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BAIXADA SANTISTA - LIVROS - Chronica Geral do Brazil
Uma crônica de 1886 - 1500-1600 (7)

Clique aqui para ir ao índice do primeiro volumeEm dois tomos (1500-1700, com 581 páginas, e 1700-1800, com 542 páginas), a Chronica Geral do Brazil foi escrita por Alexandre José de Mello Moraes, sendo sistematizada e recebendo introdução por Mello Moraes Filho. Foi publicada em 1886 pelo livreiro-editor B. L. Garnier (Rua do Ouvidor, 71), no Rio de Janeiro. É apresentada como um almanaque, dividido em séculos e verbetes numerados, com fatos diversos ordenados cronologicamente, tendo ao início de cada ano o Cômputo Eclesiástico ou Calendário Católico.

O exemplar pertencente à Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos/SP, foi cedido  a Novo Milênio para digitalização, em maio de 2010, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá, sendo em seguida transferido para o acervo da Fundação Arquivo e Memória de Santos. Assim, Novo Milênio apresenta nestas páginas a primeira edição digital integral da obra (ortografia atualizada nesta transcrição) - páginas 141 a 171 do Tomo I:

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Chronica Geral do Brazil

Alexandre José de Mello Moraes

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Imagem: reprodução parcial da página 141/tomo I da obra

 

1500-1600

[...]

CCCI – As duas províncias franciscanas da Bahia e Rio de Janeiro separaram-se em 5 de março de 1659, cuja separação foi confirmada por Inocêncio X, pelo breve de 15 de julho de 1675.

Os conventos que ficaram sujeitos à casa central da Bahia foram os de Nossa Senhora das Neves de Olinda, o de Santo Antonio de Juarassu, o de Santo Antonio da Paraíba, o de Santo Antonio do Recife, o de Santo Antonio de Pojuca, o de S. Francisco de Serinhaem, o de Santa Maria Madalena das Alagoas, o de Nossa Senhora da Porciúncula do Penedo, o de S. Francisco da capital, o de S. Francisco da Vila de Sergipe do Conde, o de Santo Antonio de Paraguaçu, o de Santo Antonio de Cairú, e o do Bom Jesus, de Sergipe de El-Rei.

CCCII – Missão da Santíssima Trindade de Mossacorá fundada em 1639 – a de Santo Antonio de Itapicuru, fundada no mesmo ano; a de Santo Amaro das Alagoas; a de Nossa Senhora das Neves do Saí, fundada em 1697; a de Nossa Senhora do Pilar em Coripós em 1702; a de Nossa Senhora do Ó, em Sorobabé, 1702; a de S. Francisco no Curral dos Bois, 1702; a de Nossa Senhora da Piedade; a de Nossa Senhora dos Remédios, no Pontal, 1702; a de Nossa Senhora das Brotas, no Juazeiro, 1706; a do Bom Jesus, em Jacobina, 1706; a de Nossa Senhora da Conceição, em Aricobé, 1741; a de Santo Antonio, em Pajaú, fundada em 1741.

CCCIII – Convento do Senhor Bom Jesus da Ilha – o de S. Boaventura, em Santo Antonio de Sá; o de S. Bernardino da Ilha Grande; o de Nossa Senhora do Amparo, da ilha de S. Sebastião; o de Santo Antonio, de Santos; o de S. Francisco, de S. Paulo; o de Santa Clara de Taubaté; o de S. Luiz de Itu; o de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém; e alguns hospícios. (Vide Jaboatão orbe seraphico, Ignacio Accioli, Memorias Historicas da Bahia, e fr. Apolinario da Conceição, manuscrito 1730).

No convento de S. Francisco da Bahia floresceram varões de eterna memória, por seu vasto saber e virtudes, insignes teólogos, poetas, historiadores e oradores, e entre eles acabamos de perder o meu douto colega e amigo, o eloquente orador sagrado o padre mestre fr. Raymundo Nonnato da Madre de Deus Pontes (Vide o meu Brazil Hist.; e a crônica manuscrita que possuo do convento de S. Francisco da Bahia).

CCCIV – Pela morte do governador Manuel Telles Barreto, em março de 1587, tocava o governo geral ao bispo d. fr. Antonio Barreiros, e ao provedor-mor da fazenda real Christovão de Barros, que se achava colonizando por esse tempo a capitania de Sergipe de El-Rei. Francisco Giraldes, chefe da capitania de Ilhéus, sendo nomeado governador geral do estado do Brasil, não pôde tomar conta do governo por estar a Bahia bloqueada pelo comodoro Withrington, bloqueio que durou semanas, e por isso renunciou o governo.

CCCV – Por alvará de 21 de agosto de 1587, manda el-rei que os índios cristãos, por quinze anos, não paguem dízimos pessoais e reais etc. (M. ined.)

CCCVI – Tribo de índios, que se estendiam entre as zonas da ilha de Cananéia e o Rio dos Patos, em Santa Catarina, os quais, fazendo aliança com os tupis e guaianases, por diversas vezes atacaram a povoação de S. Vicente e a de S. Paulo, tendo, em 1581, morto aos oitenta homens que Martim Affonso de Souza mandou ao interior a descobrir minas de ouro. Depois mataram cento e cinquenta homens e dois missionários. Em 1585, os moradores de Santos e S. Vicente fizeram uma representação ao capitão-mor Jeronymo Leitão, loco-tenente do donatário da capitania, para que se fizesse guerra aos carijós, em vista das agressões e mortes praticadas por eles.

CCCVII – O padre jesuíta Fernão Cardim, falando do colégio da Bahia em 1585, o descreve dizendo: "Os padres têm aqui colégio novo quase acabado; é uma quadra formosa, com boa capela, livraria, e alguns treze cubículos, os mais deles têm as janelas para o mar; o edifício é todo de pedra e cal que é tão boa como a de pedra de Portugal, os cubículos são grandes, os portais de pedra, as portas de angelim, forradas de cedro; das janelas descobrimos grande parte da baía, e vimos os cardumes de peixe, e baleias andar saltando n'água, os navios estarem tão perto, que quase ficam à fala; a igreja é capaz, bem cheia de ricos ornamentos de damasco branco e roxo, veludo verde e carmesim, todos com tela de ouro, tem uma cruz e turíbulo de prata etc.

"A cerca é mui grande, bate o mar nela, por dentro se vão os padres a embarcar, tem uma fonte perene de boa água, com um tanque, onde se vão recrear; está cheia de árvores de espinhos etc. etc."…

CCCVIII – D. Catharina Alvares Paraguassu, viúva de Diogo Alvares Corrêa Caramuru, no dia 16 de julho de 1586, na povoação do Pereira, subúrbio da cidade do Salvador, Bahia de Todos os Santos, por escritura pública fez doação ao mosteiro de S. Bento da Bahia, e aos religiosos dele, da ermida de N. S. da Graça, fundada por ela e por seu marido, e terras da mesma, para patrimônio, somente com os encargos de se lhe rezarem missas. A escritura foi lavrada na povoação da Vila Velha, pelo tabelião Domingos de Oliveira, estando presentes o padre Luiz da Gram, com o irmão João Alves, jesuítas e intérpretes, Antão Gil, genro, e Paraguassú, o abade fr. Antonio Ventura, Antonio Pereira, procurador da ordem de S. Bento, o vigário da Vitória, padre Nicolau Gonçalves, assinando a rogo de Catharina Alvares Paraguassú, Sebastião de Brito, morador na mencionada povoação. (Vide a escritura e mais documentos autenticados no 1º tomo da segunda série do meu Brazil Hist. da pág. 121 em diante).

