados para transformarem-se em adubo.

3 - HISTÓRIA - O lixo é gerado há muito tempo, em grande quantidade e sempre. A reutilização e reciclagem são práticas bastante antigas. "Sucateiros" da antigüidade recolhiam espadas nos campos de batalha para fazer novas armas. As cidades não possuíam serviços públicos de coleta de lixo. Em São Paulo, foi só em 1869 que a Câmara Municipal resolveu contratar em carroceiro para recolher o lixo das casas. Isto se deveu ao fato de que a não coleta do lixo nos domicílios provocavam a transmissão de doenças. Nas últimas décadas, a geração de lixo vem assumindo proporções que tornam este assunto uma das principais preocupações dos prefeitos.

4 - PERIGOS - Do ponto de vista sanitário, o lixo é o grande responsável pela transmissão de doenças: a febre tifóide, salmoneloses e disenterias que são transmitidas pela mosca; a malária, febre amarela, transmitidos pelo mosquito; cólera, giardiase pela barata; o tifo-murino, leptospirose, diarréias, transmitidas pelos roedores. Por esta razão o lixo deve ser bem acondicionado e receber tratamento adequado. Ficando exposto, os vetores nele se proliferam, espalhando os riscos de contaminação.

5 - ESTATÍSTICAS - O Brasil produz 241.614 toneladas de lixo por dia. 76% são depositados a céu aberto em lixões, 13% são depositados em aterros controlados, 10% são depositados em aterros sanitários, 0,9% são compostados em usinas e 0,1% são incinerados. Composição média do lixo domiciliar no Brasil: 65% matéria orgânica, 25% papel, 4% metal, 3% vidro e 3% plástico. 53% deste total é de restos de comida desperdiçada. Estima-se que o Brasil perca por ano R$ 4,6 bilhões (cálculo de 1996) no mínimo, ao não reaproveitar o lixo que produz. 40% dos municípios não recebem nenhum serviço de coleta de lixo. 40 mil toneladas de lixo ficam sem coleta diariamente. A coleta seletiva é praticada em pouco mais de 80 municípios brasileiros, basicamente nas regiões Sul e Sudeste do país. Enquanto a população mundial cresceu 18% entre 1970 e 1990, a produção de lixo aumentou 25%. Cada pessoa produz em média de 800 gramas a 1kg de lixo por dia, ou de 4 a 6 litros. Isto significa que em São Paulo são gerados aproximadamente 15.000 toneladas de lixo por dia ou 75.000.000 de litros por dia. Isto equivale a 3.750 caminhões baú por dia.
 

Quantidades em mil/t
LATINHAS VIDRO PAPEL PLÁSTICO LATAS/AÇO
PRODUÇÃO 66 800 5798 5798 2250
RECICLAGEM 46 280 1840 270 108
ÍNDICE RECICLAGEM 70% 35,09% 31,7% 12% 18%
Figura 1: Dinheiro Jogado Fora
(em R$ milhões/t)
LATINHAS VIDRO PAPEL PLÁSTICO LATAS/AÇO
ENERGIA ELÉTRICA 12.1 12.0 504.1 380.2 90.2
MATÉRIA PRIMA 1.2 50.6 729.5 2593.8 60.0
ÁGUA N/D N/D 472.0 N/D 8.1
CONTROLE AMBIENTAL N/D N/D N/D N/D 3.69
CUSTOS INCORRIDOS (3.7) (10.9) (178.2) (71.3) (8.9)
TOTAL 9.5 51.7 1527.4 2902.7 153.2
TOTAL GERAL 4,644.5
Figura 2: Economia perdida no país pela não reciclagem do lixo

6 - CLASSIFICAÇÃO - Por sua origem, o lixo pode ser classificado em: domiciliar, comercial, de varrição e feiras livres, serviços de saúde e hospitalares, portos e aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários, industriais, agrícolas e entulhos.

6.1 - Domiciliar - Aquele originado da vida diária das residências, constituído por restos de alimentos (tais como, cascas de frutas, verduras etc.), produtos deteriorados, jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de outros itens. Contém, ainda, alguns resíduos que podem ser tóxicos.

6.2 - Comercial - Aquele originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como, supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes etc. O lixo destes estabelecimentos e serviços tem um forte componente de papel, plásticos, embalagens diversas e resíduos de asseio dos funcionários, tais como, papéis toalha, papel higiênico etc.

