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HISTÓRIAS E LENDAS DE GUARUJÁ - BASE
Uma cidade chamada Base Aérea (2)

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Este texto foi publicado no jornal santista A Tribuna, em 30 de março de 2006, com a manchete na primeira página:
 
Aeronáutica prepara a desativação da Base Aérea

Por decisão do Comando Geral de Operações Aéreas do Ministério da Defesa, o curso de formação de pilotos de helicóptero da Base Aérea de Santos será transferido para uma unidade militar em Natal, no Rio Grande do Norte. A medida deve provocar a desativação da Base Aérea, que funciona desde 1922 em Vicente de Carvalho. O Comando criou um grupo de trabalho que deverá definir o futuro da unidade. Por sua vez, o prefeito de Guarujá, Farid Madi, entende que o encerramento das atividades da Base vai facilitar a implantação do Aeroporto Civil Metropolitano no local.


DECISÃO - Grupo de trabalho discutirá o futuro da unidade,
que está em Vicente de Carvalho desde 1922
Foto: Carlos Marques, publicada com a matéria

AERONÁUTICA
Base Aérea de Santos deve ser desativada

Curso de formação de pilotos de helicóptero foi transferido para Natal

Nilson Regalado
Da Sucursal

O Comando Geral de Operações Aéreas do Ministério da Defesa decidiu transferir o curso de formação de pilotos de helicóptero da Base Aérea de Santos para uma unidade militar localizada em Natal, no Rio Grande do Norte. Essa decisão deve provocar a desativação da Base Aérea, que funciona desde 1922 no Distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá.

A transferência do curso deverá estar consumada até janeiro de 2007, quando os aspirantes a oficiais aviadores já deverão começar a receber a instrução na base aérea localizada na Região Nordeste do País.

No mesmo despacho, o Comando Geral de Operações Aéreas criou um grupo de trabalho que deverá definir o futuro da unidade militar, que fica às margens do Estuário.

Como a principal atividade militar desenvolvida na Base Aérea é a formação desses pilotos e de mecânicos de helicóptero, a transferência tornaria desnecessária a manutenção da infra-estrutura atual.

Com isso, a tendência é que os cerca de 700 militares lotados em Guarujá que não estão vinculados diretamente à formação dos pilotos e mecânicos, ou seja, não pertencem ao 1º Esquadrão do 11º Grupo de Aviação (1º/11º GAv), sejam remanejados para unidades da Aeronáutica espalhadas pelo território nacional.

"Com a saída do 1º/11º GAv a Base Aérea não terá razão para existir. Se viesse outra unidade para cá a Base Aérea até continuaria com suas atividades", resume o comandante da Base Aérea, o coronel-aviador Fernando Sousa Bezerra.

Prejuízos - A estimativa do comando da unidade militar é que cerca de R$ 60 milhões por ano deixem de circular na economia regional a partir da virtual desativação da Base Aérea.

Desse montante, R$ 20 milhões compõem a massa salarial de oficiais, sargentos, cabos e soldados. Os outros R$ 40 milhões estão relacionados ao custeio da unidade militar.

Outro prejuízo para a Região Metropolitana da Baixada Santista é com o fim do serviço militar para 150 jovens que cumprem o período de recrutamento anualmente na Base Aérea. Esse contingente recebe um soldo mensal de R$ 300,00, além de treinamento diário e, principalmente, ensinamentos de ética e disciplina.

Mesmo sem prestar concurso público, esses jovens podem permanecer até seis anos como militares, o que representa uma perspectiva de emprego em uma área com alta densidade populacional e carente de opções.

Apesar da perspectiva de encerramento das atividades, o comandante da Base Aérea salienta que "nenhuma decisão vai ser tomada de forma intempestiva".

A primeira reunião do grupo de trabalho que vai traçar o futuro da unidade militar está agendado para o próximo dia 10, no Comando Geral de Operações Aéreas, em Brasília.

O grupo de trabalho é formado por sete oficiais. Tanto o coronel Bezerra quanto o tenente-coronel-aviador Álvaro Falcão Ferreira, que comanda o 1º/11º GAv, participam do grupo de trabalho. "Vamos levar para a reunião, em Brasília, a apreensão que a Cidade começa a demonstrar", antecipa o comandante da Base Aérea.

Apesar de estar sensibilizado com a preocupação demonstrada por setores da sociedade guarujaense, principalmente políticos, o oficial admite que o poder de decisão está diluído: "Vamos cumprir nosso papel regimental e planejar as vantagens e desvantagens de uma eventual desativação".


