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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
Indo trabalhar em Cubatão... pelos rios

No caminho, comodidades, como televisão a cores, cantina, banca de jornais, som ambiente, campeonatos de xadrez e dominó...

Todo dia, centenas de ônibus deixam Santos, São Vicente, o ABC paulista e outras cidades com destino ao pólo industrial de Cubatão, levando os trabalhadores que não residem neste município. No final do turno, grande movimentação ocorre no sentido inverso, nas principais rodovias que cortam Cubatão.

Mas já houve um tempo em que muitos desses trabalhadores usavam a ferrovia e até o sistema hidroviário para tais deslocamentos, racionalizando o uso dos meios de transporte na região. Era uma época em que se discutia muito o uso da navegação costeira (a chamada navegação de cabotagem) como forma de diminuir o gasto nacional do caro petróleo importado.

No início da década de 1980, o assunto preocupava os dirigentes da Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), que por diversas vezes promoveram seminários para debater a questão, como acompanhou o editor de Novo Milênio, então responsável pela edição do caderno semanal Marinha Mercante em Todo o Mundo no jornal O Estado de São Paulo, que registrou, em 29 de junho de 1982:

Apesar das resistências, o plano é expandir ao máximo o transporte integrado na Cosipa
Foto publicada com a matéria

CABOTAGEM É VIÁVEL

Acidente na SP-55 e ferrovia reforça tese de integração dos transportes na Cosipa

Na chamada "Rodovia da Morte", a estrada paulista Cubatão-Guarujá, ocorreram em 1980, com a passagem de 29.599 veículos, 416 acidentes; em 1981, passando 25.556 veículos, ocorreram 419 acidentes, e neste ano, segundo estatísticas do Departamento de Estradas de Rodagem, até abril, haviam passado 19.197 veículos, com 127 acidentes (de que resultaram 10 mortos e 109 feridos).

Na quinta-feira passada, uma composição ferroviária com sete vagões vazios tipo gaiola era manobrada pela Rede Ferroviária Federal, no ramal de Piaçagüera, defronte à Cosipa, quando um dos vagões descarrilou, atingindo uma pilastra de sustentação do viaduto da pista Cubatão-Guarujá. Com isso, ficou interrompido por quase 24 horas o tráfego rodoferroviário no trecho, causando grandes congestionamentos de veículos e vagões, até a pilastra ser reforçada com tubos metálicos de sustentação.

O acidente foi utilizado pela Cosipa - que tinha programado para a sexta-feira uma demonstração à imprensa do funcionamento do sistema de transporte integrado de seus funcionários entre a residência e o local de trabalho - como forma de comprovar a importância e eficiência do sistema. E isso no momento em que se lembrava o acidente rodoviário ali ocorrido, cinco anos atrás, num dia 28 de junho, quando 13 funcionários da Cosipa foram tragicamente envolvidos.

Planos de mudança - Apesar da resistência verificada na área sindical (o sindicato dos metalúrgicos de Santos contesta o direito da Cosipa de alterar o sistema de transporte), a siderúrgica tem planos para mudança radical nos percentuais de transporte rodoviário, ferroviário e hidroviário.

Tendo apresentado em dezembro de 1980 um perfil que atribuía a esses modos de transporte respectivamente 86%, 13% e 1%, a Cosipa passou à proporção de respectivamente 67%, 20% e 13%, mas pretende no final deste ano atingir a meta final de 12% de transporte rodoviário, contra 61% de transporte ferroviário e 27% do hidroviário. Para o futuro, a tendência seria equilibrar em 40 e 45% a demanda pelos modos ferroviário e hidroviário.

Dois fatores estão determinando essas mudanças: a economia de combustível e principalmente a insegurança do trânsito pela rodovia Cubatão-Guarujá. Os técnicos da Cosipa exemplificam: se o acidente do dia 24/25 tivesse ocorrido cinco anos atrás, a empresa teria enorme prejuízo quanto ao abastecimento de insumos e matérias-primas e escoamento da produção, além do problema do transporte dos funcionários. Todavia, recebendo e escoando grande parte dos produtos por via marítima, e já possuindo o sistema hidroviário para transportar funcionários, foi possível reduzir sensivelmente os transtornos causados pelo acidente.

Pioneirismo - A introdução no Brasil do conceito de integração em termos de transporte de passageiros é relativamente nova e foi pela primeira vez implantada no País com a inauguração das diversas linhas de integração metrô-ônibus na capital paulista. Depois, na administração Jaime Lerner, foi introduzida em Curitiba a integração ônibus-ônibus, para atender a pontos mais distantes daquela capital: um ônibus de periferia deixa os passageiros num determinado ponto, onde são reembarcados em ônibus das linhas que servem a área central de Curitiba. Porém, a Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa) é a primeira empresa do País a adotar a integração para o transporte de seus funcionários da residência até o local de trabalho, na usina.

