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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/26/00 16:42:25

Movimento Nacional em Defesa
da Língua Portuguesa

NOSSO IDIOMA
Temática lusófona

Júlio Martins (*)

Na passada semana falamos da estrondosa vitória da palavra sobre a imagem, graças ao desenvolvimento das modernas tecnologias da Informática, das tais auto-estradas da Informação que tornaram o Mundo mais pequenino, ao qual alguém já lhe chamou "aldeia global" - com toda a propriedade e mérito - que se instalaram, encontrando-se ainda numa fase de aperfeiçoamento contínuo - ainda bem - numa altura em que já se apregoava aos quatro ventos o seu desaparecimento do mapa.

Hoje, ficamos a saber da grande preocupação de muita gente, sobre a defesa da Língua Portuguesa, não só desta Pátria de Camões como do Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Timor - entre outros - os tais muitos milhões de pessoas de todo o globo terrestre que sabem falar Português.

Evidentemente que já não é de hoje, nem de ontem, que andamos para aqui a escrever cada um à sua maneira. Isto, enquanto nos jornais criaram as regras de escrita, impondo-as aos jornalistas através dos respectivos livros de estilo.

Se repararem, o JN (N.E.: Jornal de Notícias, de Lisboa) continua a escrever o nome do presidente da Câmara de Gaia (Menezes com "s"), embora o autarca tenha no seu bilhete de identidade Menezes com "z". Isto deu muita discussão em várias Fernando Cristóvão apresenta o projeto do dicionário no programa 'Entrada Livre' da RTPi, em 15/11/2000redacções, entre os jornalistas mais puristas da Língua e os fazedores dos livros de estilo. E por aquilo que julgamos saber, ninguém se entendeu nem entende.

Os acordos luso-brasileiros não se impõem com rigor e os países lusófonos, a quem foi dada a independência muito recentemente, são os que têm procurado defender a Língua Portuguesa, embora quase todos eles, mantenham o seu idioma-mãe.

Há dias, dizia-nos um professor de Português - dos poucos que ainda se preocupam com estas coisas - que se os portugueses não andarem ligeiros, qualquer dia aparece oficializada a língua brasileira, tal como agora surgiu o "Real" em vez do "Cruzeiro" e lá se afoga a história portuguesa no caudal do Amazonas.

Na mente de muita gente brasileira isso já teria acontecido há muito tempo. E só para lhes dar um pequeno exemplo, lembro que aqui há dois/três anos, na recepção de um grande hotel holandês perguntei, cá no meu Inglês de trazer por casa, se havia alguém que falasse Português. Resposta: "... Não! Mas temos aqui um colega que fala brasileiro!"

Enquanto há tempo! - Pois bem, lemos com muito agrado, que a Associação de Cultura Lusófona está a preparar o primeiro "Dicionário Temático", a editar dentro de três anos.

Será um volume gigantesco, com mais de mil páginas de letra em corpo 4/6, isto é, pequenino, com mapas, gráficos, muita ilustração e informação sobre os países lusófonos.

Será que este primeiro "Dicionário Temático da Lusofonia" virá a tempo de salvar um projecto que defenda as nossas raízes sócio-culturais nas cinco partes do Mundo? Que defenda os sistemas de ensino; a arte gastronómica; a história e a geografia? Oxalá que sim.Cena do programa 'Entrada Livre' da RTPi em 15/11/2000, na entrevista com Fernando Cristóvão

Por outro lado, diria-nos ainda esse especialista em línguas e idiomas lusófonos que se trata de um livro a divulgar em Língua Portuguesa e de muito interesse para jornalistas, diplomatas ou mesmo para qualquer estrangeiro que queira visitar um dos países de expressão portuguesa.

Envolvidos nesta arrojada iniciativa estão o Instituto Camões que já confirmou o nome de 95 investigadores que vão colaborar na elaboração deste trabalho, onde não poderão ser esquecidos, nem isentados do património cultural português, o chamado "nono país" que é a emigração, assim como Macau, Goa, Damão e Diu, porque não temos apenas uma Língua em comum, mas sim muita coisa que se prende apenas pelo fio político internacional. O que, quanto a nós, é muito pouco para a grandeza de Portugal no mundo.

(*) Júlio Martins publicou este artigo no jornal semanal O Comércio de Gaia, da cidade portuguesa de Vila Nova de Gaia, em 11/1/2001.

As fotos da página resultam de captura de telas do programa "Entrada Livre", exibido em 15/11/2000 pela Rádio e Televisão Portuguesa Internacional (RTPi), quando o apresentador Júlio Isidro entrevistou Fernando Cristóvão, que está realizando o trabalho em parceria com o Instituto Camões para a criação de um dicionário lusófono, bem como a formação da Associação da Defesa da Língua.