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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 03/19/02 11:28:05
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Tele-trabalho: nova tendência

André Correia (*)
Colaborador

Uma das grandes tendências do cenário corporativo mundial é o tele-trabalho (teleworking ou telecommuting). Pesquisas apontam que este novo tipo de relação comercial proporciona uma série de benefícios para ambas as partes: empregados e
empregadores. Entre as vantagens, estão as reduções de gastos com infra-estrutura, menos engarrafamentos, menos atrasos, maior tempo com a família e a maior resistência a situações de crises. Alguns estudos indicam aumentos de produtividade que variam de 20 a 45% de ganhos. Ao contrário da primeira impressão, o tele-trabalho não se restringe às residências, podendo ser realizado em um escritório satélite ou ainda num escritório móvel.

A destruição do World Trade Center foi uma grande prova para o tele-trabalho, quando diversas empresas, sob o risco de incalculáveis perdas financeiras, tiveram que restabelecer seus negócios em tempo recorde. A inexistência de um plano de
contingência foi um grande entrave que atingiu até mesmo gigantes do mercado de consultoria. A boa vontade de funcionários e fornecedores foi fundamental, mas ainda hoje existem muitos funcionários trabalhando em suas residências.

As barreiras tecnológicas para o advento do tele-trabalho são praticamente inexistentes. A banda larga deixou de ser uma realidade exclusiva dos entusiastas da tecnologia, o preço vem caindo a cada mês e, em muitos casos, os modems estão saindo de graça, como o que aconteceu com as antenas de recepção de televisão digital via satélite.

A Eletropaulo está testando (março de 2002) as suas linhas para fornecimento de serviços de conectividade com a Internet. O piloto da Cemig será finalizado em maio. Ao que tudo indica, este serviço será bastante acessível, levando ao chão o preço das conexões via banda larga.

Hoje o tele-trabalho conta com diversas ferramentas de programação para propiciar esta experiência. São ferramentas de colaboração eletrônica (e-collaboration), compartilhamento de documentos, mensagens instantâneas, agendas compartilhadas, vídeo-conferência, web fone, uma infinidade de recursos que somente o tempo poderá classificar como utilidades ou inutilidades. Também entra como debutante neste mercado a tecnologia Bluetooth, prometendo ser um padrão universal para redes pessoais de comunicação sem fio a curtas distâncias.

Entre todas estas maravilhas para propiciar a experiência do tele-trabalho, pouco ou nada tem se falado sobre segurança das informações. Pode ser que as VPN (Virtual Private Network) estejam tomando o lugar de onipotência ocupado pelos firewalls no passado. Quem tinha um firewall em sua rede acreditava estar seguro contra qualquer mazela do mundo digital. Para quem anda pensando assim, a segurança das informações vai muito além da criptografia para a camada de rede.

Qualquer computador pessoal ligado à Internet, seja ele utilizado para tele-trabalho, entretenimento ou uso doméstico, deve possuir um conjunto básico de programas para garantir a segurança das informações armazenadas localmente. Neste sentido, é fundamental ter bem configurado e atualizado, de preferência automaticamente, anti-vírus, firewall pessoal, solução de cópia de segurança (backup) e uma solução de criptografia para disco rígido.

Para uma utilização profissional, além de VPN, é interessante possuir uma solução de criptografia completa, interligando a aplicação que funciona nos clientes ao servidor corporativo, utilizando certificados digitais para assinatura de transações.

Também, quanto à questão dos processos, é salutar pensar numa política de segurança para estabelecer regras na utilização dos recursos computacionais, cuidados na manutenção do equipamento, regras e orientações sobre o acesso de familiares e visitantes, e também a classificação das informações sensíveis.

Vencidas as barreiras, o tele-trabalho tem tudo para emplacar em diversos segmentos que podem operar com trabalho distribuído, como por exemplo jornalismo, publicidade, pesquisas, vendas e marketing, corretagem, atendimento ao consumidor, consultoria financeira, desenvolvimento de sistemas e digitação. Talvez o tele-trabalho venha a criar o mundo virtual globalizado, tão sonhado pela "velha nova economia".

(*) André Correia é gerente de Planejamento e Consultoria da Open Communications Security. Tem formação em Tecnologia em Processamento de Dados e especialização em Redes de Computadores.