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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - CAMINHOS
Cubatão e os caminhos da Serra do Mar (1)

A difícil subida da montanha, a partir do porto de Piaçagüera
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Texto incluído na obra Antologia Cubatense, selecionada e organizada pela professora Wilma Therezinha Fernandes de Andrade e publicada em 1975 pela Prefeitura Municipal de Cubatão, páginas 43 a 45:
 
Notícia dos Cubatões antigos

MADRE DE DEUS, Frei Gaspar da. Notícia dos Cubatões Antigos. Documento da Coleção José Bonifácio do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, de 1º de janeiro de 1778. In: Província & Nação Paulística - Retrato do Brasil - Coleção Documentos Brasileiros, vol. 152. Rio de Janeiro, 1972, p. 21 e 22.

Em Paulística, cuja 1ª edição é de 1925, o escritor paulista Paulo Prado (1869-1943) publicou valiosa "notícia" sobre o Caminho do Mar, da qual copiamos um trecho.

Nesse estudo, Paulo Prado transcreve interessante documento de 1778, que se encontra na Coleção José Bonifácio, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, e que supõe ter sido de autoria de Frei Gaspar da Madre de Deus. Chama-se "Notícia dos Cubatões Antigos" e oferece uma síntese histórica dos itinerários entre o litoral santista e o planalto, desde Piaçagüera até o Cubatão Geral que era o utilizado em 1778. Também dá uma descrição dos outros caminhos que do planalto chegavam ao litoral, abrangendo a área que vai de Ubatuba até Paranaguá.

"Para facilitar o comércio interior das terras de Serra acima com o Porto de Santos e de S. Vicente houve em primeiro lugar o Cubatão, e Caminho de Piaçagüera velha de Santos, pelo qual subiu para os Campos de Piratininga, hoje São Paulo, o primeiro donatário Martim Afonso de Souza; porém já antes era praticado pelos naturais o da Bertioga, que vinha de Mogi das Cruzes, por ele desceram os índios bravos, que quiseram acometer os moradores da Bertioga, o que não executaram em atenção a ser o português João Ramalho casado com uma filha do seu Cacique Tibiriçá. Este Caminho dos índios se acabou logo que para Mogi das Cruzes se abriu outro que seguia a serra imediata ao rio Jerubatuva; contudo falta ainda dela uma sesmaria concedida por Álvaro Luís do Vale cap. loco-tenente do Conde de Monsanto ao Padre Gaspar Sanxes aos 9 de novembro de 1625 e hoje há nova picada aberta para Mogi para onde se vai em meio dia.

O mesmo sucedeu ao caminho de Piaçagüera velha acima mencionado, o qual ficou sem uso depois que se começou a seguir outro caminho a que os Antigos chamaram de Padre José (Missionário Anchieta) que hoje é Cubatão geral. Preferiu-se este novo Caminho por ser menos infestado dos índios bravos que o outro.

Depois abriu-se outro caminho que vinha seguindo a serra imediata ao Rio de Jurubatuva pela parte do Sul e saía junto ao Caniú a pouca distância de Santos no sítio chamado do Padre Cardoso; este Cubatão acabou e veio a dividir-se o caminho antigo em dois no cimo da Serra, um vinha procurar as terras que foram do Mel. Castro e Oliveira e se chamou de Piaçagüera nova ou Cubatão de Mogi e Pilar; o outro vinha ter ao sítio de São José e seguia as margens do Jerubatuva e por isso se chamava Cubatão de Jerubatuva. Por serem ambos estes rumos mais cômodos desamparou-se o primeiro que seguia a Serra; porém não obstante ser a Serra mais baixa em Piaçagüera nova é contudo muito íngreme quando a de Jerubatuva e muito doce e pode ser facilmente aberta de modo que por ele subam e desçam carros. Desde a fralda da serra pode abrir-se uma estrada com muita facilidade por terra até a ilha dos Padres defronte de Santos.

Além destes Cubatões propriamente da Vila de Santos havia outro da Vila de São Vicente, os Cubatões e Caminho de Piaçagüera do Cubatão do Cardoso de São Vicente de de Santo Amaro (o documento está com muitas emendas, dificultando a leitura) todos tinham origem para lá do chamado Rio de São Vicente, porém em maior ou menor distância iam meter-se no Caminho do Cubatão geral para S. Paulo.

Até o 1º de janeiro de 1778, existiam e estavam em uso os Cubatões e Caminhos de Jerubatuva, Piaçagüera nova de Santos, Cubatão Geral, Piaçagüera de São Vicente e os de Santo Amaro e Cardoso de São Vicente. Dos que se dirigiam a Mogi, saíam travessas pelas quais se ia a São Paulo. Porém, neste ano de 1778, pela primeira condição do contrato do Cubatão, foram fechados os outros, e só se conservaram o Cubatão Geral e o de Piaçagüera nova de Santos, o qual por fim também acabou.

Além destes Cubatões e Caminhos de Vila de Santos e São Vicente, havia também os Cubatões e Caminhos de Ubatuba e São Sebastião da parte do Norte. Este último se dirigia a Mogi por Santo Antonio de Caraguatuba, em que houve Vila pelos anos de 1655 até 1666 que passou para Ubatuba, Campos de Boa Vista e rio da Paraíba. Na costa para o Sul, houve o da Conceição de Itanhaém que ia ter à Freguesia de Santo Amaro, a 3 léguas de São Paulo; o de Iguape que se dirigia pela Ribeira do seu nome até os portos das lavras de ouro de Unamurunduva e Iporanga, seguindo do primeiro porto para as minas do Paranapanema e do segundo para os de Piai; e finalmente o de Paranaguá, que vai ter aos campos gerais de Coritiba.

Seria muito útil abrir de novo os Caminhos Velhos que forem necessários para facilitar o comércio interno e externo das Povoações da Serra acima com os Portos de Mar pondo-se Registros para cobrança dos direitos Reais naquelas que vão ter aos Portos de mar, em que nao há Alfândega Real".

N.E.: Conceição de Itanhaém - atual Itanhaém/SP. Jerubatuva = Jurubatuba/SP. Coritiba = Curitiba/PR. Ilha dos Padres - atual Ilha Barnabé, em Santos/SP.

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