CCCIX. D. Catharina Alvares Paraguassú fez doação da capela e terras da Graça que possuía, sitas na Vila Velha, na cidade do Salvador e Bahia de Todos os Santos, à ordem do patriarca S. Bento, no dia 16 de julho de 1586, sendo a escritura passada em casa de d. Catharina Paraguassú, na povoação do Pereira (Vitória), pelo tabelião Domingos de Oliveira, e intérpretes de d. Catharina os línguas o irmão jesuíta João Alves e padre Luiz da Gram, jesuíta, e aceitante o padre abade do mosteiro fr. Antonio Ventura, da ordem do bem-aventurado S. Bento, assinando por ela Sebastião de Brito, morador da povoação, que bem a entendia, e como testemunhas da doação assinaram várias pessoas das principais da cidade. (Vide estes documentos preciosos das págs. 124 a 128, no tomo 1º da 2ª parte do meu Brazil Hist. de 1866).

CCCX – Por alvará de 21 de agosto de 1587, manda el-rei ao governador geral, e ao provedor-mor da fazenda, que deem aos índios, que descerem do sertão, terras de sesmaria, para eles plantarem e se repartirem em aldeias, cujas terras lhes serão dadas por medição, e se lançarão nos livros das câmaras das capitanias do Brasil, com a declaração das confrontações etc. (M. inéd.).

CCCXI – Braz Cubas, morador na vila de Santos, concedeu a fr. Pedro, religioso carmelita, terras suficientes para fundar o seu convento na vila de Santos, sendo este o primeiro convento que se fundou nas capitanias do Sul.

CCCXII – A vila de S. João de Cananéia, situada em uma ilha dentro da barra do mesmo nome, teve princípio em 1587, na aldeia onde o padre Pedro Corrêa, discípulo do padre José Anchieta, batizou grande número de índios tupis em 1554; e as crônicas jesuíticas não dizem quem foi o seu fundador.

O nome de Baía de S. João de Cananéia lhe foi dado por Christovão Jacques, por ter sido no dia de S. João que este navegador português, o primeiro que nela entrou, lhe deu este nome, e por isso a sua matriz foi consagrada a S. João de Cananéia. As cordilheiras são auríferas, e as suas minas foram lavradas por muito tempo.

CCCXIII – El-rei d. Felipe, em 23 de fevereiro de 1587, fez publicar a lei humanitária proibindo o cativeiro dos índios, e determinando que lhes sejam pagos os seus serviços, sem violência, de acordo com o regimento neste sentido etc. (M. inéd.).

CCCXIV – O pirata inglês Edward Fenton, que andava nos mares do Brasil, vem com dois galeões armados em guerra ao porto de Santos, com o fim de roubar a povoação em 1587, mas indo sobre ele o almirante espanhol André Hygino, que a esse tempo bordejava com suas naus em frente de S. Vicente, o obrigou a retirar, não conseguindo o seu intento.

CCCXV – Pelo alvará de 21 de março de 1588, foi nomeado o dr. Luiz Machado de Gouvêa para servir de chanceler da relação do Brasil, com trezentos mil réis em cada um ano, pagos em trimestres; os quais, começará a vencer do dia que partir de Lisboa; etc. (M. inéd.).

Abaixo deste alvará está uma nota do dia 5 de julho de 1591, que diz o seguinte: "Passou-se provisão para o tesoureiro da casa da Índia pagar ao dr. Luiz Machado, contendo neste registro, duzentos e oitenta e sete mil e quinhentos réis, do ordenado nele marcado que havia de haver no Brasil, com o cargo de chanceler, o qual lhe montou haver do tempo que partiu para o Brasil, e tornou a arribar a esta cidade de Lisboa, como mais largamente é declarado nesta provisão, que foi feita em Lisboa a 5 de julho de 1591".

CCCXVI – A igreja matriz de S. Paulo (e depois Sé episcopal) foi a segunda igreja edificada em S. Paulo em 1588, a qual se arruinando com o tempo, no mesmo lugar da igreja primitiva, no dia 5 de abril de 1745, foi construída a que ora existe à custa de ofertas dos fiéis, e sob a direção do vigário padre Matheus Lourenço de Carvalho, em cuja administração, em 1754, foi construído o frontispício, ficando concluída em 1756 ou 1757, com o auxílio de trinta mil cruzados que mandou dar a coroa de Portugal.

CCCXVII – Tendo falecido em março de 1587 o governador geral do estado, Manuel Telles Barreto, e tomando conta da administração interinamente o bispo d. fr. Antonio de Barreiros, e o provedor-mor da fazenda real Christovão de Barros, foi invadido e assolado o recôncavo da Bahia, em 1588, durante seis semanas, pelo pirata inglês Withrington, em desafronta à rainha Izabel de Inglaterra, que se achava em desarmonia com Felipe II da Espanha (Memorias Hist. da Bahia, por Ignacio Accioli.).

CCCXVIII – Por alvará de 17 de março, sua alteza fez mercê a Francisco Gomes, moço da câmara da infanta d. Maria, do ofício de provedor da fazenda real da capitania do Espírito Santo, por tempo de três anos, na vacante do provido, com o ordenado conteúdo no regimento etc. (M. ined.).

CCCXIX – A Ilha das Cobras, na baía do Rio de Janeiro, em frente do mosteiro de S. Bento, chamava-se em 1570 Ilha da Madeira, por se tirar nela muita para o conserto dos navios; e como nos matos havia inúmeras cobras, trocaram-lhe o nome para o de Ilha das Cobras, que pertencia por sesmaria a um oleiro chamado João Guterres. Como este tinha dívidas e se havia ausentado em 11 de setembro de 1589, é arrematada em praça dos ausentes por quinze mil e trezentos réis pelos religiosos de S. Bento, e mais tarde se mandou levantar a fortaleza que nela existe, seguindo-se o risco do engenheiro José da Silva Paes, ficando o mosteiro com a posse e domínio de todas as terras que ficassem fora das muralhas e fortificações. (Notas extraídas de um antiquíssimo manuscrito).

CCCXX – Afonso Sardinha, natural de S. Paulo e filho de Affonso Sardinha, natural de Portugal, foi o primeiro descobridor das minas de ouro, prata, ferro e aço em todo o Brasil pelos anos de 1589, nas serras seguintes: Iguanimbaba ou Mantiqueira; Lagoa do Geraldo; Iaraguá (onde faleceu); Voturuna e Byraçoiaba (onde pôs dois engenhos de fundição). Affonso Sardinha, estando muito rico, fez testamento, no sertão, em 1604, escrito pelo padre João Alvares. Seu pai ainda vivia em 1615, porque neste ano fizeram ele e sua mulher Maria Gonçalves doação por escritura de 9 de junho, de grande parte de seus bens ao colégio dos padres da Companhia de Jesus em S. Paulo (Vide a obra de Azevedo Marques, Apontamentos Hist.).

