Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/cultura/cult049h1.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 08/21/12 23:50:11
Clique na imagem para voltar à página principal
CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - Valdomiro Silveira
Valdomiro Silveira (8-b)

Leva para a página anterior
No dia 25 de novembro de 1973, o Suplemento Literário do jornal paulistano O Estado de São Paulo publicou em sua página 5 este conto de Valdomiro Silveira (Acervo Estadão - ortografia atualizada nesta transcrição)
:

Imagem: reprodução parcial da página 5 do Suplemento Literário de 25/11/1973

Bocó-de-mola

Conto inédito de Valdomiro Silveira

Bem se diz que casamento com parentage dá sempre mau resultado.Pois ali estava aquele casal tão unido- o Joaquim Chico e nha Loriana, primos entre si -, que teve a infelicidade de ver no meio dos outros um filho tapera duma vez, a quem deram o nome de Teófilo. O Ribeirão grande inteiro tinha dó dos coitados, por via disso: o que não proibiu certa gentinha de pouco mai ou menos botar no triste do songa-monga o apelido de Bocó-de-mola.

Ora, aquilo pegou com bichas, e só com esse apelido é que o conheciam nas redondezas. Os catatauzinhos de longe gritavam, quando o viam: - O Bocó-de-mola! – e o rapaz irava que nem um tigre, chegava a enchouriçar o pescoço e rugir umas ameaças de abalar céus e terra: os catatauzinhos fugiram numa disparada, se aquele vulto estrangolado dava de correr p'r'o lado deles; e se percebiam que a coisa estava com jeito de amargar, abrandavam a voz e diziam, entreparando:

- Ó Teorfo! P'ra que tamanha zanga?

Ele sustava a carreira, também co' aqueles olhos enormes granados nos provocadores, e vendo que eles não tinham no semblante expressão de caçoada, voltava. Mas não lhe bulissem mais, em seguida, que então perdia as estribeiras e voava em riba dos tais, cego e fungando de raiva: e derrubava cada paulada de cair bicho, a ponto de ser necessário, às vezes, que o Joaquim ou nha Loriana acudisse ao que gemia por debaixo e segurasse o Teófilo. O Teófilo apanhava uns pescoções, caía e levantava-se, recolhia, e ficava a um canto da casa, mudo com um peixe: sabe Deus que craminholas se remexiam naquela cabeça!

O Joaquim Chico, assim que o menino agarrou os doze anos, reinou para descobrir um meio de acabar com tanto disparate. Afinal, a paciência dum homem não é da mesma largura e fundura que o Rio Pardo, e um dia se esgota: e era preciso dar um paradeiro a semelhantes desatinos! Onde é que já se viu agora um manguarão de doze anos encambulhado c'os outros, vestido de camisola e mais vadio que bicho-preguiça? Foi castigo do céu, decerto, mas p'ra tudo se dá remédio,  menos p'r'a mote – e o Joaquim, depois de muito excogitar, descobriu que o remédio ali era a perova e o tala: havia de endireitar o filho a poder de couro e pancadaria velha.

Se bem pensou, melhor fez. Toda manhã, logo que o sol apontava, ia cutucar o Teófilo c'uma guaçatonga fina, clamando que aquilo não era hora de tamanho bezerro estar no lugar quente, e se apinchasse do catre e fosse trabalhar, que quem não trabalha não tem o que comer.

O Teófilo esbugalhava mais os brutos olhos, cujo banco parecia tocado de azul, e pulava meio caído, quase sempre: engolia às carreiras uma tigela de café com leite misturado com farinha de milho, e seguia p'r'um rocio que o pai andava fabricando, dali a umas trezentas braças: e se seguia, era porque o pai lá o ia repontando.

Os outros, louvado Deus, davam conta do eito, porque tinham bom natural e medo da guasca: mas o diabo do samonga amó que cada vez emperrava mais, cada vez ficava mais perrengue e mamparreiro. O tala e o pau cantavam-lhe em riba: qual! – aquilo era mesmo castigo que viera do céu ao Joaquim Chico e à nha Loriana, porque do contrário já teria havido alguma arrumação! – e o rapaz beirava aos quinze anos sem que melhorasse, ao menos um pouco, do juízo, nem tivesse propensão p'r'o serviço. Houve noites áfias que eles gastaram só em falar do filho e fazer cada lamúria capaz de esmoer o coração da gente que o ouvisse: e nha Loriana aconselhava sempre ao marido não batesse tanto no desgraçadinho que afinal não tinha culpa de ser assim.

