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Publicado originalmente pelo autor no caderno Informática
do jornal A Tribuna de Santos, em 16 de setembro de 1997
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/02/01 16:03:42
POR DENTRO DO COMPUTADOR - 5
Memórias, o computador tem muitas

Não é por falta de memórias que o computador de vez em quando esquece alguma coisa. Elas aparecem sob diversas formas, seja como um chip ou um disquete, e até já existiram memórias em papel, estuda-se agora meios biológicos de armazenamento. Na essência, memória é qualquer dispositivo que permita reter informações por um período e depois devolvê-las intactas para um novo processamento.

Drive para leitura e gravação de disquetes 5 1/4

Drive para leitura e gravação de disquetes 5 1/4O tataravô dos computadores, o milenar ábaco, já permitia guardar o resultado de um cálculo, pela disposição em que ficavam as continhas no fio. Um pulo no tempo: no final do século passado, surgiam em larga escala os cartões perfurados, em que a disposição dos furos podia ser lida por uma máquina (embora o método já existisse pelo menos 200 anos antes, em teares programáveis). Fitas de papel perfuradas dentro de um certo código (como as do telex) foram empregadas, até o surgimento dos meios magnéticos nos anos 60.

Hoje, as memórias se dividem basicamente em permanentes ou de uso operacional. Os dados e programas podem ser guardados até por muitos anos nas memórias permanentes (disquetes, hard-disks, CDs), mas na hora de serem usados precisam ser copiados para a memória de trabalho, onde será feito o processamento dos dados, e em seguida devem ser salvos de novo para a memória permanente.

Existe ainda uma memória intermediária, a de cachê, que funciona em auxílio à memória de trabalho: trata-se de um chip de memória que funciona como armazém temporário dos dados mais usados no processamento, para que não seja necessário buscá-los de novo no disquete de onde haviam sido copiados, por exemplo. É uma forma de acelerar o processamento. Sistemas operacionais como o Windows fazem mais: criam também um cachê de disco (arquivo de trocas ou swap file), que funciona como uma expansão da capacidade do chip de cachê, com o mesmo objetivo de acelerar o trabalho.

Tubo de Williams, de 1947 
Foto: The Computer Museum Network - Boston/MA-EUA
Tubo de Williams, de 1947. Foto: The Computer Museum Network - Boston/MA-EUAPioneiros - Em 1947, era apresentado o Tubo de Williams, um tubo de vácuo criado por Sir Frederick Williams na universidade inglesa de Manchester e utilizado no computador Manchester Mark I, dois anos depois. Nesse processo, um elétron percorria sucessivas linhas na face do tubo, pintando pontos e traços de carga elétrica fosforescente na tela para representar os uns e zeros do código binário (lembre-se de que todas as instruções dentro do computador são convertidas e processadas no chamado código binário, que será tratado em outra matéria desta série).

Os primeiros computadores utilizavam aquelas memórias de tubos de raios catódicos, e também as memórias de linha de retardo (um tubo de cerca de 150 cm de comprimento contendo mercúrio e com um cristal de quartzo em cada ponta; os dados a serem armazenados passavam pelo mercúrio na forma de vibrações mecânicas e eram reconvertidos na outra ponta) e as de díodo-capacitor.  Em 1953, foi inventada a core memory,  que se manteve em uso até surgirem os produtos semicondutores nos anos 70.

Foto: The Computer Museum Network - Boston/MA-EUA Foto: Museu da Computação da Universidade de Virginia/EUA
Core memory, inventada em 1953, guardava  a informação pela posição em que ficavam os microanéis de ferrita

Essa memória magnética, que se mantinha mesmo com o equipamento desligado, era constituída por inúmeros anéis de ferrita (de menos de meio milímetro de diâmetro) atravessados por um fio horizontal e outro vertical, além de um terceiro que funciona como sensor e inibidor). Assim, se há 64 fios verticais e 64 horizontais, o plano de memória terá 4.096 núcleos endereçáveis, em cada um deles existindo um desses anéis. A passagem de corrente elétrica por apenas um dos fios que atravessam o anel não basta para mudar sua magnetização, é necessária a ação combinada dos dois fios. Assim, os demais núcleos por onde passa o fio não são afetados nesse momento.

Controlando-se a passagem da corrente elétrica pelos dois fios principais de cada intersecção, era possível mudar a direção de magnetização do anel desejado. Numa direção, essa magnetização representa o dígito 1, e na direção contrária representa o zero, um sinal de ausência de dígito.