CCCXXI – Fr. Gaspar da Madre de Deus conta que José Adorno, Francisco Adorno e Paulo Dias Adorno, todos irmãos e naturais de Gênova, vindo para S. Vicente, Paulo Dias Adorno passou-se para a Bahia, onde casou com uma das filhas de Diogo Alvares Caramurú, e a sua descendência entra no número das famílias principais daquela capitania. O padre Vasconcellos diz que era fidalgo, e a seus irmãos Francisco e José distingue com o caráter de nobres genoveses.

José Adorno casou com Catharina Monteiro, sendo este o genro do dito Christovão Monteiro, de quem fala o capitão-mor de Santo Amaro, Antonio Rodrigues de Almeida, quando diz na sesmaria do sogro: "e eu saber ser uma pessoa nobre e de muita possibilidade, e casado em a terra, e ter filho, e filha já casado, outro sim, com pessoa muito nobre e de muita fazenda".

Ele e sua mulher fundaram e dotaram na vila de Santos a capela de N. S. da Graça, que depois doaram aos religiosos do Carmo, aos 24 de abril de 1589, com a pensão de quatro missas rezadas, nas festas do nascimento, purificação, anunciação e assunção da Senhora, e uma cantada, com suas vésperas, no dia do orago da igreja. Também fundaram a capela de Santo Amaro na ilha de Guaíbe… Desse casal e de Francisco Adorno há muitos descendentes. O mencionado José Adorno morreu com mais de cem anos.

CCCXXII – O historiador Azevedo Marques, referindo-se a Pedro Taques de Almeida, diz que este precioso arquivo fora consumido em grande parte nos fins do século XVII, por um incêndio, que lhe ateou a demência de Manuel Vieira Collaça, vítima de uma paixão amorosa.

Anteriormente, de 1589 a 1591, já havia sido queimado e destruído pelos ingleses, que assaltaram a povoação de S. Vicente.

CCCXXIII – Apesar da renúncia feita por Vasco Fernandes Coutinho e aceita por Mem de Sá, a capitania passou ao filho do primeiro donatário, Jorge de Mello; e como este não viesse ao Brasil e morresse sem sucessão, veio tomar conta da capitania Vasco Fernandes Coutinho, filho natural, porém legitimado, do primeiro donatário Coutinho; mas como falecesse em 1589, na vila da Vitória, em seu testamento feito em 5 de maio de 1588, tomou conta do governo da capitania sua mulher d. Luiza Grinalda, filha de Pedro Alvares Corrêa e de sua mulher d. Catharina Grinalda.

D. Luiza Grinalda, não tendo prática da administração, convidou ao capitão de ordenanças, Miguel de Azeredo, para ajudá-la; mas declarando-se que o direito de senhorio da capitania pertencia a Francisco de Aguiar Coutinho, d. Luiza Grinalda, em 1593, se retirou para Lisboa, ficando na governança da capitania o capitão Miguel de Azeredo. Foi por esse tempo que o pirata Thomaz Cavendisch assaltou a vila da Vitória, entrando, sem se esperar, na baía do Espírito Santo.

CCCXXIV – Gabriel Soares conta que no seu tempo (1550 a 1589), alguns moradores da cidade do Salvador a seu termo eram já mui ricos, em bens de raiz, peças de ouro e prata, jaezes de cavalo e alfaias; e que muitos homens possuíam três e quatro mil cruzados em joias de ouro e prata lavradas.

Há na Bahia mais de cem moradores, que têm, cada ano, de mil até cinco mil cruzados de renda, e outros, ainda têm mais, cujas fazendas variam desde vinte até sessenta mil cruzados de vantagem, os quais moradores tratam suas pessoas mui honradamente, com muitos cavalos, criados, escravos e com vestidos demasiados, e principalmente as mulheres, porque não vestem senão sedas, por não ser a terra fria, no que fazem grandes despesas, mormente na gente de menor condição, porque qualquer peão anda com calções ou gibão de cetim, ou damasco, e trazem as mulheres com vasquinhas e gibões do mesmo; os quais como têm qualquer por civilidade trazem suas casas muito bem concertadas, e na sua mesa serviço de prata; andam suas mulheres mui ataviadas de jóias de ouro.

CCCXXV – Desejando el-rei ter notícias seguras do Rio de S. Francisco, pelo alvará de 13 de dezembro de 1590, em consideração aos grandes serviços que espera lhe faça Gabriel Soares de Souza na conquista e descobrimento do Rio de S. Francisco e minas dele, ora o encarrega, e assim também o trabalho e despesas que seus cunhados e parentes, e mais pessoas que o hão de acompanhar e ajudar na dita empresa hão de fazer nela, e por lhes mostrar quanto estimará os serviços que nela lhe fizerem, e a vontade que tem de lhes fazer mercês e honras, faz mercê a quatro cunhados do dito Gabriel Soares e a dois primos seus coirmãos, indo com eles na dita conquista e descobrimento do dito rio de S. Francisco, do hábito da ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, com cinquenta mil réis de tença a cabo da jornada e foro de fidalgo de sua casa, acrescentando a cada um com a moradia, a que sua alteza julgar e conforme as definições da dita ordem e foro, lhes faz mercê de doze hábitos, com vinte mil réis de tença para outras tantas pessoas, que forem capitães nesta conquista, paga a tença de uns e outros, no rendimento da mesma conquista, e com a sua nomeação se passará as provisões etc. (M. inéd.).

Na mesma data em que foi Gabriel Soares de Souza nomeado capitão-mor e governador da conquista, e do descobrimento do Rio de S. Francisco, lhe fez mercê para com pessoas que o acompanharem até fazer a última povoação do Rio de S. Francisco do foro de cavaleiro fidalgo, tendo eles as qualidades para isso convenientes.

CCCXXVI – Entre as províncias do Império do Brasil conta-se Sergipe, situada em altura de trinta e nove a quarenta graus de longitude Oeste (meridiano de Paris), e onze graus e meio de latitude Sul. Confina com a província da Bahia pelo lado do Sul, tendo por limite divisório o Rio Real, buscando-se a cabeceira Oeste, e daí pelo poente dividindo por umas serras a buscar o riacho Xiagó, que vai desaguar no riacho Tamandoá, que faz barra no Rio de S. Francisco, que lhe serve de limite com a província das Alagoas pelo lado do Norte, descendo daquela barra do Tamandoá até a barra do S. Francisco no oceano.

Conta Sergipe cinquenta e duas léguas de comprimento, quarenta de largura pelo centro, e trinta pela costa, contadas da barra do S. Francisco ao Rio Real, entre as quais acham-se mais três barras, a do Vasa-Barris, a do Cotinguiba, e a do Japaratuba, não sendo esta última navegada senão por jangadas e barcaças. Apresenta em uma linha paralela com a costa um ótimo sistema de canalização, oferecendo assim um comércio interno entre si, e as duas províncias confinantes.