O Joaquim concordava, arrependia-se, prometia não cometer mais tão grande malvadeza; ao romper do dia tratava de acordar então o Teófilo, porém com toda a brandura, dava-lhe um cuietê cheio de leite com farinha de moinho (de munho chamada), e entregava-lhe a ferramenta: ele pegava-a, que a tudo uma pessoa se acostuma neste mundo! – troteava p'r'o rocio, tropicando aqui, tropicando acolá, caindo mais longe, até que o Joaquim fiava pelas turinas e já o fazia apressar-se a pontapés e cachações: - e no eito era um nunca mais acabar! Os outros, bendita fosse a Providência! – continuavam destorcidos como dantes.

Malhou em ferro frio o Joaquim, porque lucrou tanto como coisa nem uma: o entendimento do Bocó-de-mola parecia piorar cada vez mais; ultimamente se fizera no costume de resmungar pelos cantos, abrindo um bocão terrível, donde os dentes rompiam chatos e escuros como os de um animal erado: e ninguém podia compreender aqueles resmungos e o que significava aquele abrir de boca com tamanha ferocidade. Tão feio se tornava ele em tais ocasiões, que a própria irmandade pegava chão, quando o outro principiava com semelhante esquisitice.

Aí então é que o cacete trabalhava às deveras. O cacete e uns três metros de fumo dobrado e trançado, pois chegou p'ra todos a convicção que o diabo entrara no corpo do sarambé. Morava na Ilha Grande uma benzedeira por nome a Macaca: essa foi chamada, olhou o sintoma da cara, correu cruzes pelo peito do endemoninhado, de cima p'ra baixo, de baixo p'ra cima e nada conseguiu. O tio Procópio, um negro escangalhado que assistia na Mumbuca e tinha fama de muito feiticeiro, passou a mão em quanta veinha havia no Teófilo, e ficou todo na mesma, no ora veja.

O Joaquim começou a desesperar. E não era p'ra menos: um pai de oito famílias, que precisava fazer hoje o que vestir e comer e beber amanhã, atrapalhado c'um imbecil em casa, que além de imbecil vivia c'o rabudo dentro de si, é brinquedo? A coitada da nha Loriana, essa ajoelhava a Nossa Senhora da Conceição, rezava, chorava, chorava mais, rezava mais, puxava terço, fazia promessa, que era até da gente sentir um nó na garganta e uma quentura nos olhos!

Tentaram todo remédio que lhes aconselharam, toda raiz importante, chás de arruda e de erva-cidreira, infusões de palma benta, beberagens de noz-vómica e de losna; pregavam-lhe ao pescoço uma penca de rosários e cruzinhas, mãos de coral, orações encobertas, um dilúvio de miuçalhas! Mandaram-lhe que levasse de joelhos uma temporada comprida, persignando-se de minuto em minuto, olhando a cruz de Nosso Senhor morto: e pediam misericórdia por ele, que não sabia pedir – mas tudo dava em três vezes nada, nada é.

Nha Loriana fez companhia ao marido; ficou tão cheia de esperanças como um sapuvuçú bem seco está cheio de folhas… E então era só chorar aqui o outro chorar mais além, numa demasia que chegava a ser uma lástima.

Apareceu na vila, por esse tempo, um doutor de quem diziam maravilhas: que tinha posto são de tudo um caboclo tantã há muitos anos, o Zeca Piramboia, o qual endoideceu p'r amor da fugida da mulher; que curou os ataques bravos dum menino já deste porte, o Antoninho, filho do Chico Trombeta, que residia em S. Pedro; que tirou o mau olhado duma criança muito bonita, lá p'r'os lados do Criciumal; e uma infinidade de milagres mais.

Foi um próprio buscar o doutor, um dia que o rapaz amanheceu mais esquentado e c'os olhos vermelhos. O doutor veio, examinou-o, perguntou se no meio dos tios ou dos avós não tinha havido nem uma gente que sofresse de gota-coral ou de convulsões fortes: se ele era assim desde pequeno; e por último pediu que o fizessem caminhar um bocado, p'ra ver se não trocava ou não bambeava as pernas.