6.3 - Público - São aqueles originados dos serviços: de limpeza pública urbana, incluindo todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, de galerias, de córregos e de terrenos, restos de podas de árvores etc.; de limpeza de áreas de feiras livres, constituídos por restos vegetais diversos, embalagens etc...

6.4 - Serviços de saúde e hospitalares - Constituem os resíduos sépticos, ou seja, que contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos. São produzidos em serviços de saúde, tais como: hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias, postos de saúde etc.. São agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões, órgãos e tecidos removidos, meios de culturas e animais usados em testes, sangue coagulado, luvas descartáveis, remédios com prazos de validade vencidos, instrumentos de resina sintética, filmes fotográficos de raios X etc.. Resíduos assépticos destes locais, constituídos por papéis, restos da preparação de alimentos, resíduos de limpezas gerais (pós, cinzas etc.), e outros materiais que não entram em contato direto com pacientes ou com os resíduos sépticos anteriormente descritos, são considerados como domiciliares.

6.5 - Lixo municipal - Portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários constituem os resíduos sépticos, aqueles que contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos, trazidos aos portos, terminais rodoviários e aeroportos. Basicamente, originam-se de material de higiene, asseio pessoal e restos de alimentação que podem veicular doenças provenientes de outras cidades, estados e países. Também neste caso, os resíduos assépticos destes locais são considerados como domiciliares.

6.6 - Industrial - Aquele originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais como, metalúrgica, química, petroquímica, papeleira, alimentícia, etc.. O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas etc. Nesta categoria, inclui-se a grande maioria do lixo considerado tóxico.

6.7 - Agrícola - Resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária, como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita etc. Em várias regiões do mundo, estes resíduos já constituem uma preocupação crescente, destacando-se as enormes quantidades de esterco animal geradas nas fazendas de pecuária intensiva. Também as embalagens de agroquímicos diversos, em geral altamente tóxicos, têm sido alvo de legislação específica, definindo os cuidados na sua destinação final e, por vezes, co-responsabilizando a própria indústria fabricante destes produtos.

6.8 - Entulho - Resíduos da construção civil: demolições e restos de obras, solos de escavações etc. O entulho é geralmente um material inerte, passível de reaproveitamento.

6.9 - Responsabilidades - De quem é a responsabilidade pelo gerenciamento de cada tipo de lixo?
 
TIPO DE LIXO RESPONSÁVEL
Domiciliar Prefeitura
Comercial (*) Prefeitura
Público Prefeitura
Serviços de saúde Gerador (hospitais...)
Industrial Gerador (indústrias...)
Portos, aeroportos e terminais Gerador (portos...)
Agrícola
Gerador (agricultor)
Entulho Gerador
Figura 3: Responsabilidades pelo gerenciamento do lixo
(*) a prefeitura é co-responsável por pequenas quantidades, geralmente menos que 50 kg, e de acordo com a legislação municipal específica

7 - MATERIAIS RECICLÁVEIS

7.1 - Papel de escritório

Conhecendo o material - Papel de escritório é o nome genérico dado a uma variedade de produtos usados em escritórios, incluindo papéis de carta, blocos de anotações, copiadoras, impressoras, revistas e folhetos. A qualidade é medida pelas características de suas fibras. Papéis de carta e copiadora são normalmente brancos, mas podem ter várias cores. A maioria dos papéis de escritório é fabricada a partir de processos químicos que tratam a polpa da celulose, retirada de árvores. Entretanto, papel jornal é feito com menos celulose e mais fibras de madeira, obtidas na primeira etapa da fabricação do papel, e por isso são de menor qualidade. No Brasil o consumo de papelão gira em torno de 4,6 milhões de toneladas por ano.

Quanto é reciclado - 37% do papel e papelão que circularam no País em 1994 retornou a produção através da reciclagem, totalizando 1,7 milhão de toneladas. Para este cálculo, considerou-se a produção total somada à importação subtraindo o volume exportado. No entanto 75% do total de papéis circulantes no mercado são recicláveis. A maior parte do papel destinado à reciclagem, cerca de 86%, é gerado por atividades comerciais e industriais. No Brasil, existem 22 categorias de aparas - o nome genérico dado a resíduos de papel, industrial ou doméstico - classificados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e pela Associação Nacional dos Fabricantes de Papel e Celulose. As aparas mais nobres são as "brancas de primeira", que não têm impressão ou qualquer tipo de revestimento. Em 1994, foram recicladas cerca de 52 mil toneladas deste tipo de papel. Quanto à apara mista, que é formada pela mistura de vários tipos de papéis, a indústria brasileira reciclou 103 mil toneladas em 1994. Nos Estados Unidos, o índice de reciclagem de papel de escritório é de 37%. Preço médio do papel branco em São Paulo = R$ 0,10 por quilo.

