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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
A chegada dos fertilizantes (1)

Em 1969, começaram a se instalar as indústrias produtoras de adubos

No final da década de 1960, o município cubatense começava a contar com um novo setor industrial: o dos fertilizantes, inaugurado com a instalação da Ulrafértil. Nessa época, o Brasil começava uma fase de rápido crescimento econômico, sob o regime militar, que tinha como principais metas econômicas a substituição das importações e o incentivo à agroindústria. O fato foi registrado pelo antigo jornal santista Cidade de Santos, na edição de 1º de maio de 1969:


A Ultrafértil em 1970, ainda em fase de instalação
Foto: Cubatão Ontem e Hoje, um Marco do Desenvolvimento, de 1970
(editora Hallison Publicidade Ltda., S.Paulo/SP)

Mais uma indústria para Cubatão

O maior complexo industrial produtor de fertilizantes da América do Sul está sendo construído em Piaçagüera, Cubatão, numa área de 2 milhões de metros quadrados. Quando esse complexo, composto de sete fábricas, entrar em funcionamento - até o fim do ano - produzirá uma tonelada de fertilizantes por minuto, o que dará ao Brasil uma economia anual de divisas da ordem de 23 milhões de dólares.

Quase toda a matéria-prima necessária para a fabricação de fertilizantes, até agora importada, será produzida nessas fábricas.

Cerca de 210 milhões de cruzeiros novos é quanto o grupo brasileiro Ultra (Ultragás, Ultralar), associado ao grupo norte-americano Phillips Petroleum Company, está investindo em Cubatão, para realizar esse empreendimento, considerado um dos maiores do Brasil: a Ultrafértil.

Por quê fertilizantes - Segundo pesquisas feitas pelo grupo Ultra, 80% das terras cultivadas no Brasil precisam ser corrigidas, pois são terras pobres, quase não têm calcário para anular sua alta acidez, e por isso precisam de fertilizantes.

Ainda nesta pesquisa, os técnicos do grupo constataram que as colheitas vão consumindo a fertilidade natural da terra e, como conseqüência dessa exaustão, as colheitas vão progressivamente diminuindo, até que a terra morta acaba sendo abandonada pelo agricultor.

E é partindo do princípio de que "fertilizando a terra, as colheitas ficarão melhores, e assim o Brasil crescerá mais depressa, com melhores terras", que o Grupo Ultra está construindo o primeiro complexo integrado de fábricas de fertilizantes da América Latina.

O complexo da Ultrafértil dará novos empregos na Baixada Santista; mesmo antes de funcionar, já contratou mais de 1.500 operários, para construírem e colocarem em funcionamento as fábricas, no segundo semestre deste ano. As firmas Montreal, Servix e Setal-Koppers são as responsáveis pela construção.

Um porto para a Ultrafértil - Para atender ao seu complexo industrial, a Ultrafértil se utilizará de um porto próprio que já está sendo construído na Ilha Cardoso (Piaçagüera), ao lado do porto da Cosipa.

Esse porto terá 160 metros de cais, bacia de evolução de 500 mil metros cúbicos e a capacidade de descarga para mil toneladas-hora. Permitirá também a atracação de dois navios de cada vez.

A construção do porto foi iniciada em 1967, com a dragagem da bacia de evolução, e estará em condições de funcionamento na mesma época em que as fábricas começarem a operar.

O porto da Ultrafértil vai receber todas as matérias-primas que não existem no país, e futuramente servirá para exportar os fertilizantes, tanto para outros Estados como para outros países.

A sua localização, perto do conjunto das sete fábricas, favorecerá o recebimento da matéria-prima por via marítima, reduzindo os custos das operações, e evitará os problemas que o movimento normal pelo porto de Santos poderia acarretar.

A comercialização dos fertilizantes - Paralelamente à construção de seu complexo industrial no município de Cubatão, o grupo Ultra já tem em funcionamento, em várias regiões agrícolas dos Estados de São Paulo e Paraná, 14 Centros de Serviços Agrícolas.