Depois o doutor tirou uma carteira do bolso, tirou um quarto de papel, tirou um lápis e escreveu uma receita c'uns nomes arrevesados, uns brometos de potássio e outras drogas desconhecidas; ensinou que era preciso todo o cuidado c'o doente; que o doente devia passear, distrair-se, dormir bem, ter alimentação direita e muita vigia em riba dele; porque a doença não deixava de ser perigosa e nalgum momento podia vir um acesso furioso.

O doutor foi-se embora, gabado como um santo, por mostrar ser tão bom curandeiro, que até indagava da vida dos outros, dos pais e dos avós dos outros, u'a moda que ninguém usara ainda por todo este matão desgrenhado. E a esperança, que fugira do coração do Joaquim Chico e de nha Loriana, voltou cheia de fortidão, alegrando a casa inteira: porque eles, a dizer verdade, queriam bem demais ao Teófilo.

Trato mais bom que o que lhe deram, daí por diante, só no palácio dum rei mouro. Nem bem ele pulava da cama, já lhe traziam chocolates de agrião, ou gemadas de leite, ou caldos de mocotós de vaca: no almoço arrumavam-lhe um prato que era uma montanha; no jantar uma sopeira que era uma lagoa, e uma travessa mais empinada que a serra do Jacarézinho, e cada pires de doce mais doce que mandaçaia; de noite, uma terrina de leite, ou uma dúzia de bolinhos de polvilho, ou um bolão de fubá, ou sonhos de farinha de trigo. Só vendo!

A princípio, notaram no semblante do rapaz uns toques de sangue, umas cores boas que vinham vindo. Mas não demoraram muito as boas cores: apareceram e desapareceram logo. O rapaz afinou em vez de engordar, ficou feito um varapau, de magro; apontaram-lhe por debaixo dos olhos uns riscos azulados, assim a modos de florzinha de criciúma já quase murcha: os olhos, esses então tomaram um tom sem propósito de olhos de filho de Deus. Já daí o desespero cresceu novamente no ânimo do pai e no ânimo da mãe: e como cresceu! – rijo e depressa que era mesmo p'ra matar se não fosse a ajuda do céu!

Nesse meio tempo o compadre Joaquim João teimou co'eles que doença daquele sintoma se cura mas é a varadas de fumo: porque se a coisa é de mamparra, a esfrega esperta o sujeito: se a coisa é produto de artes do demônio, o demônio não resiste às pancadas do fumo.

Este compadre Joaquim João tinha sido sempre muito amigo da casa: e não é que de certo ele estava co'a razão toda de seu lado? Assim pensou o Joaquim Chico, já acompanhado por nha Loriana. P'ra encurtar conversas: o doutor o que fez? Contou gronga à toa, umas prosas bonitas que não deram resultado! E de prosas não se vive neste vale de lágrimas!

Foi o Joaquim João falar e o Joaquim Chico ouvir como quem ouve um pedaço de livro santo: no dia seguinte puxou o filho a trambolhões, assim que o dia clareou, pôs-lhe a ferramenta na mão e calcou-lhe p'ra experiência uma dúzia de varadas. Não, que era necessário levar a tarefa de fio a pavio, e nunca mais com panos quentes. Se fosse u'a macacoa passageira, vá lá que se descuidasse, mas c'um estado sério não se brinca: às vezes uma defluxão dá p'ra acabar co'a vida dum pobre, quanto mais um sofrimento assim, que fazia o rapaz definhar de dia p'ra dia! O negócio não ia direito, nem um pouco!

E o Teófilo, cada vez mais rebelde: não corria como de primeiro agora; pelo contrário, ia indo pela estrada devagarinho, feito uma forminga, apesar do pai não descontinuar co'aquela música.

Todos se assombravam, vendo tamanho sossego no meio de tamanha surra: uns tinham muito dó do infeliz, que um cristão, aguentando toda aquela judiaria, sem boca p'ra soltar um soluço, é porque tem muita força de vontade; os outros ruminavam que tudo não passava de mangação do tal chifrudo que estava escondido lá dentro e tomara conta do corpo com tão grande poder, que o corpo nem não sentiu mais nada do mundo.

Histórias! Pois, a falar verdade, o Teófilo andava quito mais não poder; mas quem lhe reparasse no rosto, quando o pai vinha atropelá-lo, veria o rosto mudar de cor duma hora p'ra a outra e uma placa de chumbo pregar-se em cada face, c'um jeito feio que até lhe dava ares de bicho selvagem. Tanto, que uma vez nha Loriana, que se achava perto dele, no já falado rocio, e na ocasião em que o Joaquim Chico ia bater nele, largou um pulo que nem ó duma lebre, de ligeiro, só de terror daquela feição desfigurada.