O seu território divide-se em oito comarcas, que vem a ser a da Estancia, Lagarto, Itabaiana, Aracaju, Laranjeiras, Maroim, Capela e Propriá. E em vinte e três municípios que são, além dos nomes já declarados, Vila Nova, Porto da Folha, Japuratuba, Rosário, Santo Amaro, Divina Pastora, Nossa Senhora das Dores, S. Christovão, Itaporanga, Simão Dias, Lagoa Vermelha, Campos, Itabaianinha, Espírito Santo e Santa Luzia. Nestes mesmos municípios têm sede de freguesias com as mesmas denominações, e além destas mais seis, e vêm a ser Gerú, Parida, Riachão, Socorro, Pé-do-Banco e Pacatuba, sendo ao todo vinte e nove freguesias, contando-se igualmente no número dos povoados seis cidades que são: Aracaju, capital da província; S. Christovão, Estancia, Laranjeiras, Maroim e Propriá.

Não tem a província uma carta topográfica regular como era para desejar. O único trabalho regular nesse gênero é a carta hidrográfica da barra de Cotinguiba, e rios Pomonga e Japaratuba, que Antonio José da Silva Travassos, a expensas suas, fez tirar, sendo auxiliado pelo governo com dois engenheiros os tenentes-coronéis João Carlos de Villagran Cabrita e Sebastião José Bazilio Pyrrho. Dos desenhos desta carta acha-se um no palácio do governo de Sergipe, e outro no arquivo militar da Corte.

Descobrimento de Sergipe – No ano de 1590, Christovão de Barros, governador interino da capitania da Bahia, fez uma excursão ao Norte daquela capitania, constando o seu comboio de duas embarcações de pequenas lotações, sendo acompanhado por alguns amigos, entre estes Pedro de Abreu Lima, e Ayres da Rocha, trazendo algumas praças, armamento e munições. Sofrendo uma tempestade no mês de outubro do dito ano, foi forçoso abrigar-se entrando na barra de Cotinguiba.

Presenciada a sua entrada pelos indígenas habitantes daquelas praias, e receosos estes de serem atacados, lançaram mão de suas armas e conservaram uma atitude de reação.

Então o território dividia-se em seis departamentos, sendo os comandantes ou caciques dessas divisões, Moribeca que marcava seu limite entre o Rio Itapicurú e Vasa-Barris, e Sergipe que dividia seu distrito entre os rios Vasa-Barris e o de Sergipe, a quem deu o nome, e é um dos que forma a barra da Cotinguiba, e o seu confluente mais notável. Siriri, cujo limite era marcado entre o Rio Sergipe e Siriri a quem deu o nome, sendo este um dos confluentes da barra do Japaratuba. Japaratuba, que tinha seu distrito entre aquele Rio Siriri, e o Rio Poxim do Norte, confluente do Rio S. Francisco. Pacatuba, cujo distrito era marcado pelo dito Rio Poxim, estendendo-se ao Norte até o Rio de S. Francisco, subindo a margem direita deste rio, até a Serra da Tabanga. Pindahyba, que fazia seu distrito da Serra da Tabanga, seguindo o dito rio até o riacho Tamandoá, onde hoje dividem-se as províncias de Sergipe e Bahia.

Tinha Moribeca sua sede na serra da Miába, entre as vilas de Itabaiana e Lagarto, e é naquele lugar onde se diz darem-se vestígios de minas de prata, e há na província tradição antiga, de ter enriquecido um descendente daquele cacique, e do mesmo nome, que negociava para a Bahia com prata extraída do dito lugar. O cacique Sergipe tinha seu assento no Aracajú. Siriri junto à vila do Rosário, onde foi o Engenho Velho do Saco. Japaratuba no lugar Canavieirinhas, à margem do Rio Japuraba-mirim. Pacatuba no lugar do povoado e freguesia deste nome. E Pindahyba na Ilha de S. Pedro do Porto da Folha.

Guarnecidas as praias de um e outro lado da barra da Cotinguiba pelos indígenas, e tendo Christovão de Barros de saltar à terra, mandou primeiramente um língua com embaixada dirigida ao cacique Sergipe. Foi respeitado o embaixador, pelo qual mandou Sergipe dizer a Christovão de Barros que se retirasse, e que só depois de morto ele e toda a sua gente seria então cedida a localidade.

Debalde foram tentados por Christovão de Barros os meios brandos e suasórios, o que tudo sendo desprezado por Sergipe e seu irmão Siriri, que guarnecia o lado esquerdo do rio, romperam as hostilidades. Naqueles ataques morreram Siriri e muitos dos seus companheiros, e sendo prisioneiros outros com Sergipe, veio este no fim de poucos dias a falecer, não querendo tomar alimentos, desprezando tudo quanto se lhe oferecia.

Observa-se que Sergipe, além da autoridade que tinha em seu distrito, reunia alguma mais sobre aqueles outros caciques.

Saltando Christovão de Barros no Aracaju, e dando disso parte à Bahia, ali se mandou prover do quanto precisava. Tratou de levantar naquele lugar um povoado, e de edificar uma capelinha, que se denominou ermida de S. Christovão, que era o orago. Enquanto isso tratava-se, assentou Christovão de Barros de viajar ao Norte daquele lugar, levando consigo alguns indígenas daqueles prisioneiros, ou conquistados, os quais tratava com esmero, e que se tornaram a ele afeiçoados.

Quando estava no sítio do finado Siriri, apresentou-se-lhe o Japaratuba acompanhado de doze índios, todos armados de arcos e setas. O pequeno número não inquietou a Christovão de Barros, e aproximando-se o grupo em distância de alguns passos, deu Japaratuba um grito, ao qual lançaram seus soldados as armas ao chão e bateram palmas, ficando o cacique armado.

Christovão de Barros o arremedou, fazendo chegar igual número de soldados à forma, largando depois as armas e batendo palmas. A este reconhecimento seguiu Japaratuba sempre armado, e dirigindo-se ao governador, este lhe ofereceu língua (N.E.: intérprete), e então soube que Japaratuba vinha entregar-se e aos seus, poupando a guerra.

Aí contratou o dia em que o governador, com a sua comitiva, devia achar-se no seu aposento, e retirou-se mandando guias na véspera do dia designado. Chegando Christovão de Barros ao aposento de Japaratuba, o recebeu este com festim, cânticos e toques de rudes instrumentos, comedoria que constava de arroz cozinhado no chão, e caça assada; bebida que constava de uma infusão fermentada composta de mandioca e mel de abelha. Já então os indígenas de Sergipe possuíam mandioca, milho e arroz.

No aposento de Japaratuba apareceu ao governador o cacique Pacatuba, irmão de Japaratuba, apresentando-se com as mesmas formalidades por seu irmão praticadas.

Seguiu Christovão de Barros à pousada do Pacatuba, onde foi recebido com o mesmo festim e banquete precedente, seguindo daí até o Porto da Folha, viajando depois para o Sul, domínios de Moribeca, sem receber hostilidades algumas.

