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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
Jardim entre indústrias vai chegando ao fim

Como outros enclaves habitacionais na zona industrial, Jardim São Marcos tem seu fim previsto

A exemplo da Vila Parisi, extinta oficialmente alguns anos antes, outro bairro residencial pobre de Cubatão deve ser erradicado, com a transferência dos moradores para um conjunto habitacional. A matéria a seguir registra a tendência e as expectativas dos moradores, às vésperas dessa mudança. Foi publicada no jornal  semanal Folha de Cubatão, referente (data de capa) à semana de 19 a 22/1/2004:

Jardim São Marcos vai desaparecer através do projeto Habitar Brasil


Incluído no projeto Habitar Brasil, o Jardim São Marcos espera uma posição do Governo Federal para deixar de existir. Vizinhos das chaminés da Ultrafértil, os moradores temem a mudança para um conjunto habitacional, pois afirmam que a maioria desempregada 
não conseguirá pagar o aluguel
Foto de Carlos Moura publicada com a matéria

Encravado no pólo industrial, Jardim São Marcos prepara-se para desaparecer

"É perigoso, mas temos que correr o risco"

Depois de 20 anos da tragédia na Vila Socó, na qual Cubatão perdeu mais de 90 vidas em um acidente provocado pelo vazamento de um oleoduto da Petrobrás, a Cidade luta para nunca mais passar por uma situação parecida e quer a extinção de um bairro que, vizinho das chaminés da Ultrafértil, corre riscos.

Encravado no pólo industrial, o Jardim São Marcos já foi zona de prostituição, mas hoje abriga 136 famílias, totalizando cerca de 330 pessoas. Sem rede de água e esgoto, sem sistema de iluminação, escola ou regularização, já que é uma área de invasão, o São Marcos está incluído no programa Habitar Brasil, uma parceria do Governo Federal com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O programa visa à remoção das famílias do local para um conjunto habitacional e o investimento será dividido entre Governo Federal, BID e Prefeitura Municipal de Cubatão. Agora o bairro espera uma decisão do Governo para que o contrato seja assinado e as famílias possam ser removidas.

Uma organização não governamental atua no bairro, conscientizando sobre os riscos e preparando a população para uma possível remoção. A Associação Cubatense de Capacitação para o Exercício da Cidadania (ACCEC) tem uma sede no Jardim São Marcos (com parceiros como Bunge Fertilizantes e Ultrafértil) e, depois de ter trabalhado com as crianças, sentiu a necessidade de atender também aos adultos.

"Hoje, a nossa maior preocupação é capacitar as pessoas do Jardim São Marcos para o trabalho", diz o presidente da ACCEC, Antônio de Pádua Maia Azevedo. Cursos de manicure, cabeleireiro e artesanato serão oferecidos.


Morador olha o bairro com tristeza por causa da possível mudança
Foto de Carlos Moura publicada com a matéria

O trabalho da ONG, que neste ano de 2004 intensifica-se no aspecto do trabalho, enquadra-se perfeitamente nas principais preocupações dos próprios moradores. Para eles, o medo da remoção está em não conseguirem se manter no conjunto habitacional.

"Eu não queria sair daqui. No bairro temos um rio para pescar, lugar para plantar. E lá, como vamos fazer?", diz, preocupada, Cristina Santana dos Santos, de 23 anos e 5 morando no Jardim São Marcos.

Atualmente, Cristina está desempregada, mas, quando trabalhava "na barraca" (como ela chama os restaurantes que oferecem comida para os trabalhadores das indústrias próximas), ganhava por mês R$ 150,00, dinheiro com que se sustentava e a seus três filhos. Segundo Adonias Firmino, que é vizinho da Ultrafértil há 26 anos, a maioria das pessoas que moram no bairro estão desempregadas, como Cristina e ele, e não terão condições de pagar o aluguel.


Jardim São Marcos está a um passo do desaparecimento
Foto de Carlos Moura publicada com a matéria

O perigo real - Exagero dizer que a comunidade do Jardim São Marcos mora ao lado do perigo? Talvez não. Isso porque, em caso de acidente ou algum vazamento nas tubulações que transportam amônia, outro acidente de grandes proporções pode acontecer em Cubatão.

Tanto as indústrias como a população têm ciência do perigo. Existe uma equipe que já precisou ser acionada, como conta Edimilson Batista. "Eu tenho 16 anos, nasci e fui criado aqui no São Marcos. Já aconteceu de termos de sair correndo, nos entregarem máscaras e nos tirarem daqui às pressas porque algo de errado tinha acontecido nas indústrias".

Ainda assim, o jovem diz que prefere ficar e concorda quando o amigo Cleidimar Costa dos Santos diz que "é perigoso, mas temos que correr o risco".

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