Enquanto desenvolve essa integração no setor de cargas, racionalizando as formas de transporte dos insumos e dos produtos finais (com a criação dos terminais rodoferroviários de Utinga, Araraquara e Campinas, no Estado de Sâo Paulo, e o desenvolvimento do transporte pela cabotagem), a Cosipa vem promovendo a utilização plena dos equipamentos de transporte de massa da região, estimulando cada vez mais o uso dos sistemas de integração ônibus-ferrovia e ônibus-hidrovia.

A integração ônibus-ferrovia começou a 4 de dezembro de 1980 na ligação Vicente de Carvalho-usina e a 5 de outubro de 1981 com a extensão do serviço a Santos. Vem sendo utilizada a barca Paicará, do Departamento Hidroviário da Secretaria Estadual dos Transportes, em duas viagens diárias, saindo às 6h25 do distrito de Vicente de Carvalho (Guarujá), passando às 6h40 no Valongo e chegando à usina às 7h10. No retorno, deixa a usina às 17h05, passa no Valongo às 17h35 e atinge Vicente de Carvalho às 17h45, navegando sempre pelo Canal de Piaçagüera, que liga o terminal portuário privativo da usina ao estuário do porto de Santos.

A barca tem capacidade para 549 passageiros sentados e cerca de 450 em pé, totalizando mil pessoas. Conta com diversas comodidades, como televisão a cores, cantina, banca de jornais, som ambiente, sendo inclusive organizados campeonatos de xadrez e dominó durante as viagens. Para facilitar a navegação, conta com diversos instrumentos, como radar, ecobatímetro, e equipamento de radiocomunicação direta com a sede da usina, além de duplo casco.

Quando foi iniciada a integração, destinava-se apenas ao horário administrativo, tanto no caso da hidrovia como no dos trens, permanecendo o ônibus direto para o pessoal de turno. Agora, a Cosipa quer incrementar o uso, atendendo também ao pessoal de turno, com a criação de horários noturnos. Porém, dependerá da colocação em tráfego de novas embarcações, o que vem sendo estudado em conjunto com o Departamento Hidroviário. Contam os técnicos que a barca já tem hoje uma demanda reprimida, o mesmo ocorrendo com o trem húngaro utilizado entre a estação ferroviária do Valongo, em Santos, e a sede da usina (e que faz esse trajeto em 16 minutos).

Quando foi iniciada a integração ônibus-barca, em Vicente de Carvalho, eram usadas três linhas de ônibus de integração. Hoje, são quatro naquele distrito e mais 12 em Santos. Também, o sistema começou em 1980, com 163 inscritos, passando para 361 inscritos em 1981 e chegando a 942 inscritos no início deste ano. Em maio, indicava entretanto 895 inscritos.

Já o sistema ferroviário conta com um trem expresso comunitário (usado também por passageiros normais, não-funcionários da Cosipa) que sai às 5h40 da capital paulista e chega exatamente às 7h18 à usina. Ao anoitecer, sai ás 17h06 da usina e retorna à Capital às 18h33. Conta com 180 passageiros inscritos pela Cosipa e é complementado por integração metrô-ônibus.

Na ligação com Santos, a Cosipa utiliza um trem húngaro especial e um trem de aço (comunitário), sendo que, de acordo com dados de maio, estavam inscritos no trem de aço 795 funcionários e no trem húngaro 6.615. Estão em testes cinco litorinas (automotrizes) da Rede Ferroviária Federal que, se aprovadas, serão reformadas pela Cosipa para uso na linha Cubatão-Santos.

Quanto ao transporte rodoviário, que contava com 6.059 inscritos no setor administrativo e 7.037 inscritos no pessoal de turno em 1980, apresentou sensível declínio, registrando em maio passado, respectivamente, 4.937 e 6.606 inscritos.

A empresa pretende manter os ônibus apenas no complemento à ferrovia e à hidrovia, onde elas não podem atingir, como no caso do transporte dos trabalhadores residentes em Praia Grande. Porém, explicam os técnicos, o serviço é opcional, sem o sentido da imposição do sistema aos trabalhadores. Logicamente, a maioria vence, mas, se houver minoria, no final, esta deverá aceitar a vontade dos demais. Os representantes da siderúrgica concluem que, tecnicamente, a solução integrada é a melhor, como vem sendo explicado aos funcionários, tanto pela segurança e confiabilidade no sistema (já que a Baixada Santista é bem dotada de malha ferroviária e hidroviária) como por permitir sensível economia de combustível, importante para o País.


Planta fornecida pela Cosipa, publicada com a matéria

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