Fez o governador aldeamentos, aos quais foram concedidas terras, prestou-lhes ferramentas, incumbindo o governo das aldeias a aqueles que já as dirigiam, dando-lhes títulos de capitão-mor que foram conservando seus sucessores, preferindo-se os descendentes, e isto se praticou até a publicação do decreto n. 426 de 24 de julho de 1845.

Ainda existem índios muito mesclados nas aldeias de Pacatuba, S. Pedro do Porto da Folha, Água-Azeda e Gerú. Na de Japaratuba, aparecendo em 1704 uma epidemia no lugar da aldeia, foi esta desamparada pelos índios, sendo o seu terreno arrematado para a Coroa.

Existem ainda hoje os vestígios da igreja de Nossa Senhora do Carmo, e povoado da Canavieirinha, dentro de matos, denominando-se Missão Velha. Fr. João da Trindade, carmelita, que naquele ano curava aqueles índios, mudou a igreja para o lugar que ainda hoje se denomina Missão, onde é hoje a vila de Japaratuba, a qual igreja foi concluída por fr. Francisco Borges, e só restam dela as ruínas. No ano de 1824 desapareceram os índios deste lugar, seguindo os poucos que restavam para a Pacatuba, e eram os índios de Sergipe, todos da tribo tupinambá. Foi o povoado de Aracaju declarado cidade, antes de ser vila, tendo o título de cidade de S. Christovão, e logo declarado Sergipe como capitania. Antes de provido o lugar de governador da nova capitania, exerceu Christovão de Barros essa jurisdição, concedendo sesmarias de terras.

Acham-se nos livros da câmara da antiga capital de Sergipe, hoje cidade de S. Christovão, o registro de algumas destas sesmarias, dos quais consta ter sido criada uma alfândega em Sergipe naqueles tempos, encontrando-se verbas nos títulos que dizem: "Registrado na alfândega de Sergipe. – Escrivão, Villas Boas.". As primeiras sesmarias que se deram foram ao Norte da capitania.

A de Pedro de Abreu Lima, da barra do Rio de S. Francisco até a serra da Tabanga e daí procurando a nascença do Rio Japaratuba, segue por este até sua foz. E a de Ayres da Rocha, que consta do terreno entre o Rio Japaratuba e o de Sergipe, excetuando-se as terras dos aldeamentos. Passados poucos anos da criação da capitania de Sergipe de El-Rei, foi mudada a sua sede, e o título de cidade de S. Christovão, para um lugar dentro da barra do Rio Poxim do Sul, que fica uma légua mais ou menos a Oeste da Atalaia, que dá hoje sinal à barra da Cotinguiba, e em um alto que de presente se denomina Santo Antonio, próximo ao Porto da Areia do dito Rio Poxim.

Disse o padre Jaboatão em um de seus manuscritos: "A causa da mudança da cidade de S. Christovão tirando-se do Aracaju foram moléstias endêmicas, febres intermitentes, hidropsias e moléstias de peito ocasionadas pelas frequentes constipações, devidas aos ventos desabridos e úmidos que sopram naquelas praias; ainda que também se atribua aos receios das excursões que faziam os franceses na costa do Brasil, e quiseram os habitantes da capitania de Sergipe porem-se mais abrigados".

Daquele lugar do Poxim mudaram os holandeses a cidade de S. Christovão e sede da capitania para um lugar junto ao Rio Paramubama, que é um ramo do Vasa-Barris, e é hoje aquela cidade de S. Christovão que foi capital da província até o ano de 1855, mudando-se neste ano a sede para o Aracaju, por influência do presidente dr. Ignacio Joaquim Barboza.

Que Sergipe era uma capitania independente consta de arquivos e cartórios antigos não só da antiga capital, como dos de muitas das vilas, lendo-se em livros e autos: "Cidade de S. Christovão, capitania de Sergipe de El-Rei". Depois da independência do Brasil foi dado em duplicata a S. Christovão o título de cidade, como capital de província, pela lei de 8 de abril de 1823. Já era assim Sergipe capitania independente, porém não tinha em seu território uma freguesia, fazendo toda a capitania parte da freguesia da Vitória da cidade da Bahia, de onde foi desmembrada no ano de 1603, a freguesia de Nossa Senhora da Vitória da cidade de S. Christovão de Sergipe de El-Rei, tomando a invocação daquela da Bahia a que pertencia.

Expulsos os holandeses, Sergipe retrogradou desaparecendo o governador e ficando o governo por alguns meses acéfalo. Então os habitantes não tiveram o preciso tino para curar o mal que ameaçava a capitania, que veio afinal metamorfosear-se em uma comarca da Bahia, de onde principiaram a vir-lhe ouvidores para reger a justiça, e um governador militar, que suposto tivesse qualquer patente, tomava o título de capitão-mor governador das armas; mas em toda escrituração pública continuou-se a dar o título de capitania de Sergipe de El-Rei. Isso porém era uma completa alegoria, porque desapareceram da capitania todos os seus foros e prerrogativas de que gozava, sendo o seu governador um mero enviado, e mero executor das ordens do governador e capitão general da Bahia.

Crescendo a população da comarca e freguesia de Sergipe, não sendo possível curá-la do pasto espiritual um só vigário, tratou-se de edificar uma igreja, que ainda hoje existe, com a invocação de S. Gonçalo do Rio de Sergipe, sendo plantada perto e ao Norte desse rio. No ano de 1634 foi criada a nova freguesia de S. Gonçalo, estendendo-se seu distrito desde aquele Rio de Sergipe até o de S. Francisco.

Nenhum progresso teve o sítio de S. Gonçalo sede da nova freguesia, aparecendo mais afluência no lugar denominado Pé do Banco, à margem do Rio Siriri, onde passava uma nova estrada que foi aberta para comunicar-se o litoral com o sertão do Porto da Folha, denominando-se estrada das boiadas.

No Pé do Banco, que ainda hoje não passa de uma pequena povoação, fez-se uma capelinha com a invocação de Jesus-Maria-José, há poucos anos reedificada, e para ali transferiu-se em 1698 a sede da freguesia de S. Gonçalo, ficando com o título de Jesus-Maria-José, e S. Gonçalo do Pé do Banco.

Também os habitantes da comarca representaram a necessidade de dividir-se o foro judicial, e obtiveram a fundação da vila de Santa Luzia do Rio Real. Não há certeza da data da sua criação, mas escrituras antigas já a mencionam vila desde o ano de 1645.

Teve pouco crescimento o povoado da nova vila, principalmente depois que apareceu o povoado da Estancia, para onde concorreu a população, de forma que era neste povoado onde se aposentavam os ouvidores quando iam corrigir aquele termo, sendo essa a razão da mudança que se deu da sede da dita vila de Santa Luzia para a Estancia no ano de 1839.

Também não há certeza da data da fundação da vila de Itabaiana, porém escrituras e outros documentos antigos já a denominavam vila desde o ano de 1665. Foi fundada a vila de Santo Amaro no ano de 1697. Eleita a câmara desta vila, tratou de plantar a sede dela no Porto das Redes à margem esquerda do Rio Sergipe, onde era o ponto mais comercial daquelas paragens, sendo o ancoradouro das poucas embarcações que então entravam pela barra da Cotinguiba, vindas da Bahia.