Os Centros de Serviços Agrícolas comercializam parte da produção de Piaçagüera, e também prestam importantes serviços ao homem do campo, criando uma nova mentalidade na técnica de plantio. Através de um grupo de engenheiros agrônomos, colocados em cada centro, a Ultrafértil está promovendo uma assistência técnica ao lavrador, antes, durante e após o plantio, sem qualquer ônus para os mesmos.

O que é o fertilizante - O fertilizante é uma descoberta que tem 100 anos de existência. A princípio, pensava-se que as plantas se alimentavam exclusivamente de água. Acreditava-se que o solo tinha unicamente a função de manter a planta de pé, além de proteger as suas raízes contra o frio e o calor.

Outras teorias surgiram e uma delas foi estabelecida após uma experiência onde foram colocadas duas plantas iguais, uma em água pura, e a outra em água contendo uma pequena quantidade de terra. O resultado foi que a planta cultivada em água pura morreu, enquanto a outra conseguiu se desenvolver. Ficou assim provado que o alimento vinha do solo, e não da água.

Ao lado desta teoria, surgiu outra em que se afirmava: "As plantas se alimentam exclusivamente de matéria vegetal e animal, em decomposição, ou seja, matéria orgânica".

Todas estas teorias foram por água abaixo quando, em 1840, o cientista alemão Von Liebig deu a explicação real do fenômeno. O cientista apresentou um relatório que ficou mundialmente famoso. Afirmava ele que as plantas só encontram alimentos em substâncias inorgânicas minerais da terra e outros elementos constituintes do ar e da água..

Determinou o cientista que 95% da matéria seca das plantas vêm do ar atmosférico. Esclarecia que, para formar esses 95%, as plantas deviam ser capazes de absorver aproximadamente 5% da substância do solo.

As experiências de Von Liebig refutavam uma convicção antiga: a de que o adubo animal ou vegetal tinha propriedades insubstituíveis para a nutrição das plantas.

Von Liebig provou que as plantas absorvem apenas os minerais das matérias orgânicas. Mas a substância orgânica tem que ser decomposta pelas bactérias do solo para que os minerais possam ser absorvidos pelas plantas.

Afirmava o cientista que um agricultor que dependesse apenas de um adubo animal ou vegetal não poderia nunca se desenvolver no ritmo requerido.

A partir de Von Liebig se pôde introduzir uma nova idéia sobre nutrição das plantas, permitindo a criação de nutrientes químicos necessários à fertilidade das terras. Von Liebig estabeleceu, também, uma lei que foi de importância vital para a compreensão das necessidades das plantas em desenvolvimento. Essa lei ficou conhecida como a "Lei do Mínimo", e diz o seguinte: "O rendimento de uma safra é limitado pela falta de qualquer um dos elementos necessários, mesmo que todos os outros elementos estejam presentes nas quantidades certas".

Para se entender esse princípio, imaginemos que todos os elementos de que a planta precisa formam uma corrente com vários elos. O Nitrogênio é um elo da corrente, o Fósforo é o outro, o Potássio outro, e assim por diante.

O crescimento das plantas - Na verdade, o milagre do crescimento das plantas depende de um certo número de elementos, dezesseis dos quais são hoje considerados vitais e entre eles estão o nitrogênio, o fósforo e o potássio. Se um desses elementos existe na terra em pequena quantidade, a planta sofre e a colheita se torna pobre.

De todos os elementos que são necessários, o nitrogênio, o fósforo e o potássio (conhecidos como "NPK") são aqueles que precisam estar presentes em maiores quantidades. Depois vêm o cálcio, o magnésio, o enxofre e os micro-elementos: boro, manganês, cobre, zinco, ferro, molibdênio e cloro.

O nitrogênio ajuda no crescimento das plantas, dá aquela cor verde escura, desenvolve o fruto ou semente e aumenta a quantidade de proteínas, em termos de alimentação. O fósforo estimula a formação de raízes, faz as plantas crescerem depressa, ajuda a formação de sementes. E o potássio aumenta o vigor das plantas, sua resistência às doenças e produz caules fortes.