Papéis não recicláveis: etiquetas adesivas, papel carbono, fita crepe, papéis sanitários, papéis metalizados, papéis parafinados, papéis sujos, guardanapos, tocos de cigarro, fotografias.

7.2 - Latas de alumínio

Conhecendo o material - A lata de alumínio é usada basicamente como embalagem de bebidas. Cada brasileiro consome em média 25 latinhas por ano, volume bem inferior ao norte-americano que é de 375. Além de reduzir o lixo que vai para os aterros, a reciclagem desse material proporciona significativo ganho energético. Para reciclar uma tonelada de latas gasta-se 5% da energia necessária para produzir a mesma quantidade de alumínio pelo processo primário. Isto significa que cada latinha reciclada equivale ao consumo de um aparelho de TV durante 3 horas. A reciclagem evita a extração da bauxita, o mineral beneficiado para a fabricação da alumina, que é transformada em liga de alumínio. Cada tonelada do metal exige cinco de minério.

Quanto é reciclado - 61% da produção nacional de latas é reciclada. Em 1996, o índice foi de 61%. Os números brasileiros superam países industrializados como Japão (57%), Inglaterra (23%), Alemanha (22%) e Itália (22%). Os EUA recuperam 63%, o que equivale a 62 bilhões de latas por ano. Preço médio das latinhas de alumínio em São Paulo = R$ 0,65 por quilo, o que equivale a 64 latinhas.

7.3 - Vidro

Conhecendo o material - As embalagens de vidro são usadas para bebidas, produtos comestíveis, medicamentos, perfumes cosméticos e outros artigos. Garrafas, potes e frascos superam a metade da produção de vidro no Brasil. Usando em suas formulação areia, calcário, barrilha e feldspato, o vidro é durável, inerte e tem alta taxa de aproveitamento nas residências. A metade dos recipientes de vidro fabricados no País é retornável. Além disso, o material é de fácil reciclagem: pode voltar à produção de novas embalagens substituindo o produto virgem sem perda da qualidade. A inclusão de caco de vidro no processo normal de produção reduz o gasto com energia. Para cada 10% de caco de vidro na mistura economiza-se 2,5% da energia para fusão nos fornos industriais.

Quanto é reciclado - 27,6% das embalagens de vidro são recicladas no Brasil, somando 220 mil toneladas por ano. Desse total 5% são geradas por engarrafadores de bebidas, 10% por sucateiros e 6% provém da coletas promovidas por vidrarias. Os outros 12% representam refugos de vidro gerados nas fábricas, reaproveitados para compor novas embalagens. Nos EUA, o índice de reciclagem em 1993 foi 24,6%, correspondendo a 3 milhões de toneladas. No Japão, são recuperadas 55,5% o que representa 1,3 milhão de toneladas. Preço médio da sucata de vidro em São Paulo = R$ 0,04 por quilo.

Vidros não recicláveis: espelho, vidros planos, lâmpadas, cerâmica, porcelana, tubos de TV.

7.4 - Plástico filme

Conhecendo o material - Plástico filme é uma película plástica normalmente usada como sacolas de supermercados, sacos de lixo, embalagens de leite, lonas agrícolas e proteção de alimentos na geladeira ou microondas. O material constitui 38% das embalagens plásticas em geral nos Estados Unidos. Naquele país, 51% dos pacotes e sacos, usados para embrulhar e embalar produtos, são compostos por plásticos. Cerca de 44% é papel e 4% é folha de alumínio. A resina mais usada é o polietileno de baixa densidade (PEBD), que corresponde a 32% do total de polímeros consumidos no mercado brasileiro de plástico. No Brasil, são produzidas 210 mil toneladas anuais de filme plástico.

Quanto é reciclado - 15% dos plásticos rígidos e filme é reciclado em média no Brasil, o que equivale a 200 mil toneladas por ano. Não há dados específicos para o plástico filme. Em média o material corresponde a 29% do total de plásticos separados pelas cidades que fazem coleta seletiva. Nos EUA são reciclados 3,2% das bolsas e sacos plásticos (28,8 mil toneladas anuais) e 2% das embalagens (30 mil toneladas). O percentual de sacos de lixo reciclados é desprezível, porque a contaminação dificulta a recuperação.