A isso, porém, se opôs Antonio Martins de Azevedo, proprietário das terras do Porto das Redes, onde tinha um engenho de fabricar açúcar, a pretexto de ofender aquela propriedade, oferecendo, porém, o lugar de sua fazenda denominada Ayres da Rocha, meia légua distante do Porto das Redes, passando logo escritura de doação de duzentas braças quadradas para a planta da vila.

Não querendo a câmara aceitar essa doação, suscitou-se uma questão que foi decidida finalmente a favor de Antonio Martins, por d. João de Alencastro, governador do Brasil, ordenando a câmara de aceitar a escritura, mandando medir o terreno pelo ouvidor da comarca, dr. João de Sá Souto Maior, o que tudo foi satisfeito, e isto já no ano de 1702, data da aceitação e medição.

Assim continuou a sede da vila de Santo Amaro naquele lugar Ayres da Rocha, e onde tendo já uma ermida de Nossa Senhora das Brotas, tomou a vila a denominação de Santo Amaro das Brotas.

Seguiu-se a criação da Vila Nova do Rio de S. Francisco no ano de 1733, tendo por título Vila Nova Real de El-Rei. Foi também criada a vila do Lagarto no ano de 1730, sendo, porém, freguesia em 1752.

Criou-se outra vila na aldeia do Gerú, com o título de Vila Nova de Tomar, sem dúvida para diferençar da Vila de Tomar em Portugal. No decreto de sua criação se determinou que a governança do termo se dividisse entre os brancos e os índios, de forma que havia um juiz ordinário branco, e outro índio, e os vereadores da câmara em igual parte. Quase a maior parte desses índios não sabia ler, e por isso assinavam com uma cruz. Isto ainda seguiu-se depois da independência do Brasil, e veio acabar depois da publicação da lei do 1º de outubro de 1828.

A última vila da velha comarca, criada durante o domínio português, foi a de Propriá, desmembrada da de Santo Amaro e Vila Nova, e que foi apossada pelo ouvidor da dita comarca, dr. Antonio Pereira Magalhães de Passos, no ano de 1802.

Conservou-se Sergipe desde então estacionário, contando até o ano de 1832 sete vilas e uma cidade, das quais se acompanha a antiga comarca, que teve diferentes capitães-mores governadores, sendo o último o brigadeiro Luiz Antonio da Fonseca Machado, que deixou o governo no ano de 1823 pela elevação da comarca à categoria de capitania independente da Bahia.

Até então, a única obra pública na comarca, que correu por conta do governo, foi um quartel militar em S. Christovão feito pelo dito brigadeiro Machado, empregando no trabalho soldados de 2ª linha e ordenanças.

Em fevereiro de 1821 chegou em Sergipe o tenente-coronel Carlos Cesar Burlamaque com a carta régia do sr. D. João VI, elevando Sergipe a capitania independente da Bahia, nomeando Burlamaque seu governador com as honras de capitão-general, e atribuições inerentes a esse cargo.

No mesmo dia da posse de Burlamaque, na cidade de S. Christovão, antiga capital, apareceu o tenente-coronel de 2ª linha José Joaquim Ferreira, e intimou ao governador da Bahia para aclamar-se a constituição em Sergipe, que ali já se havia aclamado e jurado.

Recebendo Burlamaque essas participações em ofício dirigido ainda ao antigo capitão-mor, convocou uma reunião do clero, nobreza e povo. A nobreza nesse tempo era representada pela câmara e todas as pessoas que haviam servido os cargos da governança das vilas e cidades, e o povo representava os homens bons e abastados que não pertenciam àquela hierarquia.

Feita a reunião no paço da câmara municipal da capital, apresentou Burlamaque o ofício do governo da Bahia, e uma exposição sua, na qual manifestava o interesse que tomava pela prosperidade da capitania que lhe havia sido confiada, mas que não podia cumprir a requisição ou ordem do governo da Bahia, por isso que só podia jurar, e fazer jurar, a constituição na nova capitania, quando pelo rei lhe fosse mandado.

A assembleia suposto ignorante, ou pouco conhecedora da matéria de que se tratava, por isso que até ali ninguém se ocupava da política, contudo apresentava apoio à exigência, alguns por espírito de novidade somente, e a maior parte por medo das forças da Bahia.

Vendo Burlamaque essa manifestação, disse que não queria ocasionar desordem na capitania, por cuja paz tomava o mais vivo interesse, e não querendo também sua reputação comprometida, depositava o governo nas mãos da câmara, e seguia para o Rio de Janeiro a dar parte a seu monarca daquele acontecimento, prometendo interessar-se por aquilo que fosse de melhor para Sergipe.

Então a discussão tomou outro rumo, e afinal resolveu-se que o governador continuasse, e se enviasse uma mensagem à Corte, deixando de aclamar-se a constituição, até que voltassem os enviados.

Apareceu, porém, um embaraço e era não dispor a capitania de fundos públicos, não podendo por isso oferecer ajuda de custo a aqueles d'entre os mais inteligentes que deviam compor a comissão, e que eram dos menos abastados.

Mas esse embaraço foi logo removido, oferecendo-se Bento de Mello Pereira (hoje barão da Cotinguiba), para ir à sua custa, exigindo um companheiro, e para o que se ofereceu o tenente de 2ª linha Manoel Rodrigues do Nascimento.

Ficou assim composta a comissão, e quando se levantava a sessão, à qual também estava presente o enviado da Bahia, rompeu este em exprobrações, declarando estar o seu governo despeitado, e ameaçou de tomar este vingança.

Ali mesmo Burlamaque o fez prender, o qual enviado tendo amigos em Sergipe, onde havia sido muitos anos ajudante de 2ª linha, pediram por ele, e foi solto no dia seguinte.

De tudo deu Burlamaque parte à Bahia, para onde seguiu o tenente-coronel José Joaquim, seguindo também logo para a Corte a comissão com as precisas comunicações.

Antes de voltar a decisão da Corte, apresentou-se em Sergipe o capitão de 1ª linha Bento da França, com uma força e com a qual cercou o palácio do governador e casa de seu secretário, major José Antonio; fez aclamar e jurar a constituição por ordem do governo da Bahia, e levou presos o governador e seus dois filhos, seus ajudantes de ordens, o tenente, depois brigadeiro, Francisco Leopoldo Cesar Burlamaque, e alferes, depois coronel, Trajano Cesar Burlamaque, e o secretário, conduzindo-os para a Bahia, ficando o governo entregue ao brigadeiro de 2ª linha Pedro Vieira de Mello, natural da província.

Quando a comissão de Sergipe chegou à Corte, já o sr. d. João VI havia se retirado para Portugal, e estava aclamada e jurada a constituição no Rio de Janeiro. Voltou a comissão com ordem a Burlamaque para a aclamação, mas já achou tudo consumado, e a capitania outra vez reduzida a uma comarca da Bahia, e governo estacionário dos antigos capitães-mores, que assim continuou até a época da independência.

Adendo – A mudança da vila de Santa Luzia para a Estancia foi por decreto geral de 25 de outubro de 1831.