Então, a conclusão a que se chega é que qualquer que seja o fertilizante, químico ou natural, deve conter o NPK, que são os três nutrientes básicos das plantas. Quanto maior a quantidade desses três elementos num fertilizante, tanto melhor para a colheita.

Para se ter uma idéia de como a terra é sacrificada, basta dizer que uma safra de 180 sacas de milho por alqueire tira da terra as seguintes quantidades de elementos químicos: 275 quilos de nitrogênio; 101 quilos de fósforo; e 203 quilos de potássio. Portanto, é necessário devolver à terra essas riquezas, para se poder obter uma outra boa safra.

A produção da Ultrafértil em Cubatão - Os dirigentes da Ultrafértil afirmam que a finalidade do complexo de Cubatão é produzir fertilizantes altamente concentrados, ou seja, de elevado teor nutriente. São os fertilizantes nitrogenados, fosfatados e potássicos de que a agricultura brasileira precisa. Para eles, os fertilizantes de alta concentração resultam em grande eficácia para o plantio, pois chegam a conter 82% de nitrogênio, como no caso da amônia anidra.

O complexo da Ultrafértil terá sete fábricas integradas que produzirão amônio, anidra, ácido nítrico, solução de nitrato de amônio, nitrato de amônio perolado, ácido sulfúrico, ácido fosfórico e diamônio granulado.

A produção de amônio anidra, nitrato de amônio (em solução e granulado) e fosfato de diamônio (granulado) será vendida aos agricultores e para outras indústrias. O ácido nítrico, o ácido sulfúrico e o ácido fosfórico servirão de matéria-prima para as outas fábricas do complexo.

A amônia anidra e o nitrato de amônio se apresentarão sob forma líquida. O fosfato de diamônio e o nitrato de amônio serão produzidos em grânulos, 100 por cento solúveis.

A primeira: amônia anidra - A amônia anidra, por conter 82 por cento de nitrogênio, é considerada a maior fonte deste elemento. Por esta razão, a fábrica de amônia anidra - a primeira fábrica do complexo - é considerada pela Ultrafértil como "unidade básica de todo o complexo, e por esta razão será a primeira das sete a entrar em funcionamento".

As matérias-primas para a amônia anidra são a nafta e o ar atmosférico. A nafta é uma fração da destilação do petróleo bruto; o seu fornecimento será feito pela Refinaria Presidente Bernardes e outras refinarias nacionais de petróleo. O ar atmosférico é vital para a produção da amônia anidra, porque contém 80 por cento de nitrogênio.

A amônia anidra é formada pelo nitrogênio proveniente de 22,4 toneladas por hora de ar atmosférico, do qual são removidos o oxigênio e o gás carbônico, e do hidrogênio obtido pela reforma de 490 metros cúbicos por dia da nafta (hidrocarboneto líquido). A nafta e o ar atmosférico são aquecidos a 900 graus centígrados e comprimidos juntos, num processo "catalítico de síntese".

A fábrica será dividida em duas partes. Uma parte, a preparação do gás de síntese, e a outra para a sua conversão em amônia anidra.

Os equipamentos básicos são compostos por reformadores, absorsores, compressor centrífugo, conversor contendo o catalisador, condensadores e tanques intermediários para depósito do produto.

Da produção inicial de 454 toneladas métricas por dia de amônia anidra, parte será vendida e aplicada diretamente na lavoura através de equipamentos especiais. Outra parte será utilizada como matéria-prima nas outras fábricas do complexo e uma terceira parte servirá para outros usos industriais.

A amônia anidra, além de ser empregada na fertilização dos solos, é o composto básico para a produção da quase totalidade dos fertilizantes nitrogenados.

Além dessas duas finalidades, a amônia anidra poderá ser empregada em outras áreas industriais, tais como: na fabricação de fibra sintética, na produção de soda (carbonato de sódio), nas indústrias de refrigeração (frigoríficos em geral), na indústria metalúrgica, na indústria da borracha, na refinação do açúcar e na indústria do papel como agente de limpeza em geral.

