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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA
Carmelinda Guimarães

Crítica teatral, autora e jornalista, Carmelinda Guimarães tem diversas obras publicadas, com grande participação no movimento teatral santista:

Carmelinda Guimarães

Foto incluída na capa final de seu livro Memórias do Teatro de Santos, de 1996

 

Carmelinda Guimarães

 

Formada em Jornalismo pela Universidade Católica de Santos, trabalhou como subeditora do Suplemento Literário do jornal O Estado de S.Paulo; TV Cultura de SP aonde realizou, como pesquisadora, a série Aventura do Teatro Paulista; crítica de teatro do jornal A Tribuna e das revistas El Publico de Madrid, Sipario da Itália, Conjunto de Cuba. Mestre e doutora em Teatro pela Universidade de S. Paulo. Especialista em Teatro Brasileiro, Shakespeare e Crítica Teatral.

Autora dos livros: Um Ato de Resistência, o teatro de Oduvaldo Vianna Filho, MG Editores, SP; Teatro de Arena, ed. SNT, RJ; Inventário do Teatro Ibero Americano (editora da parte brasileira e co-autora) Madrid, Espanha; Antunes Filho, um Renovador do Teatro Brasileiro, ed. Unicamp, SP; Memórias do Teatro de Santos, ed. Prodesan, Santos, SP; Teatro Brasileiro Tradição e Ruptura, ed. Alternativa GO; Marcos Fayad, a Poética do Cerrado, ed. Talendo GO; Clovis Garcia, A Critica como Oficio, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

Perfil: Carmelinda Guimarães, Universidade Federal de Goiás (UFG) - consulta em 16/1/2011

 

LIVROS: Pág.

Ano

Teatro Brasileiro - Tradição e Ruptura - Ed. Alternativa, Goiás - s/d
Teatro de Arena, ed. Serviço Nacional do Teatro (SNT), Rio de Janeiro - s/d

Inventário do Teatro Ibero-Americano (editora no Brasil, co-autora), Madrid/Espanha

- s/d
Um Ato de Resistência, o teatro de Oduvaldo Vianna Filho - Ed. Summus, MG - 1984
Memórias do Teatro de Santos, Ed. Prodesan, Santos/SP 220 1996
Antunes Filho, um renovador do teatro brasileiro, Ed. Unicamp, Campinas/SP 184 1998
A Poética do Serrado - Marcos Fayad, C. Guimarães/Newton Murce, ed. Talendo, Goiás - 2002
A Crítica Como Ofício - Clóvis Garcia, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo - 2006
Onze peças de Leilah Assunção, selec.: L.Assunção/C.Guimarães, Ed.Casa da Palavra 608 2010
     
     

Capa do livro Memórias do Teatro de Santos, de Carmelinda Guimarães

 

O teatro ronda a vida de Carmelinda Guimarães. É autora, professora e crítica de teatro em jornais. No programa, Carmelinda comenta o aumento das produções teatrais no Brasil e cita alguns mestres do teatro mundial. Dentre estes, fala de Oduvaldo Vianna Filho, de quem estudou a vida e obras, podendo chamá-lo do grande dramaturgo do teatro político e de militância.

Esta grande mulher do teatro crê que a miscigenação do país trouxe uma perspectiva multi-cultural e única no mundo, fazendo do teatro nacional um dos melhores do planeta.


Autora de mais de dois mil artigos e dez livros publicados, a entrevistada adora freqüentar a Praça Roosevelt, reduto teatral na cidade de São Paulo. "No teatro você vive mil vidas numa vida só.", diz Carmelinda Guimarães sobre esta arte que, em sua opinião, ajuda a vivenciar os problemas reais.