Criação da vila de Laranjeiras por decreto geral de 7 de agosto de 1832.

Criação da vila dos Campos, e transferência da vila de Tomar para Itabaianinha, pela resolução provincial de 17 de janeiro de 1835.

Criação das vilas de Santa Luzia, Capela e Porto da Folha, pela resolução provincial de 19 de fevereiro de 1835.

Criação da vila do Maroim pela resolução de 11 de agosto de 1835.

Dita das vilas do Rosário e Divina Pastora pela resolução de 12 de maio de 1836.

Dita do Espírito Santo pela resolução de 20 de março de 1846.

Dita da Itaporanga pela resolução de 10 de maio de 1854.

Dita da Lagoa Vermelha pela resolução de 20 de fevereiro de 1857.

Dita de Japaratuba e Nossa Senhora das Dores pela resolução de 11 de junho de 1859.

Tiveram título de cidades as vilas da Estancia e Laranjeiras pela resolução provincial de 4 de maio de 1848.

Dita do Maroim pela resolução de 5 de maio de 1854.

Mudança da capital da província da cidade de S. Christovão para o Aracaju, dando-se a este lugar o título de cidade, antes de ser vila, nem mesmo pousada, pela resolução provincial de 17 de março de 1855.

Título de cidade e vila de Propriá pela resolução de fevereiro de 1866.

CCCXXVI – Em outubro de 1589 chegaram os monges de s. Bento ao Rio de Janeiro, em fins de 1590 ou 1591, deram começo às obras do templo em 1633, o mosteiro em 1652, sendo incendiada a frente do mosteiro em 1732 e reconstruído no mesmo ano. (N.E.: mantida como no original a duplicação do número de verbete CCCXXVI)

CCCXXVII – Felipe II mandou Christovão de Barros fundar Sergipe à requisição dos moradores entre Itapicuru e Rio Real, pela inquietação em que viviam pelos índios, e pelos piratas franceses que infestavam a costa em busca de pau-brasil.

Principiou a ter ouvidor desde 1696, por serem desobedientes os potentados do lugar.

Foi incendiada pelos holandeses em 25 de dezembro de 1637, e mais oito engenhos de açúcar, que então havia na povoação.

CCCXXVIII – Olinda, quando foi queimada pelos holandeses, tinha para mais de dois mil e quinhentos fogos, e cerca de vinte e cinco mil habitantes. Nos primeiros tempos, os homens eram mui orgulhosos e os costumes mui dissolutos.

CCCXXIX – Governou o Rio de Janeiro de 1567 a 1572 – de 1573 a 1598 Salvador Corrêa de Sá. Nasceu em 1530 e faleceu em 1631, com cento e um anos de idade.

CCCXXX – Sua alteza, por alvará de 13 de dezembro de 1590, autoriza a d. Francisco de Souza, do seu conselho, que ora manda por governador do Brasil, que sendo presente o provedor-mor da sua fazenda, que dê terras de sesmaria a todas as pessoas que vierem com mulher e filhos, em qualquer parte do Brasil, com o fim de fazerem suas plantações, e o povoarem etc. (M. inéd.).

CCCXXXI – Em 25 de março de 1590, Manuel de Brito, por escritura desta data, fez doação aos frades de S. Bento, que vieram da Bahia no ano de 1589, que estavam residindo na capela de Nossa Senhora do ò, sita no lugar onde está a capela imperial, os quais tomaram posse no dia 18 de maio de 1596, com obrigação de um legado perpétuo.

Fr. Agostinho de Santa Maria, no tomo 10 do seu Santuario Marianno, diz que foi Aleixo Manuel (homem nobre, que nascera na Ilha Terceira, e que no Brasil tem grande descendência), e sua mulher d. Francisca da Costa, filha de Jordão Homem na Costa (naturais da mesma ilha), quem fizera doação da ermida, e terras circunvizinhas, sitas no monte, na extremidade da Rua Direita, e fim da cidade, com a condição de festejarem todos os anos a Senhora da conceição, invocação da mesma ermida; e que, só depois de construído o suntuoso convento, e por influência do marquês das Minas, teve o novo templo, por padroeira, a Senhora do Monserrate.

CCCXXXII – El-rei, por alvará de 13 de dezembro de 1590, determina que, no caso de falecer Gabriel Soares, capitão-mor e governador da conquista e descoberta do Rio de S. Francisco, possa antes ele nomear em seu lugar a pessoa que lhe parecer, para poder ir por diante com a dita empresa, e a pessoa nomeada poderá usar de todas as provisões e mercês, que ao dito Gabriel Soares tem concedido, exceto da provisão cerrada e selada, que lhe mandou dar, porque dessa só o dito Gabriel em pessoa poderá usar, conforme a ordem que lhe deu, e para isso manda notificar, ao mestre de campo, capitães e oficiais de milícia, da dita conquista, ao provedor da fazenda, ao ouvidor geral, aos oficiais de justiça, a quem for mostrado este alvará, que reconheçam por seu capitão-mor a pessoa que o dito Gabriel Soares nomear, por seu falecimento etc. (M. inéd.).

Neste mesmo dia notificou a d. Francisco de Souza, nomeado governador geral do Brasil, a comissão de que estava encarregado Gabriel Soares de Souza. (M. inéd.).

CCCXXXIII – A vila de Cayru foi uma aldeia de índios, situada em uma pequena ilha, na comarca de Valença, e a sua igreja principal foi fundada em 1590, dedicada a N. S. do Rosário, pouco mais ou menos, foi elevada a paróquia em 1608. Contam as crônicas da Bahia que em 1669, em um domingo, estando os moradores da povoação ouvindo missa, foram atacados pelos índios, mas foram derrotados pelo capitão Manuel Barboza de Mesquita com sete companheiros, que também morreu depois, em consequência de muitas feridas que recebeu no combate.

CCCXXXIV – No dia 1º de dezembro de 1590, el-rei d. Felipe manda por João Torres fazer em Lisboa a carta-patente, pela qual nomeia a d. Francisco de Souza, da casa dos condes de Prado, filho de d. Pedro de Souza, capitão e governador da cidade do Salvador, e capitania da Bahia de Todos os Santos, com oitocentos mil réis de ordenado em cada ano etc. (Carta man. inéd.).

CCCXXXV – Por alvará de 28 de setembro de 1590, datado de Madrid, a pedido de Pedro Alvares Pereira, foi nomeado Diogo Cirne, provedor da fazenda real, na capitania de Pernambuco, por tempo de três anos, com o ordenado do regimento, e os prós e precalços, que de direito lhe competirem etc. (M. inéd.).

CCCXXXVI – Por carta régia do 1º de março de 1591, sua alteza el-rei d. Felipe nomeia a Pedro de Oliveira, cavaleiro fidalgo da sal casa, sargento-mor do Estado do Brasil, para servir em companhia do governador d. Francisco de Souza, com o ordenado de oitenta mil réis em cada ano, pagos pelo tesoureiro das rendas da Bahia de Todos os Santos etc. (M. inéd.).