7.5 - Pneus

Conhecendo o material - O Brasil produz cerca de trinta e dois milhões de pneus por ano. Quase um terço disso é exportado para 85 países e o restante roda nos veículos nacionais. Apesar do alto índice de recauchutagem no país, que prolonga a vida do pneu em 40%, a maior parte deles já desgastadas pelo uso acaba parando em lixões, à beira de rios, estradas, e até no quintal das casas onde acumulam água que atrai insetos transmissores de doenças. Os pneus e câmaras de ar consomem cerca de 70% da produção nacional de borracha e sua reciclagem é capaz de devolver ao processo de produção insumo regenerado por menos da metade do custo da borracha natural ou sintética. Além disso, economiza energia e poupa petróleo usado como matéria-prima virgem e até melhora as propriedades de materiais feitos com borracha.

Quanto é reciclado - 10% das 300 mil toneladas de sucata disponíveis no Brasil para obtenção de borracha regenerada são de fato recicladas, segundo dados da empresa Relastomer. Não há dados no Brasil sobre a taxa referente às demais formas de reciclagem de pneus. Sabe-se, porém, que os chamados "carcaceiros" recuperam mais de 14 milhões de pneus por ano, sob diversas formas. Os EUA, que geram 275 milhões de pneus velhos têm em estoque cerca de 3 bilhões de carcaças.

7.6 - PET (polietileno tereftalato)

Conhecendo o material - A reciclagem das embalagens PET (polietileno tereftalato), como as garrafas de refrigerantes de 1; 1,5; 2; e 0.6 litros descartáveis, está em franca ascensão no Brasil. O material, que é um poliéster termoplástico, tem como características a leveza, a resistência e a transparência, ideais para satisfazer a demanda do consumo doméstico de refrigerantes e de outros produtos, como artigos de limpeza e comestíveis em geral. A evolução do mercado e os avanços tecnológicos têm impulsionado novas aplicações para o PET reciclado: das cordas e fios de costura aos carpetes, bandejas de frutas e até mesmo novas garrafas. Sua reciclagem, além de desviar lixo plástico dos aterros, utiliza apenas 30% da energia necessária para a produção da resina virgem e tem a vantagem de poder ser reciclado várias vezes sem prejudicar a qualidade do produto final.

Quanto é reciclado - 21% da resina PET produzida no Brasil foi reciclada em 1996, totalizando 22 mil toneladas, As garrafas recicladas provêm de coleta através de catadores, além de fábricas e da coleta seletiva operada por municípios. Os programas oficiais de coleta seletiva, que existem em mais de 80 cidades do país, recuperam por volta de 1000 toneladas por ano. Além de garrafas descartáveis, existem no mercado nacional 70 milhões de garrafas de refrigerantes retornáveis, produzidas com este material. Nos EUA, a taxa de reciclagem em 1996 foi de 27% de todas as embalagens PET. Preço médio da sucata de garrafas PET em São Paulo = R$ 0,22 por quilo.

7.7 - Latas de aço

Conhecendo o material - As latas de aço produzidas com chapas metálicas conhecidas como folhas de flandres, têm como principais características a resistência, inviolabilidade e opacidade. São compostas por ferro e uma pequena parte de estanho (0,20%) ou cromo (0,007%) - materiais que protegem contra oxidação e evitam por mais de 2 anos a decomposição de alimentos. Quando reciclado, o aço volta ao mercado em forma de automóveis, ferramentas, vigas para construção civil, arames, vergalhões, utensílios domésticos e inclusive novas latas. No Brasil são consumidas cerca de 600 mil toneladas de latas de aço por ano, o equivalente a quatro quilos por habitante. Nos EUA, o consumo anual foi de 2,8 milhões de toneladas em 1991, que representa cerca de 37 bilhões de latas - 15,5 quilos por habitante.