Vida sem assento, assim, não podia durar muito tempo, e já durava demais. Um dia, cruz, credo! – o diabo a mó' que não teve mais pachorra e entendeu de botar as manguinhas de fora.

O admirável é que a barra da madrugada rompeu bonita como um vestido que sea Gertufes do Ribeirão tem, cor de rosa duma vez. Um ventinho manso cochichava c'os galhos e c'os ramos e os galhos e os ramos pareciam rir, abaixando-se, erguendo-se, encontrando-se uns c'os outros. Um dilúvio de urrus cantava pelo mato fora. Madrugada que nem essa não é própria p'ra desastres e esta foi.

O Joaquim Chico de certo acordou co' elas suspendidas: rolou da cama tal e qual um embrulho, vestiu-se às carreiras, pegou a vara de fumo e um rabo-de-tatu desta proporção – e correu p'r'a cama do Teófilo, enfiando-lhe a ponta duma azagaia no braço direito, até que ele deu acordo de si, assustado e tremendo. E o Joaquim Chico buzinou de raiva, porque o Teófilo deu de coçar o corpo, que não tinha mais fim nem acabamento: por último o rapaz saiu, quase meio arrastado, c'os olhos papudos de sono e o corpo mole-mole ainda.

O café não tardou, que nha Loriana percebeu logo os azeites do marido: e mal o café rodou pela garganta abaixo do Joaquim Chico, o Joaquim Chico segurou a enxada e os instrumentos da pancadaria, e fez caminho, tangendo o filho. Os restantes seguiam mais de longe, conversando em voz abafada: e um deles, o caçula, toda hora estremecia, falando baixo: - Faça florescer as pedras! – porque era a morte que estava toda hora passando por ele. Chegaram a pôr sentido em tanto estremecimento do Joaquimzinho; mas o cultivado mostrou a cara no rasgão da mata-virgem e ninguém mais pensou naquilo. Com certeza era friagem.

Até a umas cinco braças de sol o serviço correu sem  atrapalhação, bem cerrado como sempre. Era uma quebra de milho que precisava ser feita quanto antes, porque os queixadas andavam saindo na roça, e quando saem numa roça vai tudo raso. Tinham já derrubado uns oito carros, e o Teófilo ajudava, quando o Joaquim Chico mandou destampar o almoço, que a fome dissera umas novidades lá no estômago dele. Procuraram uma aguada anexa à plantação, estenderam uma toalha à beira mesmo, e cada um puxou sua colher p'ra fazer pela vida.

A fome do Teófilo – ê! Fome! – parecia canina. Aquilo foi só abrirem atoalha e já ele cair co' as mãos abertas em cima da marmita, c'uma violência que nem se pode dizer. Um pobre de estrada, bem miserável e sequinho, que tivesse passado três dias em jejum, pela certa não havia de fazer tão má figura como aquela! E o Joaquim Chico irou, mordeu os beiços, de tanta fúria, passou os dedos abertos pelos cabelos, largou uns gritos danados:

- Porque é que você 'tá com tamanha esganação, ô diabo?

E trunfou-lhe a vara de fumo às direitas, descanjicou as costas do desgraçado assim como quem malha feijão.

Pois foi nesse momento que a paciência do Teófilo não pode mais aturar. Um pote em baixo da bica, meio em falso, fica de pé até certa proporção, mas quando se enche de todo, cai por força: a paciência do Teófilo rodou por este feitio. Ele 'garrou um cacete de guaiuvira que servia de bastão p'r'o Joaquimzinho, frenteou c'o pai, e descarregou-lhe o pau a risco de vida. A rapaziada, presenciando uma coisa tão impossível, ganhou rumo do mato-grosso: e ninguém pôde valer ao Joaquim Chico em tal inficionado pedaço.

As bordoadas caíam a torto e a direito, pela testa, pelas orelhas, pelo nariz, pela boca, pelos ombros, pelos braços, c'um vigor que nem tinha mostra de ser de gente da terra: e o Joaquim Chico uivava de dor, caído no chão e torcendo-se, ensanguentando a toalha e a aguinha com tanto desperdício de sangue, que chegou um instante em que só se via correr mesmo sangue em lugar de água.