A respeito do governo e serviços que prestou o governador d. Francisco de Souza, recomendo ao leitor o que publiquei na segunda série do meu Brazil Historico.

CCCXXXVII – Em 27 de março, el-rei determina ao governador d. Francisco de Souza, que a Urca em que vai ao Brasil Gabriel Soares de Souza, volte carregada de açúcares, pau-brasil e outros gêneros coloniais, para o reino etc. (M. inéd.).

CCCXXXVIII – Pela provisão de 3 de abril de 1591 determinou el-rei ao governador geral do Estado do Brasil, para mandar fazer avenças, por três anos, nos dízimos dos açúcares, méis, algodões e miunças, mandando antes orçar o produto dos engenhos, e nas partes onde ele não a puder fazer, encarregará ao licenciado Balthazar Ferraz, ou a quem lhe parecer, a fim de que a fazenda real não seja prejudicada etc. (M. inéd.).

CCCXXXIX – El-rei, por alvará de 26 de março de 1591, nomeou a Agostinho de Souto Maior, castelhano, provedor das minas do Brasil para servir com d. Francisco de Souza, governador geral, por tempo de três anos, e por mais, se for necessário, com o ordenado de cem mil réis em cada um ano, que lhe serão pagos aos quartéis, pelo tesoureiro das rendas da Bahia de Todos os Santos etc. (M. inéd.).

CCCXL – Por alvará de 27 de janeiro de 1591, determina el-rei a João Gomes de Souza que dê a Gabriel Soares de Souza, embarcação e mantimentos para as pessoas que vão em companhia de Gabriel Soares de Souza, que vai conquistar o Rio de S. Francisco, no Brasil etc. (M. inéd.).

Na mesma data, manda ao governador d. Francisco de Souza que dê cinquenta arrobas de algodão, em caroço, ao capitão-mor e governador da conquista e minas do Rio de S. Francisco, para se fazerem armas para as pessoas que forem com ele etc. (M. inéd.).

CCCXLI – Jacques Riffiaut, tomando relações com os índios do Maranhão, estabelece em 1591 uma "pequena colônia" francesa na ilha, sob a direção do cavaleiro Carlos Veaux.

CCCXLII – A povoação das Alagoas já existia no outeiro da Quina, hoje da Pedreira, quando Diogo de Mello e Castro obteve de Pedro Homem de Castro, sobrinho e procurador do donatário de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho, cinco léguas de costa, sendo três ao Sul, duas ao Norte e sete para o sertão, da boca da lagoa Mangoaba, para aumentar a povoação, ou fundar nova vila. O certo é que a nova povoação principiou em Taperaguá, por um sobrado, seguindo-se mais tarde outros, e até de dois andares. Depois, foi removido o centro da povoação para o monte Cruciforme, onde está assentada a velha e nobilíssima cidade das Alagoas.

CCCXLIII – A povoação das Alagoas, desejando ser elevada à categoria de vila, pediu ao governador de Pernambuco, em 5 de agosto de 1591, permissão para levantar pelourinho. (Jaboatão, N. Orb. Seraf.).

CCCXLIV – Por alvará de 7 de fevereiro, foi nomeado Manuel Gonçalves, piloto, morador na capitania de Pernambuco, patrão da ribeira da dita capitania, e manda que o governador lhe dê posse, e lhe tome juramento etc. (M. inéd.).

CCCXLV – D. Francisco Souza, filho de d. Pedro de Souza, da casa dos condes de Prado, toma conta do governo geral do Brasil em 1591, e nele se conservou até 1602. Este governador trouxe o título de Marquês das Minas para Diogo Dias [16], que descobriu e possuía as riquíssimas minas de prata, nas suas terras da Bahia. Diogo Dias, desconfiando de ser traído, as não mostrou, e faleceu em 10 de dezembro de 1597, antes que a notícia chegasse a Lisboa. Diz Ignacio Accioli, que foi no governo de d. Francisco de Souza que se começou os alicerces do arsenal da construção da Bahia.

CCCXLVI – Em fins do ano de 1591, sai de Inglaterra o pirata Thomaz Cavendish com o intento de roubar no Brasil, e chegando repentinamente a S. Vicente, e depois de arrombarem e queimarem a cadeia, e os outros edifícios, se retiraram a seus navios, receosos de que fossem derrotados pelos habitantes que estavam em suas fazendas.

CCCXLVII – Por alvará de 12 de fevereiro, determina el-rei que d. Francisco de Souza, que passa a governar o Brasil, traga para seu serviço vinte homens com o soldo de quinze mil réis cada um, por ano, como trouxe o governador Manoel Telles Barreto, pagos aos quartéis, pelas rendas da cidade do Salvador, cujo soldo devem receber desde o dia da partida para o Brasil etc. (M. inéd.).

Alvará de 15 de março de 1591 mandando que o licenciado Balthazar Ferraz, que manda a serviço da fazenda real ao Brasil, perceba trezentos mil réis em cada um ano, pagos aos quartéis, pelo tesoureiro das rendas da Bahia de Todos os Santos etc. (M. inéd.).

Por alvará do mesmo dia, e mesmo ano, manda el-rei ao governador geral e provedor-mor da fazenda que deem embarcações necessárias ao licenciado Balthazar Ferraz, e aos oficiais e pessoas que o acompanham à custa da fazenda real etc. (M. inéd.).

CCCXLVIII – Por alvará de 14 de fevereiro de 1592, foi nomeado o licenciado Gaspar de Figueiredo, ouvidor geral do Brasil, com trezentos mil réis em cada ano; e para mantimento de dois homens, que o hão de acompanhar, nas coisas da justiça, e cada um receberá sete mil e duzentos réis, cada ano, à razão de seiscentos réis por mês, que os receberão do tesoureiro da cidade do Salvador etc. (M. inéd.).

CCCXLIX – Pedro Homem de Castro, durante um ano, serviu o cargo de quinto governador de Pernambuco, por nomeação do terceiro donatário; e durante o seu governo nada aconteceu de notável e digno de memória.

CCCL – El-rei por alvará de 13 de fevereiro ordena que no caso de falecimento, do licenciado Gaspar de Figueiredo, que manda por ouvidor geral do Brasil, antes de voltar ao reino, possa testar quarenta mil réis de tença, em quem lhe aprouver, cada ano, e servindo o cargo de ouvidor geral com satisfação de sua alteza, lhe fará mercê de o tomar por desembargador da casa da relação do Porto; e para lembrança de ambos, lhe manda dar este alvará etc. (M. inéd.).

Por alvará de 7 de março do mesmo ano, manda pagar ao licenciado Gaspar de Figueiredo trezentos e vinte e cinco mil réis, que lhe são devidos, dos quinhentos e vinte mil réis, que lhe mandou pagar do ordenado de desembargador da Relação etc. (M. inéd.).

[...]


[16] Muitos dizem que as minas de prata foram descoberta de Roberto Dias. Nas Notas Genealogicas dos filhos, netos e bisnetos de d. Genebra Alvares, e Vicente Dias de Bêja, não há um só indivíduo com este nome. (Vide a nossa Hist. genealogica das familias brazileiras, do Brazil Hist.)