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NOTÍCIAS 2002

Design é mais que desenho - é conceito

Luiz Renato Roble (*)
Colaborador

Os avanços tecnológicos, mais especificamente a informática, trouxeram, trazem e trarão progressos para nossa vida. Todos esses avanços possibilitam grandes e pequenas conquistas, impossíveis de serem imaginadas há algumas décadas. Essas conquistas, por estarem tão presentes no nosso dia-a-dia, fazem com que muitas vezes não percebamos a sua importância e nem a sua onipresença.

Luiz Renato RobleVocê já imaginou o inferno que seria trafegar pelas ruas de qualquer cidade, passando por tantos faróis, semáforos ou sinaleiros (como preferir), se não existisse um sistema informatizado garantindo a sincronia do seu funcionamento? Pior, quem teria coragem de pousar em um aeroporto como o de Congonhas, por exemplo, sem que houvesse um moderno e complexo conjunto de computadores na torre de comando, auxiliando os orientadores de vôo? É difícil de imaginar, mesmo porque, não só os aviões, mas até os automóveis, são, cada vez mais, construídos e movidos por meio do intenso uso de computadores.

Se por um lado a tecnologia dos computadores melhora nossas vidas, por outro lado sua presença maciça vem nos transformando a ponto de já não sermos mais os mesmos que costumávamos ser quando eles não existiam. Não enviamos mais cartas de amor, manuscritas com ardor, capricho e borrões; mandamos sim, mensagens eletrônicas frias, objetivas e automaticamente corrigidas. Também não conseguimos mais desejar um sonoro e sincero "bom dia" à telefonista de uma empresa, agora somos atendidos por uma gravação automática. Logo estaremos digitando 1 para bom dia, 2 para boa tarde e 3 para até logo.

A verdade é que a mesma tecnologia que proporciona coisas boas também é responsável por aspectos negativos em áreas muito dependentes do computador no dia-a-dia. O design, por exemplo, com o advento dos computadores passou por uma verdadeira revolução. Atividades e possibilidades que anteriormente eram difíceis, demoradas e, portanto, caras para serem executadas, são agora facilmente realizadas com o auxílio do computador. A popularização dos programas gráficos, contudo, nivelou os profissionais do design por baixo, possibilitando a qualquer um hoje em dia, tornar-se, ou pelo menos, considerar-se, um designer da noite para o dia em poucos cliques. É raro encontrar novos profissionais que saibam desenhar utilizando lápis, papel e criatividade.

Ter dedos ágeis no teclado e no mouse é importante, mas é apenas uma habilidade com uma das ferramentas de trabalho, que é o computador, e não o fundamental. Os efeitos especiais que os novos programas oferecem fazem com que as pessoas se esqueçam ou realmente não saibam que para ser um bom designer é preciso talento, estudo, capacidade, informação e, acima de tudo, conteúdo.

Cada vez mais vemos trabalhos de design para pequenas e médias empresas com soluções pasteurizadas e banalizadas. Para que isto não ocorra, é necessário buscar profissionais que saibam trabalhar o conceito de uma marca ou de um produto. Que saibam estudar o mercado, o público-alvo, e encontrar as soluções corretas que venderão a imagem a ser comunicada com força e competitividade.

Não basta apenas fazer uso dos fantásticos recursos da computação gráfica para intitular-se designer. Limitar-se a isso é fazer parte de uma farsa, que engana a poucos e por pouco tempo. Na verdade, um bom designer existe com ou sem computador, ou seja, um verdadeiro profissional de design sabe conceituar. É aquele que continua trabalhando normalmente, mesmo quando a luz no escritório acaba e o computador tem de ficar temporariamente desligado.

(*) Luiz Renato Roble é designer, consultor de Identidade Estratégica e diretor de Criação da Datamaker Designers.