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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - Poluição
O vale da morte e da vida (10)

Personagem símbolo da recuperação ambiental de Cubatão, o guará vermelho foi o tema de uma palestra, no início do século XXI, com detalhes sobre esta ave, suas características e seus costumes:


Guará vermelho, símbolo da recuperação ambiental de Cubatão, em imagem animada na página Web da Fundação Guará Vermelho, mantida pela Prefeitura Municipal de Cubatão
Imagem: captura de tela.

Quem é o Guará?

01

Cientificamente

02

História

03

Alimentação

04

Características

05

Reprodução

06

Coloração

07

Preservação

08

Bibliografia


Bando de guarás vermelhos, num mangue de Cubatão
Foto: Departamento de Imprensa/Prefeitura de Cubatão - 15/5/2001

1) Cientificamente

Filo: Vertebrata
Sub-classe: Neornithes
Ordem: Ciconiformes
Sub-Ordem: Ciconiae
Super-Família: Threskiornitoidea
Família: Threskiornithidae
Gênero: Eudocimus
Espécie: Eudocimus ruber
Nome popular: guará, guará vermelho, guará rubro

2) História
O guará vermelho é um vertebrado da classe das aves, conhecido cientificamente por Eudocimus ruber, não muito estudado apesar de sua inquestionável beleza.

No mundo, o guará pode ser encontrado nas costas de todos os países da América do Sul, desde a Colômbia até o Equador, além de Trinidad e América Central. Na Flórida, o guará vermelho foi introduzido para cruzar com o guará branco, este encontrado nos Estados Unidos.

Até alguns anos atrás sobrevoava os céus de nosso continente com grande freqüência. Podíamos notar sua presença no Norte do Brasil, Pará, Amapá, Amazonas. No Nordeste contávamos com estimada população no Maranhão.

Em nossa região, Sudeste, freqüentemente eram vistos bandos em Cubatão e São Vicente. No Sul encontravam-se até a Ilha de Santa Catarina.

Existem registros do século XVI, que muitas tribos de índios, do litoral paulista, como os Tupinambás e os Tupiniquins, disputavam os ninhos desses pássaros para confecção de adereços.

Com o crescimento desordenado das cidades e dos pólos industriais, devastando quase que radicalmente os manguezais da Costa Atlântica, os guarás foram diretamente prejudicados, sofrendo um grande declínio populacional no Brasil, e principalmente na região Sudeste, sumindo quase que por completo de nossos olhos.

Devido a este problema, além da grande emissão de poluentes, o guará entrou para a lista das aves em processo de extinção, feita pelo Ibama.

Hoje, com a preocupação das indústrias em se adequarem às legislações ambientais, como a Cosipa, que conquistou o certificado ISO 14001, a vegetação da área dos pólos e em torno deles voltou a crescer, pois respira bem melhor, assim favoreceu o retorno dos guarás e de tantas outras populações de animais, como crustáceos, principal alimento dessas aves, além de insetos, aracnídeos, répteis, mamíferos, peixes e ainda outras espécies de aves.

A população que se encontra na área do Pólo Industrial da Cosipa é uma população de guarás isolados, e nota-se que esta população está aumentando devido às favoráveis condições para reprodução e alimentação que eles podem retirar desta área. Estima-se um número aproximado de 600 indivíduos nessa área.

Acreditamos que, muito antes do que se imagina, esses pássaros de beleza tão exótica possam ser ditos como aves salvas do processo de extinção.

3) Alimentação

Essas aves são carnívoros em potencial, ingerindo caramujos, insetos e caranguejos.

Voam vagarosamente sobre a água com a ponta do bico submersa, abrindo e fechando a mandíbula rapidamente em busca de alimento.

Um dos alimentos mais apetitosos, e que se encontra como o número um em seu cardápio, é o caranguejo. Nos bancos de lodo, na área da Cosipa, um dos gêneros de caranguejo mais comuns é o Uca, totalizando cinco espécies, na região do Dique do Furadinho.

A espécie de caranguejo pode variar sentidamente, dependendo do local, salinidade da água que difere, como exemplo do Sul ao Norte do Amazonas, de acordo com as correntes e água doce que atingem a costa setentrional.

Antes de devorar o caranguejo, o guará estirpa a quela maior (garra, com a qual ele se protege de predadores e também procura alimentos). Podemos notar  muitas vezes maçaricões, com o bando de guarás, utilizando a mesma área de lodo para se alimentarem.

4) Características

O guará tem aproximadamente 60 cm, é de cor avermelhada, e habita principalmente manguezais da costa atlântica.

Seus tarsos são revestidos de escudos hexagonais, com o bico longo e recurvado, variando de macho para fêmea, uma das características de diferenciação sexual, além do tamanho da ave ter notória diferenciação de macho, maior, para fêmea.

