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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
Curupira e Boitatá passeiam pela região (4)

Personagens mitológicos teriam sido avistados pelos antigos cubatenses
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A presença de Cubatão no riquíssimo folclore nacional foi salientada por José de Anchieta já nos primórdios da colonização brasileira, como nota Luís da Câmara Cascudo, em sua Antologia do Folclore Brasileiro (3ª edição, São Paulo/SP, Livraria Martins Editora, 1965, 1º volume, páginas 25/26), transcrito pela historiadora Wilma Therezinha Fernandes de Andrade em sua Antologia Cubatense (edição de 1975 da Prefeitura Municipal de Cubatão, pág. 157/158):
 
ANCHIETA

José de Anchieta nasceu em S. Cristóvão da Laguna, Tenerife, em 19 de março de 1934 e faleceu em Reritiba, hoje Anchieta, no Estado do Espírito Ssanto, a 9 de junho de 1597. Veio para o Brasil em julho de 1553, de onde nunca mais saiu. Impressionante figura de apóstolo, pregador, etnógrafo, cronista, gramático, teve ação desmarcada na sociedade que amanhecia. Com o seu irmão de hábito Manuel da Nóbrega prestou relevantíssimos serviços.

BIBLIOGRAFIA

CARTAS, Informações, Framentos Históricos e Sermões - 1554-1594 - Edição da Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, 1933. O fragmento transcrito está às pp. 128-129.

ARTE DA GRAMÁTICA DA LÍNGUA MAIS USADA NA COSTA DO BRASIL, foi reimpressa em 1933, sob a direção do doutor Rodolfo Garcia. Imprensa Nacional do Rio de Janeiro, com uma explicação anônima que é do mentor da reimpressão.

ESPECTROS NOTURNOS E DEMÔNIOS SELVAGENS

"Acrescentarei agora poucas palavras acerca dos espectros noturnos ou antes demônios com que costumavam os índios aterrar-se.

É cousa sabida e pela boca de todos corre que há certos demônios, a que no Brasil chamam de Curupira, que acometem aos índios muitas vezes no mato, dão-lhes açoites, machucam-os e matam-os. São testemunhas disto os nossos irmãos, que viram algumas vezes os mortos por eles. Por isso, costumam os índios deixar em certo caminho que por ásperas brenhas vai ter ao interior das terras, no cume da mais alta montanha, quando por cá passam, penas de aves, abanadores, flechas e outras cousas semelhantes, como uma espécie de oblação, rogando fervorosamente aos Curupiras que não lhes façam mal.

Há também nos rios outros fantasmas, a que chamam Igpuiara, isto é, que moram n'agua, que matam do mesmo aos índios. Não longe de nós há um rio habitado por Cristãos, e que os índios atravessavam outrora em pequenas canoas, que fazem de um só tronco ou de cortiça, onde eram muitos afogados por eles, antes que os Cristãos para lá fossem. (Os grifos são nossos, W.T.A.)

Há também outros, máxime nas praias, que vivem a maior parte do tempo junto do mar e dos rios, e são chamados Baetatá, que quer dizer cousa de fogo, e que é o mesmo como se dissesse o que é todo fogo. Não se vê outra cousa senão um facho cintilante correndo daqui para ali; acomete rapidamente nos índios e mata-os, como os Curupiras; o que seja isto, ainda não se sabe com certeza.

Há também outros, espectros do mesmo modo pavorosos que não só assaltam os índios, como lhes causam dano; o que não admira, quando por estes e outros meios semelhantes, que longo fora enumerar, que o demônio tornar-se formidável a estes Brasís, que não conhecem a Deus, e exercer contra eles tão cruel tirania.

Escrito em São Vicente, que é a última povoação dos Portugueses na Índia Brasileira, voltada para o Sul, no ano do Senhor 1560, no fim do mês de maio. O mínimo da Companhia de Jesus: José de Anchieta".