Entrevista em 25/4/2007 na TVE - Governo do Estado do Espírito Santo - consulta em 16/1/2011

 

Carmelinda Guimarães ao lado de Sergio Mamberti, durante depoimento na Oficina Cultural Pagu
Foto de Anésio Borges e legenda publicadas com matéria de Carmelinda Guimarães no jornal santista A Tribuna, em 25 de novembro de 1994

Flávia Clemente Santini (diretora de Circulação) e a irmã Renata Santini Cypriano (diretora de Marketing) pelo Grupo A Tribuna  ladeiam a editora da revista, Carmelinda Guimarães
Foto: Durval Capp Filho, publicada com a nota

Alto Astral
# Social

Noite Cultural na Pinacoteca Benedito Calixto
Texto publicado em 13 de Maio de 2009 - 05h14

por Durval Capp Filho

Em Noite Cultural na Pinacoteca Benedito Calixto houve lançamento da 2ª edição da Revista Depois da Cena com artigos sobre Santos, lançada pelo jornal A Tribuna. A editoria foi de Carmelinda Guimarães, com revisão da jornalista Elcira Nuñez y Nuñez, que destaca a importância do Cassino do Parque Balneário Hotel e a Encenação da Chegada de Martim Afonso, realizada todos os anos em São Vicente (capa da revista). Entre os articulistas da publicação estão: Rubens Ewald Filho, Ana Maria Sachetto, Aguinaldo Ribeiro e Luiz Alca de Sant’anna.

Milos Mistrik é o participante internacional, enquanto Danilo Rabelo escreve sobre os 50 anos de Bossa Nova e Anna Rita Simoni discursa sobre as marcas teatrais. Luiz Gomes Otero, Maria Lúcia Amary, Vanessa Ratton e Neyde Veneziano completam o time dos articulistas.

Coluna social Alto Astral, site PortoGente, 13/5/2009

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

pequena diferença

Duas bibliotecas - resultados do esforço individual

por Duanne Ribeiro

O Governo Federal, pelo programa Mais Cultura, prometeu zerar o número de municípios sem bibliotecas. De acordo com o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, 661 cidades não possuem esse tipo de equipamento. Mas o projeto estatal não é o único a se esforçar pela difusão cultural. No segundo semestre desse ano, comemoram o primeiro aniversário duas iniciativas individuais nesse sentido: a Biblioteca Carmelinda Guimarães, em Goiás, e a Biblioteca Pote de Mel, no Paraná, são resultado do que poderíamos chamar de ativismo cultural — o indivíduo toma para si a responsabilidade de espalhar cultura, e espalha.


Em Goiânia, a Biblioteca Municipal de Artes Cênicas Carmelinda Guimarães, feita com "verba zero e muita vontade", de acordo com seu criador, Gilson Borges, tem seu primeiro aniversário neste mês de agosto (27). Na homenagem do título, na história de sua criação e no percurso de Borges, existem marcas do esforço pela cultura. Segundo ele, "Goiânia conta, atualmente, com um curso de Artes Cênicas, da Universidade Federal de Goiás, e diversos grupos de teatro, que tem feito um excelente trabalho, sem, no entanto, ter muita opção de acervo para desenvolver suas pesquisas. Por isso decidi levar a ideia adiante".


Borges é mestre em Literatura Brasileira pela Universidade do Novo México (EUA). Estuda Biblioteconomia na UFG e é editor-assistente da revista Pesquisa Agropecuária Tropical, da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da universidade. Publicou em 2008 Teatro Goiânia: História e Estórias, sobre o primeiro teatro construído na cidade, em 1942. "Um dia conheci o ator e diretor João Bosco Amaral, que havia sido recém-contratado para dirigir a Casa das Artes, espaço mantido pela Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia para ensaios, oficinas e apresentações. Ele ficou bastante entusiasmado com o projeto [da biblioteca] e me convidou a colocá-lo em prática", diz ele.


"Para a formação do acervo, reuni os livros que já estavam no local, aos quais juntei muitos livros que já possuía e comecei uma campanha de pedidos de doação. Conseguimos um espaço na Casa das Artes, que foi limpo e pintado. Para comprar estantes, vendi livros de outras áreas, que não partilhavam o mesmo assunto do acervo, nos sebos de Goiânia".


