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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
No tempo do batuque dos tropeiros

O livro Antologia do Folclore Cubatense, de Luzia Maltez da Guarda (edição da autora, 8/1985, Cubatão/SP), relembra os tempos em que Cubatão era apenas um pouso de tropeiros:

Tropeiros e tropas
Imagem de Maria Rosa Rodrigues, publicada no livro

As tropas, os tropeiros e os ranchos de pouso no folclore cubatense

Com o desenvolvimento da agricultura em meados do século XVIII, foram registrados aspectos folclóricos dos tropeiros que transportavam açúcar do Planalto para o Litoral e vice-versa, das tropas, e dos ranchos que serviam aos tropeiros.

Historiadores que na época estiveram por aqui descreveram como eram as tropas, os tropeiros e os ranchos de pouso.

A figura do tropeiro: o aspecto rústico, a inteligência e a bonomia davam à fisionomia do tropeiro uma expressão peculiar, diferente da dos homens que normalmente habitavam por aqui. Atrás da cinta, usavam uma faca bastante pontuda, que era utilizada para cortar mato, consertar arreios, matar e preparar animais. Cortava alimentos e não raro servia como instrumento de defesa contra assaltantes, ou mesmo para praticar assaltos.

Os tropeiros ainda se caracterizavam pela fisionomia, sua cor (negro), por suas vestimentas, pela maneira de falar, pelos costumes. Por tudo isso, tornaram-se alvo de historiadores que os diferiam dos tropeiros mineiros, tornando-os figuras populares na região. Divertiam-se muito, eram extremamente alegres.

"Quando muitos deles se reúnem nos ranchos, os camaradas se congregam todos para dançar e cantar a noite inteira o batuque. Gritam a valer e com as mãos batem cadencialmente nos bancos em que estão sentados. Assim se divertiam (N.A.: citado Hércules Florence).

Toda essa alegria fez com que os tropeiros cativassem o povo da região, e eles passam a figurar no folclore de Cubatão como marco de sua etnia. Simplicidade e pureza retratavam esse grupo, que fora denominado Tropeiros.

As tropas: as mulas serviam ao transporte de mercadorias, especialmente para o transporte de açúcar entre o Planalto e o Litoral.

"Um dos animais é amestrado para conduzir os demais. Esse - que é geralmente escolhido pela sua prática e conhecimento dos caminhos, além de outras qualidades - leva em geral um penacho na cabeça. Fantasiosamente ornamentado de conchas marinhas, fitas e penas de pavão. Leva ainda um cincerro pendurado ao pescoço, e caminha sempre frente aos outros. O tropeiro chefe vai sempre muito bem montado e leva um laço preso à cinta, pronto para ser arremessado sobre qualquer animal que desgarre" (N.A.: citado Kidder).

"O sossego e a compreensão destes animais durante o arreamento são comparáveis unicamente à perícia dos negros carregadores: repartiam a carga igualmente nos dois lados da mula. A carga era fixada sobre uma cangalha de palha e coberta de couro cru com dois cabeços para cima e nos quais se fixava as cargas, sendo mais difícil evitar que a cangalha pise o animal pelo atrito. As mulas são amarradas umas às outras pela cauda e, como elas assim caminham em linha, são necessários apenas poucos tropeiros, a cuja voz elas seguem e obedecem" (N.A.: citado Bayer).

Esse era um transporte eficiente...

"Um candeiro (tropeiro chefe), que por muitos anos se tinha servido exclusivamente de serviço dos tropeiros, declarou que raramente, ou talvez nunca, alguma mercadoria não tenha chegado ao seu destino". (N.A.: citado Kidder).

Os Ranchos de Pouso: em suas idas e vindas, os tropeiros paravam para descansar e de novo prosseguir viagem. Paravam nos ranchos de pouso, se reuniam, dançavam, cantando e dançando o batuque, comiam peixes secos (tainhas secas ou curtidas ao sol, um costume herdado dos íncolas) e caranguejada (prato feito de caranguejo ferventado em água e sal). Com a água da caranguejada, faziam pirão adicionando farinha de mandioca para engrossar como um mingau e levavam em potes para comerem durante suas viagens.

Esses ranchos de pouso eram pequenas construções muito simples e de material não muito durável. De acordo com o gosto dos tropeiros, os ranchos deveriam ser assim construídos:

"Cada rancho deve ter 60 (sessenta) palmos de comprido e 30 (trinta) de largo, dividindo em duas metades, uma fechada até acima, com estibas na guarda interior das paredes, para nelas guardarem as cargas, e outra com a parede do ou tão até acima, e nas frentes meia parede com duas porteiras seguidas no meio para nesse lanço descarregarem as tropas, e fazerem as suas cozinhas; e que para total duração dos ranchos devem ser feitas de taipa de pilão e cobertas de telhas, conforme a planta". (N.A.: citada Maria Tereza Petroni).

Os ranchos foram muito importantes para os tropeiros e para as tropas que abriam caminhos na Serra do Paranapiacaba (hoje Serra do Mar), como também na fixação de costumes e comportamentos afros a nosso espaço geográfico.

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