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HISTÓRIAS E LENDAS DE PRAIA GRANDE - FOLCLORE
Folclore e suas manifestações locais (4)

Festa para Iemanjá começou oficialmente em 1976
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Este material foi publicado em junho de 1979, no número 19 (ano VII) do Informativo Cultural, boletim informativo da Associação Centro de Estudos Amazônicos de Praia Grande (Aceam):
 


Concentração de fiéis e curiosos durante a semana de Iemanjá, na Cidade Ocian, em 1979
Foto publicada no Informativo Cultural da Aceam nº 19, em junho de 1979

PRAIA GRANDE E SUA HISTÓRIA
A festa de Iemanjá em Praia Grande

A importância das festividades em louvor a Iemanjá aumenta de ano para ano, e muitos estudos têm sido feitos para explicar o fenômeno. Alguns sociólogos explicam a devoção, baseados como significativo e motivação, de que o povo precisa de prêmios materiais e símbolos concretos. Quando Iemanjá chega às areias, vem com suas cores, suas comidas e promessas, representa o sonho da mulher bonita e mãe carinhosa, fazendo parte da trilogia pela qual o homem luta: beleza, afeição e dinheiro.

Histórico - Em novembro de 1969, o prefeito Dorivaldo Loria Júnior e o sr. José Moura, na época presidente do Conselho Municipal de Turismo, entraram em contato com várias federações, sobre a possibilidade da realização do culto nas areias de Praia Grande, pois a cidade recém-emancipada oferecia 2 condições essenciais para as oferendas: muito espaço (23 km de areia), a aceitação e a colaboração das autoridades do povo. Assim nasceu a realização da 1ª festa, que contou com aproximadamente 15.000 participantes.

Instituída pela Lei nº 244 de 3/3/1976 (autoria do ex-vereador Teodósio de Augustinis e sancionada pelo prefeito Leopoldo Estásio Vanderlinde), os crentes têm 7 dias inteiros para cumprirem suas "obrigações".

A lei veio não para dispersar, mas para disciplinar a descida de umbandistas, evitando assim as grandes concentrações. Mas, dia 8 é feriado no Município, tal a importância da festa que basta citar o desdobramento do pessoal do Serviço de Pronto Socorro, do Serviço de Salva-vidas e o recolhimento de crianças perdidas na praia, pela Organização Educacional e Esportiva dos Mirins, Círculo e Amigos do Menor Patrulheiro, orientados pelo SOS.

Depoimentos - Segundo D. Cirillo Folch Gomes, "a Umbanda nasceu nas grandes cidades, sendo produto do sincretismo entre os cultos afro-brasileiros e o espiritismo. Chega mesmo a ser uma tentativa de reorganização consciente das religiões desfiguradas".

Para Roger Bastide (As Religiões Africanas no Brasil), "a Umbanda é a expressão do que se tornaram as religiões africanas no Brasil, ao perderem seus valores".

Folclore ou religião? - Na opinião do radialista Manoel Joaquim Ramos, "Umbanda é religião sem dúvida alguma, e por sinal ganhando cada vez maior número de seguidores. Organizada em várias partes do País, creio que é em Praia Grande que ganha especial destaque, pelo que realiza anualmente, pelo empenho das Federações em avivar cada vez mais a fé. Resumindo e respondendo à pergunta: Folclore ou Religião? Religião".

José Moura, comerciante no ramo de hotelaria e co-introdutor da festa no Município, dá ênfase às vantagens comerciais para o Município, principalmente para bares, restaurantes e similares. Considera o saldo deixado pela festa como positivo, pois com essa festa Praia Grande tem sua chance e ser manchete nacional. Folclore ou Religião? "Estou convencido de que é folclore, dos mais puros que já vi".

Para Graciana Miguel Fernandes, presidente da União Espírita Santista, "Umbanda é sectarismo do Catolicismo, pois os seus santos têm o nome diferente mas são os mesmos. Porém, é óbvio que existe uma mistificação no espiritismo, em todas as suas facções".

Para a professora Laura Dellamonica, consagrada folclorista, "Umbanda é folclore e religião, pois possui todos os elementos que caracterizam tanto as manifestações folclóricas como religiosas".

Queremos deixar a nossa opinião fundamentada e que de certo modo vem de encontro com a abalizada opinião da professora acima citada: Umbanda é folclore e religião - é folclore porque possui 2 qualidades que caracterizam o fato folclórico: a espontaneidade e a aceitação popular. É religião, porque através dos seus orixás há a representatividade abrangente de uma divindade a ser cultuada, correspondente a um santo, acrescido da fé que os umbandistas professam em todos os rituais.

Religião? Folclore? Religião e Folclore? A dúvida está lançada. O fato é que o pacato município tem suas estruturas abaladas em dezembro, por uma verdadeira massa humana, de fiéis que se deslocam de todas as partes do País para reverenciarem, em Praia Grande, aquela que é considerada a Rainha dos Mares: Iemanjá.

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