"O projeto previa a contratação de um bibliotecário mas, até hoje nenhum foi contratado. Tudo o que conseguimos foram dois funcionários, que hoje permitem que a Biblioteca funcione de segunda a sexta, das 8 às 20h. Em vista disso, assumi toda a organização e processamento do acervo, através de trabalho voluntário. O espaço foi inaugurado com cerca de mil itens, entre livros, CDs, CD-ROMs, DVDs, fitas VHS, revistas e trabalhos acadêmicos. Com a campanha contínua por doações, juntamente com permutas que fiz com outras bibliotecas especializadas na área (Galpão Cine Horto (MG); Teatro Alfa (SP); Trip Teatro (SC); SBAT (RJ); Escola Livre de Teatro (SP) hoje temos mais de 1.500 itens".

A biblioteca foi batizada com o nome de Carmelinda Guimarães, "crítica teatral que começou sua carreira no A Tribuna, de Santos, substituindo Pagu, que havia sido presa". Borges afirma que Carmelinda "escreveu críticas para o Estado de S.Paulo, e diversos livros, dentre eles um sobre Antunes Filho e outro sobre a Cia. de Teatro Martin Cererê, do diretor goiano Marcos Fayad. Desde que mudou-se para Goiânia, ela tem sido um exemplo de incentivo ao teatro em Goiás, divulgadora do teatro goiano em outros estados".

Sempre de acordo com Borges, "o acervo da Biblioteca já está todo tombado e classificado e estou, agora, concluindo o processo de catalogação. O próximo passo será informatizar o acesso ao acervo. Para isso, consegui autorização da Embrapa, para utilizar, gratuitamente, o programa de gerenciamento de bibliotecas Ainfo, por ela produzido".


Mas não pára por aí. "A próxima etapa do meu trabalho inclui a organização de um banco de dados do teatro goiano. Para isso, estou reunindo material apresentado em festivais de teatro em Goiânia, como o já tradicional Goiânia em Cena, que ocorre sempre em outubro, e o I Festival Nacional de Teatro de Goiânia, que ocorreu no último mês de maio". Borges conclui: "Felizmente, os meus esforços tem rendido frutos".


Pote de Mel: pegue um livro, devolva quando quiser
Alessandro Martins, jornalista, autor de Livros & Afins e uma série de outros blogs, conta que do costume de tomar um café na Panificadora Pote de Mel acabou surgindo a ideia de fazer uma biblioteca naquele local. No blog, Martins escreveu: "Chega uma idade em que você descobre que não pode mudar o mundo inteiro. Basta mudar um pedaço dele, aquele que cerca você. Já é o suficiente e, ao mesmo tempo, não é pouca coisa". Um ano depois, completando seu primeiro aniversário em julho passado, a biblioteca foi usada por centenas de pessoas e recebeu muitas doações.

 

A Biblioteca Pote de Mel, apelidada de Bibliopote, funciona sem burocracia, sem cadastro, sem exigências. As únicas regras são:
1. Leve este livro para onde quiser durante o tempo necessário;

2. Cuide dele. Depois de ler, devolva;

3. Este livro não deve pertencer a ninguém;

4. Se ele estiver em prateleira particular, leve-o, leia-o, passe-o adiante ou devolva.

5. Se quiser, doe um livro para a Biblioteca Pote de Mel.


Segundo ele, é difícil dizer quantas pessoas visitaram, quantos livros foram emprestados ou doados, porque não há controle desses números. "A dizer das pessoas: mil é uma conta baixa e 10 mil uma conta alta. A dizer dos livros doados: 300 é uma conta baixa. E 1.000 uma conta alta". Ele destaca que "mesmo com a possibilidade de as pessoas levarem os livros e nunca devolverem, o acervo vem crescendo, o que denota que os livros em parte são devolvidos e que doações continuam. A idéia sensibiliza os fãs de bibliotecas livres".


O lugar onde a biblioteca foi colocada é um de seus pontos fortes, de acordo com Martins. "Bibliotecas no seu formato habitual são importantes, mas elas colocam o livro, de certa maneira, em um lugar onde as pessoas vão buscar unicamente livros. Se não sou uma pessoa ligada a livros ou se não preciso de um livro por um motivo específico (pesquisa acadêmica, técnica, escolar), não os procuro. Colocando os livros em lugares em que as pessoas vão no dia-a-dia, eles passam a fazer parte do cotidiano, desde como enfeite até como fonte de entretenimento e conhecimento. Nesse sentido, acho que a Bibliopote coloca mais livros na vida das pessoas".