Quanto é reciclado - 18% das latas de aço consumidas no Brasil são recicladas, o que equivale a cerca de 108 mil toneladas por ano. Nos Estados Unidos, 48% das embalagens de folha-de-flandres retornaram à produção de aço em 1993. No Japão, a taxa é de 61%. Se o país reciclasse todas as latas de aço que consome atualmente, seria possível evitar a retirada de 900 mil toneladas de minério de ferro por ano, prolongando a vida útil de nossas reservas minerais. Além disso deixaria de ocupar 8,6 milhões de metros cúbicos em aterros todos os anos e proporcionaria economia de 240 milhões de Kwh de energia elétrica - equivalente ao consumo de quatro bilhões de lâmpadas de 60Watts. Isso sem falar nas 45 milhões de árvores - nativas e de reflorestamento comercial - que deixariam de ser cortadas para a produção de carvão vegetal usado como redutor do minério de ferro. Somente na cidade de São Paulo são jogadas diariamente no lixo 360 toneladas de latas de aço usadas.

Metais não recicláveis: clips, grampos, esponjas de aço, canos.

7.8 - Plástico rígido

Conhecendo o material - Leve, resistente e prático, o plástico rígido é o material que compõe cerca de 60% das embalagens plásticas no Brasil, como garrafas de refrigerantes, recipientes para produtos de limpeza e higiene e potes de alimentos. É também matéria-prima de fibras têxteis, tubos e conexões, calçados, eletrodomésticos, além de baldes, utensílios domésticos e outros produtos. O Brasil consome 1,8 milhões de toneladas de plástico por ano. Dessas, 350 mil toneladas são despejadas anualmente nos aterros sanitários, embora a vida útil do material não acabe no momento em que é descartado no lixo. Ele pode ser reprocessado, gerando novos artefatos plásticos e energia.

Quanto é reciclado - 15% dos plásticos rígidos e filme consumidos no Brasil retornam à produção como matéria-prima, o que eqüivale a 200 mil toneladas por ano. Deste total 60% provém de resíduos industriais e 40% do lixo urbano, segundo estimativa da ABREMPLAST. Nos Estados Unidos a taxa de reciclagem em 1993 foi de 13%.

Plásticos não recicláveis: cabos de panela, tomadas, embalagens de biscoito, mistura de plástico com papéis e metais.

7.9 - Papel ondulado

Conhecendo o material - O papel ondulado, também conhecido como corrugado, é usado basicamente em caixas para transporte de produtos para fábricas, depósitos, escritórios e residências. Normalmente chamado de papelão, embora o termo não seja tecnicamente correto, este material tem uma camada intermediária de papel entre suas partes exteriores, disposta em ondulações, na forma de uma sanfona. O Brasil tem reciclado 720 mil toneladas de papel ondulado por ano representando 48,9% do total de aparas encaminhadas para reciclagem. A produção nacional é de 1,2 milhões de toneladas por ano. Preço médio do papelão em São Paulo = R$ 0,05 por quilo.

Quanto é reciclado - 60% do volume total de papel ondulado consumido no Brasil é reciclado. Nos EUA, a taxa é de 55%, abaixo apenas do alumínio. No mercado americano, as caixas onduladas têm 21% de sua composição proveniente de papel reciclado. Muitas caixas têm coloração marrom em suas camadas. Algumas, contudo, usam uma camada branca conhecida como mottled white, composta por papel branco de escritório reciclado.

7.10 - Embalagens cartonadas - longa vida

Conhecendo o material - A embalagem longa vida é composta de várias camadas de material - dupléx (75%), polietileno de baixa densidade (20%) e alumínio (5%). Assim é criada uma barreira que impede a entrada de luz, ar, água e microorganismos nos alimentos e bebidas que envolve. A embalagem cartonada ainda dispensa por muitos meses a refrigeração, processo atualmente apontado como o maior consumidor mundial de CFC (clorofuorcarbono). Com o peso unitário baixo, a embalagem longa vida também exige menos quantidade de combustível para ser transportada, contribuindo para diminuir a emissão de gases poluentes que contribuem para o efeito estufa.

Quanto é reciclado - 65% é a taxa de reciclagem de embalagens longa vida na Alemanha, que reciclou em 1996 124 mil toneladas de material pós consumo. Para a indústria alemã de papel e papelão, as fibras têm alto valor. Cada tonelada de embalagem cartonada reciclada gera, aproximadamente, 650 quilos de papel kraft, economizando o corte de 20 árvores cultivadas em áreas de reflorestamento comercial. Os resíduos são transformados em papel toalha, sacos industriais, solados de sapato, tapetes de carro etc. No Brasil é previsto o aumento da reciclagem dessas embalagens nos próximos anos, devido, principalmente, ao aumento do consumo, à expansão dos programas de coleta seletiva e o desenvolvimento de novos processos tecnológicos.