2ª fábrica: ácido nítrico - Toda a produção inicial de 567 toneladas métricas por dia de ácido nítrico, produzido nesta 2ª fábrica, servirá como matéria-prima para a fábrica de solução de nitrato de amônio.

Para se fabricar o ácido nítrico, serão usados como matérias-primas a amônia anidra e o ar atmosférico. O ácido nítrico é produzido mediante a oxidação de 163 toneladas por dia de amônia anidra, com 2.870 toneladas por dia de ar atmosférico, através de catalisadores apropriados.

Os gases produzidos no processo serão absorvidos em água, obtendo-se o produto final na concentração de 57%. O processo será efetuado a 950 graus centígrados e sob pressão de 0,83 graus atmosféricos. O equipamento consiste em trocadores de calor, compressores, absorsor e recuperadores.

Solução de nitrato de amônio, a 3ª - As matérias-primas deste produto são o ácido nítrico e a amônia anidra, que são produzidos nas outras fábricas do complexo da Ultrafértil.

A solução de nitrato de amônio é produzida pela neutralização de 567 toneladas por dia de amônia anidra. Essa solução de nitrato de amônio, a 83%, poderá ser diluída em água e servirá para a venda como solução nitrogenada a outros produtores de fertilizantes e para a aplicação direta na lavoura.

A produção de 689 toneladas métricas por dia da solução de nitrato de amônio poderá ser aplicada tanto por ocasião do plantio quanto na cobertura das culturas carentes, que necessitam principalmente de nutrientes nitrogenados para seu desenvolvimento.

Nitrato de amônio perolado - Parte da produção obtida na fábrica de solução de nitrato de amônio será utilizada nesta fábrica, onde será concentrada e pulverizada em torres especiais que transformarão o produto em pequenas esferas (pérolas) sólidas de nitrato de amônio. Este produto conterá 33,5% de nitrogênio e será comercializado diretamente pela Ultrafértil, para atender à lavoura brasileira. A fábrica produzirá 549 toneladas métricas por dia do nitrato de amônio perolado.

5ª fábrica: ácido sulfúrico - A produção de 645 toneladas métricas por dia do ácido sulfúrico será utilizada para acidular o minério de fosfato (rocha fosfatada) para a fabricação do ácido fosfórico em outra unidade componente do complexo da Ultrafértil.

As matérias-primas do ácido sulfúrico são o enxofre e o ar atmosférico. O ácido sulfúrico é produzido pela combustão de 218 toneladas por dia do enxofre em presença de 3.100 toneladas por dia do ar atmosférico.

Os equipamentos básicos desta fábrica são: compressores, secadores, recuperadores de calor, conversor, concatalisador e torre de absorção.

6ª fábrica: ácido fosfórico - Assim como o ácido sulfúrico serve como matéria-prima para o ácido fosfórico, este servirá de matéria-prima para a fabricação do fosfato de diamônio. Toda a produção de 227 toneladas métricas por dia do ácido fosfórico será utilizada na fábrica de fosfato de diamônio.

As matérias-primas do ácido fosfórico são a rocha fosfatada e o ácido sulfúrico (93%). Sua produção se dará através da acidulação de 840 toneladas por dia da rocha fosfatada e pelas 645 toneladas diárias de ácido sulfúrico.

Fosfato de diamônio granulado - As matérias-primas do fosfato de diamônio são o ácido fosfórico, a amônia anidra e o ácido sulfúrico. O fosfato de diamônio é obtido por uma reação de neutralização entre 227 toneladas por dia de ácido fosfórico, 103 toneladas por dia de amônia anidra e 187 toneladas por dia do ácido sulfúrico.

O fosfato de diamônio terá a forma granulada e será um produto básico da Ultrafértil, pois é um fertilizante nobre, contendo 18% de nitrogênio e 46% de anidro fosfórico.

Como o nitrogênio, o fósforo é um dos três nutrientes básicos das plantas, pois ele é essencial para a formação da raiz, para a maturação rápida, para a formação das sementes e para incrementar a resistência dos grãos ao frio. O fosfato de diamônio, por ser um fertilizante totalmente solúvel em água, facilita muito a sua absorção pela planta.

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