Muitas vezes são confundidos com os colhereiros que, junto com as garças, são da mesma família dos guarás.

Habitam rios e lagoas salobras, que forneçam um número considerável de alimento.

Costumam andar em bandos e raramente indivíduos jovens solitários – estes formam bandos entre si. Para dormirem ou nidificarem (construírem seu ninho), procuram densa vegetação, como Rhizophora (típica de manguezal); outro exemplo é a Avicenia (siriubais). Para tais pousos, voam em coletivo, impressionando a quem nota o espetáculo. Esses vôos podem chegar a 70 quilômetros até o local de onde retiram o alimento.

Como curiosidade, no Maranhão foi localizado em Primeira Cruz um indivíduo macho de medidas:
Asa – 248 mm
Cauda – 95 mm
Culmen – 125 mm
Tarso – 71 mm
Dedo médio (com unha) – 66 mm
Comprimento total – 600 mm.

5) Reprodução

Durante a época de reprodução, o macho procura uma área, onde mais tarde servirá para a nidificação. Muitas fêmeas ficam ao seu redor. O ninho normalmente é feito em árvores típicas de manguezais.

Na reprodução, o bico do macho é negro brilhante, as fêmeas mantêm o bico com a cor inalterada, além de possuírem bico mais fino, com a cor pardacenta e a ponta enegrecida.

Registra-se às vezes um saco de cada lado da garganta, que se forma durante a reprodução. Mas, isso é mais notado na outra espécie de guará, o branco, Eudocimus albus, espécie mais setentrional.

O imaturo é pardo-escuro, embaixo do dorso e a parte superior da cauda brancos, o abdômen é branco-amarelado. O bico, quando jovem, é reto.

6) Coloração

O guará vermelho é uma das aves mais espetaculares do mundo, possuindo plumagem vermelho-carmesim. Essa cor só pode ser vista na ave adulta; em aves novas podemos notar a cor pardo-cinzenta nas penas superiores, e quase branca nas inferiores.

Sua cor, porém, está ligada a um pigmento chamado carotenóide cantaxantina, responsável pela coloração vermelha das penas.

Além desse fator, existem ainda fatores externos, como por exemplo a falta de ingestão de crustáceos não estimula o metabolismo a produzir tais pigmentos, e a ave portanto vai gradativamente perdendo a cor, que fica parecida com a das aves jovens. Esse fenômeno ocorre muito em aves de cativeiro, onde a dieta não é à base de crustáceos.

7) Preservação

A ave símbolo de preservação ambiental da Cosipa, o guará vermelho, tem nos mostrado uma ótima recuperação, em termos de índices populacionais, dentro da área do Pólo Industrial da Usina. Mais precisamente, no Dique do Furadinho, na área próxima ao porto, onde podemos observar com freqüência bandos desses animais.

Para que isso tenha acontecido, a Cosipa investiu até agora mais de 200 milhões de dólares em controle ambiental, melhorando as condições do ar, da água e do solo na área cosipana.

Foi realizado um trabalho de conscientização entre os funcionários, contratadas, visitantes e comunidade, para que todos colaborassem com a preservação ambiental, visando também a melhora de vida de todos, sem esquecermos dos outros seres vivos.

Os recursos naturais existem, mas se gastarmos sem economia eles acabam, e prejudicam a todos os seres vivos, inclusive, nós, seres humanos, Homo sapiens. Temos que saber dividir nosso território com todos os outros seres, sejam eles os mais primitivos ou os mais inteligentes.

Hoje, o guará está saindo da lista do processo de extinção, graças a essa consciência de preservação no habitat desses exóticos animais. Mas, muito temos ainda a fazer.

Todos os dias, a lista de animais que entram em processo de extinção aumenta, são raros os que saem. Muitos diariamente somem de vez no mundo, sem ao menos terem sido identificados ou registrados.

8) Bibliografia

SICK, HELMUT. Ornitologia Brasileira, uma Introdução. Editora Universidade de Brasília, 1986, vol. 1, pp. 180-181.

NEVES, FÁBIO OLMOS C. & SILVA, ROBSON SILVA E. Fauna e Flora do Dique do Furadinho e Áreas Adjacentes, Companhia Siderúrgica Paulista, Cubatão/SP, janeiro 1998, p. 36.

ORR, ROBERT T. Biologia dos vertebrados. Editora Livraria Roca, 5ª edição, São Paulo, SP, 1986, pp. 147-165.

http://www.ibama.gov.br/atuacao/conserbi/fauna/bio02.htm.


Bando de guarás vermelhos em Cubatão
Foto: Departamento de Imprensa/Prefeitura de Cubatão - 9/12/1999