8 - TRATAMENTO - Após as melhorias na coleta do lixo e na sua destinação final, ficam mais claras as vantagens das ações que visam reduzir a quantidade e a periculosidade do material a ser aterrado. Estas ações são chamadas de tratamento. As vantagens são de ordem ambiental e econômica. No caso de benefícios econômicos, a redução de custos com a disposição final é a vantagem que se sobressai. A necessidade de tratamento do lixo surge devido aos seguintes fatores: escassez de áreas para a destinação final do lixo; disputa pelo uso das áreas remanescentes com as populações da periferia; valorização dos componentes do lixo como forma de promover a conservação de recursos; inertização de resíduos sépticos. O tratamento do lixo pode ser feito em três processos: 1-Segregar os diversos componentes existentes no lixo visando a sua reciclagem e conseqüente redução no volume aterrado. 2-Enterrar em aterros sanitários. 3-Incinerar visando a sua redução e inertização, se possível com recuperação de energia.

9 - CURIOSIDADES

1. A quantidade de lixo produzida por um ser humano por dia é de aproximadamente 1kg.

2. A cada tonelada de papel produzida, 12 árvores são abatidas. No todo, esse material pode ser reaproveitado e transformado em novos produtos ou matéria-prima.

3. Quanto tempo leva para se decompor na natureza:

  • papel limpo: 2 a 4 semanas
  • lata de alumínio: 200 a 500 anos
  • plástico: 450 anos
  • tecido de algodão: 1 a 5 meses
  • madeira pintada: 12 anos
  • chiclete: 5 anos
CONCLUSÃO:
A Fórmula dos RE's - A fórmula dos RE's consiste numa apresentação sugestiva de como se pode atingir o objetivo de conscientização para a prática de reaproveitamento de materiais em busca da qualidade de vida e preservação do meio ambiente.

1 - RE duzir a geração de lixo - é o primeiro passo e a medida mais racional, que traduz a essência da luta contra o desperdício. São inúmeros os exemplos domésticos e industriais para a minimização dos resíduos. Sempre que for possível, é melhor reduzir o consumo de materiais, energia e água, a fim de produzir o mínimo de resíduos e economizar energia.

2 - RE utilizar os bens de consumo - significa dar vida mais longa aos objetos, aumentando sua durabilidade e reparabilidade ou dando-lhes nova personalidade ou uso, muito comum com as embalagens retornáveis, rascunhos, roupas, e nas oficinas de Arte com Sucatas. Após a utilização de um produto ou material (sólido, líquido, energia, etc.) deve-se recorrer a todos os meios para reutiliza-lo.

3 - RE cuperar os materiais - as usinas de compostagem são unidades recuperadoras de matéria orgânica. Os catadores recuperam as sucatas, antes delas virarem lixo.

4 - RE ciclar - é devolver o material usado ao ciclo da produção, poupando todo o percurso dos insumos virgens, com enormes vantagens econômicas e ambientais. A agricultura e a indústria absorvem grandes quantidades de resíduos, aliviando a "lata de lixo" das cidades. A reciclagem deve ser aplicada somente para materiais não reutilizáveis. Embora a reciclagem ajude a conservar recursos naturais, existem custos econômicos e ambientais associados à coleta de resíduos e ao processo de reciclagem.

5 - RE pensar os hábitos de consumo e de descarte, pois para a maior parte das pessoas tais atos são compulsivos e, muitas vezes, poluentes. É preciso também desmistificar a ação de jogar fora, porque, na maioria dos casos, o "fora" não existe. O lixo não desaparece depois da coleta e acaba sendo destinado a aterros, incineradores ou usinas, localizados próximos à nossa residência. A educação ambiental é básica para que os esforços em prol dos 5 RE's sejam vistos com seriedade pela população.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
www.matrix.com.br/peixe:1999
www.atibaia.com.br/sucata/index.htm:1999
www.rc.com.br/hydrapower/pense.html:1999
Jornal "Diário Popular". Suplemento Criança. São Paulo: 02/08/1999

(*) N.E.: esta página foi reproduzida do site original com o objetivo de garantir a perenidade do texto, face à dinâmica da Internet, que pode levar a alguma inesperada alteração de endereços ou indisponibilidade do endereço original.

Veja mais:
Lixo regional é solução transformada em problema
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Lixo: uma nota da Prefeitura