A principal atividade militar na Base Aérea é a formação de pilotos e mecânicos de helicóptero
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

Explicação é necessidade de reforçar fronteira

Extra-oficialmente, a justificativa para o esvaziamento das atividades militares na Base Aérea de Santos e nas demais unidades das três Forças Armadas localizadas no litoral brasileiro foi a necessidade de proteção das fronteiras e da biodiversidade da Amazônia. Nesse contexto, o Ministério da Defesa transferiu, nos últimos anos, sete unidades de estados como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, para a região Norte do País.

"Nas últimas décadas houve uma mudança do potencial ofensivo do Oceano Atlântico para a Amazônia. Estamos saindo do litoral para gerenciar uma maior necessidade de proteção na Amazônia", justifica o comandante da Base Aérea, coronel-aviador Fernando Sousa Bezerra.

Porém, como explicar a transferência do 1º Esquadrão do 11º Grupo de Aviação (1º/11º GAv) para Natal, que fica no litoral do Rio Grande do Norte? Nem o coronel Bezerra consegue encontrar uma justificativa.

Diante da necessidade de marcar presença na região Norte do País, a Aeronáutica criou, nos últimos anos, cinco novas unidades nas cidades de Boa Vista, capital de Roraima; Porto Velho e Vilhena, em Rondônia; São Gabriel da Cachoeira e Eirunepé, ambas no Estado de Amazonas.

Pressão política - O presidente da Sociedade Amigos da Base Aérea, João Cândido Bala, sugere a união das forças políticas da Região Metropolitana no sentido de reverter o virtual encerramento das atividades na unidade militar. Ligado à unidade da Aeronáutica no Guarujá desde 1990, quando começou a participar e promover confraternizações entre civis e militares, Bala considera a provável desativação um retrocesso para a região.

"Acho uma pena a desativação da Base Aérea porque isso mexerá com a economia da região e os jovens não vão ter mais essa opção, fora o que a Base Aérea movimenta em termos de soldos. Esse pessoal gasta aqui na região", salienta Bala.


João Bala pede a união de forças políticas para reverter situação
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

Farid acredita que medida viabiliza o aeroporto

O prefeito Farid Madi demonstrou "otimismo e preocupação" com o virtual encerramento das atividades da Base Aérea. A preocupação se deve ao fim dos recursos transferidos para o comércio de Guarujá com o pagamento de soldos, impacto negativo "que não podemos desprezar". No entanto, Farid entende que a transferência das atividades do 1º Esquadrão do 11º Grupo de Aviação (1º/11º GAv) para Natal vai facilitar a implantação do Aeroporto Civil Metropolitano na área da Base Aérea.

"Do ponto de vista estratégico, a saída do curso para Natal faz com que o projeto do Aeroporto Metropolitano se concretize com mais facilidade porque a operação de aviões civis não vai conflitar com as atividades militares", salienta o prefeito.

Farid estima que a área dos hangares destinados à proteção e manutenção dos helicópteros poderá ser utilizada para implantação do terminal de cargas e para a área alfandegada que o prefeito fez questão de incluir no projeto apresentado em 2005 ao 4º Comando Aéreo Regional (4º Comar).

Apesar de demonstrar otimismo com uma possível viabilização do aeroporto a partir do fim das atividades com helicópteros na Base Aérea, Farid entende que a melhor alternativa seria a manutenção das atividades militares que não dependem do curso de formação de pilotos.

 

Prefeito anuncia relatório ambiental preliminar

 

Relatório Ambiental - Farid anunciou ontem a conclusão do Relatório Ambiental Preliminar (RAP), documento fundamental para obtenção das autorizações ambientais visando a construção da infra-estrutura do futuro Aeroporto Civil.

"Já estamos marcando uma data, provavelmente na semana que vem, para entregar esse RAP na Secretaria (de Estado do Meio Ambiente)", adianta o prefeito.


Prefeito demonstrou otimismo caso se confirme a desativação
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

Comando deve sugerir uso para o terreno

Caso a hipótese de desativação da Base Aérea se concretize, o grupo de trabalho formado pelo Comando Geral de Operações terá a missão de sugerir uma nova finalidade para o terreno ocupado pela unidade militar em Guarujá.

Dentre as hipóteses visualizadas pelo comandante da Base Aérea, o coronel-aviador Fernando Sousa Bezerra, estão a transferência do imóvel para a Prefeitura, Estado, iniciativa privada ou para a Marinha, proprietária do terreno até 1941.

Porém, segundo o coronel Bezerra, essa transferência só seria possível em caso de permuta por outro imóvel. Essa transação só seria viabilizada com o aval do 4º Comando Aérea Regional (4º Comar), com sede em São Paulo.