A leitura da informação é feita pelo fio sensor, que passa por todos os núcleos (anéis). Pelos fios principais (coordenadores) é passada corrente de forma a que o núcleo vá ao estado de zero. Se ele estava na posição de um, o fio sensor detectava a mudança de direção do magnetismo, e a ausência de mudança indicava que o núcleo já estava na posição de zero. Como essa operação zerava o núcleo após a leitura, um circuito extra era empregado para recompor os dados na memória após a leitura.

Já a memória de díodo-capacitor usa um capacitor como elemento de memória. Quando carregado com 2 volts, encontra-se no estado 1, e quando apresenta -2 V, está no estado 0. Com o uso de díodos e resistores, consegue-se saber em que estado está o capacitor, e também é possível regenerar a memória após essa leitura.

Chips - Sempre a mesma idéia de alternância entre dois estados, um deles definido como equivalendo ao 0 e o outro valendo 1 (para formar o código binário) vem sendo aplicada no desenvolvimento de novas formas de memória. A forma atual tem sido o uso de materiais semicondutores, que podem alternar entre os dois estados a partir do estímulo elétrico, sendo a base dos modernos chips de computador.

Dentro do moderno computador, existem vários tipos de memória eletrônica, como a RAM e a ROM. Quando o computador é ligado, um chip gravado de fábrica é ativado, e nele estão gravados comandos básicos, para que faça o reconhecimento das partes do computador, se existem hard-disks e drives de disquete, se as demais memórias estão operacionais etc. É o Basic Imput-Output System (BIOS - Sistema Básico de Entrada e Saída), um programa que é gravado numa memória que não pode ser alterada: a ROM (Read Only Memory, memória somente de leitura).

Em seguida, o comando das operações é entregue a um programa básico, que é o sistema operacional (como o Disk Operacional System, DOS, por exemplo). Esse programa forma o ambiente de trabalho, sendo encarregado de controlar o computador a partir de então.

Os programas não são trabalhados no winchester. Conforme a necessidade, dados e programas são copiados do winchester, do disquete, do CD-ROM etc. para a chamada memória de trabalho, a Random Access Memory (RAM, memória de acesso aleatório). É por isso que, se falta eletricidade antes que os dados sejam recopiados para os locais de origem, você perde o trabalho feito e - não havendo algum dano maior ao programa, vai encontrar os dados da forma como estavam antes de começar a trabalhar neles.

Disco rígido marca Seagate

Disco rígido marca SeagatePara guardar - Desde os anos 70, em que até gravadores magnéticos comuns de fita K-7 (cassete) foram utilizados para armazenar informações, novas possibilidades têm surgido. Primeiro, foram os discos rígidos, destacando-se a tecnologia Winchester da IBM. Como esses discos podiam receber 30 megabytes em cada unidade, foi feita uma analogia com a carabina 30/30 Winchester, daí surgindo o nome popular.  Logo surgiram os discos flexíveis (floppy disks), que facilitavam o transporte da informação entre computadores diferentes. Evoluíram desde os de 8 polegadas de diâmetro, passando pelos de 5 polegadas e ¼ e ainda pelos de 3 polegadas e ½.

Nos anos 90, a tecnologia óptica começou a ganhar força, com produtos de maior confiabilidade, por não haver tanto risco de perda de informações por desmagnetização, poeira, umidade e outros danos. Os CD-ROMs (Compact Disks - Read Only Memory - discos compactos com memória apenas de leitura) passaram a receber dados de computador gravados de forma industrial. Os CD-Rs (R de Recordable, gravável) permitem gravar os dados uma vez, enquanto os CD-RWs (RW de rewitable, regravável), permitem que o usuário apague os dados anteriormente gravados, gravando novas informações. Em 1997, começaram a chegar ao mercado os discos MO (sigla de magneto-ópticos), que combinam as duas tecnologias, magnética e de laser, podendo ser utilizados (em equipamentos apropriados) tanto para gravação como para leitura de dados, de forma parecida com a dos tradicionais disquetes.

O Digital Versatile Disc (DVD - disco versátil digital), que agora está surgindo nas lojas, nada mais é que um CD-ROM de grande capacidade de dados (na forma mais simples, pode receber tanta informação como sete CD-ROMs, e se usar técnicas de gravação dupla nos dois lados, até o equivalente a 49 CDs).