Martins ensina: "Se você quiser fazer uma biblioteca como essa (ou outra ideia similar), aconselho que procure algo próximo a você, que já faça parte do seu dia-a-dia, um estabelecimento que os donos lhe conheçam e que confiem em você. Mostre que uma biblioteca (ou seja lá qual for a iniciativa) acrescenta valor — social, inclusive — ao estabelecimento. O custo de gerenciamento é zero: só é necessário o espaço".


"De preferência, que seja um lugar com grande circulação. Quanto mais variadas as classes sociais presentes, melhor. O caso da Pote de Mel é excelente; ela é próxima a diversas universidades e ao Hospital das Clínicas: é um verdadeiro caldeirão". Perguntamos a ele se ainda acreditava naquilo que escreveu no blog, há um ano atrás, sobre mudar o que te cerca. Martins respondeu: "Acredito, sem dúvida. Sei que faço minha pequena diferença no mundo. Talvez faça uma grande, no longo prazo. Não digo isso pra me gabar. É uma verdade simples. Os atos simples podem (ou não) ter grandes consequências".

Blogue Casa das Artes - Goiás (consulta em 16/1/2011)

 

Nota: A Biblioteca Municipal de Artes Cênicas Carmelinda Guimarães foi fundada a 27 de agosto de 2008. Seu acervo é composto por doações e conta com livros (1.214), DVDs (230), VHSs (134), CDs (180), CD-ROMs (6), trabalhos acadêmicos (5) e revistas (646), nas áreas de Teatro, Dança, Circo e Ópera. As doações podem ser feitas no próprio local, ou com Gilson (9983-1868 - gilson_borges@hotmail.com) - informação do boletim Olga Mansur (consulta em 16/1/2011)

21/07/2000
HAMLET, HISTÓRIA DE UMA PANTOMIMA TERÁ ENSAIO ABERTO NA QUARTA-FEIRA

O ensaio aberto da peça Hamlet, História de uma Pantomima, primeiro texto teatral de Carmelinda Guimarães, acontecerá na próxima quarta-feira (26/07), às 20 horas, no Teatro Municipal Brás Cubas (Av. Pinheiro Machado, 48 – Vila Mathias). A estréia está marcada para o próximo final de semana, no Municipal, no sábado (29), às 21 horas, e no domingo (30), em duas sessões, 16 horas e 19h30. O ingresso será gratuito e o evento conta com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura (Secult).

A peça será encenada pelo grupo Loucos por Shakespeare com a participação do conjunto Rinascita, especializado em música renascentista, de Cubatão. O espetáculo, com duração de 60 minutos, tem cenários de Bruno Figueiredo, figurinos de Sérgio Guerreiro e direção e iluminação de José Renato, um dos mais importantes diretores de teatro brasileiro, criador do Teatro de Arena, que deu início, nos anos 60, ao teatro político no Brasil. Dentre as peças dirigidas por ele, destaque para Eles não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri.

O texto, de Carmelinda Guimarães, professora doutora em teatro, pela Universidade de São Paulo (USP) e crítica de teatro do jornal A Tribuna, é baseado na obra de William Shakespeare. A idéia de montar o espetáculo partiu de um curso de extensão cultural, Primavera de Shakespeare, ministrado pela autora, no ano passado, na Universidade Católica de Santos (UniSantos).

O projeto teve prosseguimento, neste ano, com um novo ciclo de palestras, workshops e exibição de filmes no Centro de Cultura Patrícia Galvão, contando com a participação da maior autoridade em Shakespeare no Brasil, Bárbara Heliodora Carneiro de Mendonça, e de cerca de 150 pessoas, entre elas, atores de teatro amador que participam da montagem. O último ensaio aberto será na sexta-feira, véspera da estréia.