Quando ele desfaleceu, então, o Teófilo, c'os olhos escancarados e os dentes unidos, botou-lhe um joelho no peito e enfiou os três dedos maiores de cada mão numa brecha do alto da cabeça; puxou, que puxou, com quanto tutano tinha; vendo que não arranjava nada, pegou uma lasca de lenha, para servir de cunha, e rebateu-a co'a guaiuvira; depois tirou-a, botou de novo as mãos na brecha, sacou dos dois lados, e a cabeça partiu-se de meio a meio; escorreu um chorinho vermelho, de entre os miolos, e o Teófilo agachou-se ainda, chupou-o, p'ra logo em seguida gargarejá-lo fora; maneou o corpo p'r'o corgo e sentou-se junto da sangueira, falando c'um porte de voz que semelhava rugido sobre rugido:

- Agora 'ocê não me judia mais! Agora 'ocê não me judia mais! Agora 'ocê não me judia mais!

(Este conto foi publicado em O Filhote, edição da tarde da Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, de 31 de maio de 1897).


VOCABULÁRIO

Áfio, áfia – A fio (já se encontra em Camilo).

Apinchar, v. tr. – Atirar,lançar, jogar. V. Refl. – Atirar-se, jogar-se.

Bruto, a, adj. – Grande, forte, decidido.

Buzinar, v. intr. – Ficar zangado; falar enfurecido.

Catatau – Menino; indivíduo de estatura muito baixa.

Chifrudo – o diabo.

Craminholas, s. f. pl. – Pensamentos vários e desencontrados.

Cuieté, s. m. – Planta vulgar, de cjo fruto se fazem vasilhas de vário préstimo. Registrado nos dicionários como cuité.

Descanjicar, v. tr. – Bater com violência em alguma coisa, espatifa-la ou parti-la.

Desgrenhado, adj. – Basto, denso, fechado, cerrado.

Destorcido e também Destrocido – Ágil, destro, esperto.

Eito, s. m. – Serviço marcado, tarefa. Espaço de tempo.

Esfrega, s. – Grande trabalho. Surra, pancada.

Esganação – apetite desordenado.

Estrangolado, adj. – De formas defeituosas. Mal vestido, mal arranjado. Por ext.: de mau procedimento.

Família, s. f. – Filho.

Granar os olhos – Fitá-los em alguém, ou nalguma coisa.

Gronga, s. f. – Feitiçaria por meio de bebidas. Embrulhada.

Guaçatonga, s. f. – Árvore de mata-virgem e capoeirão, de folhas largas.

Guaiuvira – árvore de mata-virgem.

Guasca, s. f. – Relho feito de corda ou de couro.

Inficionado, adj. – Difícil, penoso, arriscado, trabalhoso.

Mamparra, s. f. – Preguiça, demora no trabalhar, delonga.

Mandaçaia, s. f. – Abelha silvestre, que produz excelente mel.

Manguarão, s. e adj. – Aumentativo de manguara, bengala comprida, cacete. Como s. ou adj., significa também o indivíduo de estatura elevada e magro.

Perova, s. f. – Árvore de que há várias espécies: também peroba.

Perengue, adj. – Frouxo, mole, desalentado.

Porte, s. m. – Tamanho, vulto.

Próprio, s. m. – Mensageiro, recadeiro.

Rabudo (O) – O demo, o diabo, a quem chamam também chifrudo.

Reinar, v. intr. – Trabalhar, esforçar-se.

Repontar, v. tr. – Trazer tropa ou manada para certo ponto.

Rocio – Roça antiga, aproveitada para capinzal.

Samonga, adj. 2 gên. – Lerdo, tolo, idiota.

Sapuvuçu – Árvore copada, que é padrão de terra boa de cultura.

Sarambê, adj. 2 gên. – Tolo, idiota. O mesmo que samonga.

Sintoma – Aparência, parecença, semelhança.

Songa-monga – s. m. – Indivíduo atoleimado, bobo, idiota.

Sonhos – biscoito de farinha e ovos, frito em gordura.

Suspendidas, s. f. pl. – Almorreimas muito inflamadas.

Tantã, adj. – Desequilibrado, tonto, maluco, aluado.

Tapera, s. f. – Fazenda, casa, sítio, lugar abandonado, onde o mato cresceu livremente. Como adj. dos 2 gên., significa: desarvorado, fora de si, atoleimado, tonto.

Turinas (estar pelas) – Muito zangado, irado em excesso.

Leva para a página seguinte da série