Questionado ontem a respeito da possibilidade de permuta, o prefeito Farid Madi adiantou que se o grupo de trabalho propuser essa hipótese, ele colocará imóveis à disposição do 4º Comar para poder obter a posse do terreno da Base Aérea.


O imóvel da Base Aérea pode ir para a Prefeitura de Guarujá
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

Local foi chamado de Ninho de Helicópteros

Da Pesquisa

Apesar de instalada no distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá, a Base Aérea da Baixada Santista leva o nome de Santos. Isto ocorre porque quando ela foi criada, em 22 de outubro de 1922, a área ainda pertencia ao município santista.

Inaugurada com a presença do presidente Epitácio Pessoa, a pedra fundamental foi lançada no Sítio Conceiçãozinha. Na ocasião, a unidade tinha como principal atribuição a guarda do Porto de Santos e patrulhamento do litoral.

Pouco depois, devido ao sítio ter sido considerado local impróprio para a construção da Base Aérea, foi escolhida outra área, localizada junto à Vila de Bocaina.

Segundo arquivos da unidade, a antiga vila de pescadores, que existia no local, foi deslocada para onde existem, hoje, a travessia das barcas, dando origem ao bairro de Vicente de Carvalho.

A Base foi incorporada ao Ministério da Aeronáutica em 1941 e, a partir da década de 60, a unidade ficou conhecida como "ninho dos helicópteros", propiciando treinamento e formação de pilotos e mecânicos nesse tipo de aeronave.

Resgate - Durante a Segunda Guerra Mundial, pilotos da Base participaram de operações de patrulhamento do Atlântico Sul contra as forças do Eixo. Mais recentemente, o incêndio do Edifício Joelma, em 1974, na Capital, também teve a ajuda da Base Aérea, de onde partiram helicópteros para o resgate de sobreviventes.

Estas aeronaves já participaram de operações de salvamento em naufrágios no mar, socorreram pescadores em perigo e transportaram doentes graves para São Paulo, além de contribuírem para o reflorestamento, entre outras missões.

A unidade já possuiu, também, a única escola estadual do País com o curso de 2º Grau técnico em mecânica de aeronaves, que formava profissionais recrutados pela Varig e pela Vasp.

Em 2006, o curso de Manutenção de Aeronaves voltou a funcionar depois de dois anos fechado, com aulas práticas ministradas pela Escola Técnica Estadual (ETE).

No mesmo dia 30/4/2006, a Prefeitura Municipal de Guarujá emitiu a seguinte nota para a Imprensa:

Assunto: construção de aeroporto
    Data:  Thu, 30 Mar 2006 17:31:22 -0300
       De:  GUARUJA - Prefeitura Municipal <diario@guaruja.sp.gov.br>

Prefeitura agiliza procedimentos para construção de aeroporto

Dentro de alguns dias, a Prefeitura de Guarujá deverá encaminhar à Secretaria de Estado de Meio-Ambiente o Relatório Ambiental Preliminar (RAP), que visa obtenção de autorização para a construção do Aeroporto Civil Metropolitano, na Base Aérea de Santos, que fica em Vicente de Carvalho.

A notícia foi comunicada pelo próprio prefeito Farid Madi, que comentou também sobre a formalização de um aditamento do projeto que permite à Prefeitura buscar parcerias com a iniciativa privada para implantar o Aeroporto.

A idéia da Prefeitura, considerada mais viável economicamente, é incorporar as atividades do aeroporto também com um terminal marítimo de passageiros e operação de cargas. Essa foi a proposta encaminhada, no início de 2005, ao 4º Comando Aéreo Regional (Comar).

Na tarde da última quarta-feira (29), o prefeito manifestou preocupação e, ao mesmo tempo, contentamento com a notícia de que o Comando Geral de Operações Aéreas do Ministério da Defesa pretende encerrar as atividades do curso de formação de pilotos de helicóptero da Base Aérea de Santos (em Vicente de Carvalho) para uma unidade militar localizada em Natal (RN). Essa decisão pode provocar a desativação da Base.

Farid salientou que com a saída do curso, a implantação das atividades de aeroporto civil deixaria de conflitar com os usos militares, o que facilita a instalação definitiva do aeroporto.

O prefeito ressaltou ainda que a inauguração do aeroporto, um antigo sonho de Guarujá e de toda a região da Baixada Santista, resultará em aquecimento econômico e inúmeros benefícios sociais.

Por outro lado, Farid mostrou preocupação com o possível encerramento das atividades da Base, o que deve causar um impacto econômico negativo inicialmente.

Para ele, a melhor alternativa seria a manutenção das atividades militares independentes do curso de formação de pilotos: "será positivo para a cidade conciliar a manutenção da Base com a implantação do aeroporto", concluiu ele.

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