Site da Prefeitura Municipal de Santos (consulta em 16/1/2011)

Um humanista na crítica teatral
Entro na sua sala de professor do Departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Paredes forradas de livros, a velha e útil máquina de escrever sobre a escrivaninha de aço cheia de papéis, as confortáveis poltronas de couro. É a mesma sala que freqüento há 30 anos. Parece que o tempo não passa por aqui.

Lembro da apresentação que ele escreveu para minha tese de doutorado sobre Antunes Filho. "Quem vê Carmelinda Guimarães com seu tipo mignon, com um rosto quase ingênuo no qual uns óculos tentam dar um ar doutoral, não pode calcular que, atrás dessa imagem quase adolescente, se esconde uma pesquisadora séria, incansável, persistente, apaixonada por seus temas, mas conseguindo um distanciamento necessário para uma análise objetiva e crítica".

Dei-me conta que ele me vê com os mesmos olhos com os quais me conheceu há trinta anos, quando eu era uma jovem atarefada editora do Suplemento Literário de O Estado de S.Paulo. No entanto muito tempo se passou e percorremos muitos caminhos juntos.

Estou aqui sentada nesta sala aonde ele me ajudou a superar momentos de dúvida em minha carreira de estudiosa de teatro. Lembro de nossas conversas, dos livros que me emprestou para meus trabalhos de pesquisa, e principalmente das palavras de incentivo e apoio que sempre recebi dele. Não de paternalismo, mas de apoio, daquele tipo de que conduz um jovem à luta, no caminho do bem.

Entre tantos professores foi sempre ele quem me indicou a forma de pleitear uma bolsa de estudos ou de chegar ao entendimento mais claro de uma questão teatral, quando algum autor ou professor me enredava nos caminhos complexos da semiologia do teatro. Ele clareava aquilo que parecia obscuro ou incompreensível, abria caminhos que pareciam intransponíveis.

Anos mais tarde, quando fiquei amiga de Martim Esslin, George Banú e Moisés Perez Coterillo, entendi que esta clareza pertence aos grandes críticos. Passei a admirar ainda mais a simplicidade de meu mestre e colega Clóvis Garcia.

Colega que tinha sempre todas as informações necessárias para as intermináveis e estressantes reuniões de votações de prêmios de teatro que participávamos juntos todos os finais de ano, APCA, AICT, Moliére, SNT, FUNART. Qualquer informação que se precisasse sobre alguma peça, autor, ator, diretor ou técnico ele tinha prontamente à mão, no fichário impecável que carregava sempre consigo. Sua informação era sempre a mais sólida e consistente. Sua figura o fiel da balança nas discussões.

Companheiro de muitos seminários, nacionais e internacionais, de cansativos festivais de teatro pelas mais variadas cidades do interior do Brasil e do exterior. Me lembro uma vez que visitamos juntos o museu Reina Sofia em Madrid. Ele me deu a melhor aula de artes plásticas que já tive. Sabia tudo de todas as obras.
Viajamos várias vezes para o Festival do Porto, em Portugal. Ao seu lado, um festival nunca era cansativo, por maior que fosse o número de peças que tivéssemos que assistir.

Também nunca o vi cochilar durante uma representação (fato tão comum entre críticos que já chegou a ser tema de reflexão em encontros da Associação Internacional de Críticos de Teatro).

Serão poucos estes motivos para que eu me debruce mais uma vez sobre um tema na dura tarefa de escrever um livro? Não. Tenho a firme convicção que estou deixando um testemunho fundamental para a crítica de teatro do Brasil das próximas gerações, organizando este trabalho sobre a obra do crítico e professor Clóvis Garcia.

Um modelo de crítico humanista, fundamental num momento que a crítica envereda pelo perverso caminho do sarcasmo diante da obra de arte e pelo desrespeito ao artista e ao trabalho intelectual.

Data vênia, querido professor Clóvis, vou invadir seu mundo.

Carmelinda Guimarães

Texto de introdução  no livro Clovis Garcia - A crítica como ofício

Veja também:

A mulher no início da Rádio A Tribuna - Carmelinda Guimarães (31/7/1983)

O salto qualitativo do teatro santista (25/11/1994)

Livro: Memórias do Teatro de Santos (1996)