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NOTÍCIAS 2002

A curva de aprendizagem do e-business no Brasil, novas e antigas tendências

Eduardo Wyllie (*)
Colaborador

Eduardo WyllieEm outubro de 2002, devemos completar sete anos de história de uso comercial da Internet no Brasil. Neste período, nem tão curto em termos de carreira, alguns empreendedores pioneiros enriqueceram com a venda de empresas pontocom, enquanto diversos capitalistas amargaram severos prejuízos, ao arriscar seu dinheiro em firmas cujo valor real dali a cinco anos não podiam sequer imaginar.

Ao par de negócios absolutamente inovadores, algumas poucas empresas tradicionais como o Bradesco e o Grupo Pão de Açúcar levaram a sério o discurso do Novíssimo Mundo e buscaram ocupar um espaço considerável na Web desde cedo. Entretanto sobrevalorizaram sua própria experiência em e-business, erro que também cometi ao avaliar seu potencial de médio prazo na Internet, e após cerca de três a quatro anos passaram a cometer erros que netrepreneurs mais modestos e modernos jamais cometeriam, o que me motivou a rever minha posição e escrever o artigo Empresas que teimam em pensar pelos clientes.

Mas as previsões que fiz, não sobre empresas mas sobre o mercado como um todo, vieram sendo apenas lapidadas, deixando transparecer o futuro com uma clareza que jamais pensei que seria possível em apenas sete anos de existência de uma forma toda nova de pensar negócios no Brasil. A despeito de naquela época ainda tomar o Bradesco e o Pão de Açúcar como exemplos, o recado que dei no encerramento das previsões que publiquei no fim do ano 2000 veio apenas se confirmar na análise sobre as estatísticas colhidas na Pesquisa Bra$il em 31 de dezembro de 2001: "Fiquem de olho no B2B das maiores e mais tradicionais empresas de cada setor da economia nacional".

Conforme assinalado na Análise 2001, a participação de empresas do setor secundário (fábricas) como usuárias de Internet ultrapassou 10% e deverá continuar se expandindo, tomando espaço, junto aos demais setores, de empresas prestadoras de serviços, onde incluímos o comércio.

Aprendizagem - O que está por traz deste fenômeno é a curva de aprendizagem do e-business, que também transparece nas mesmas estatísticas na avaliação do retorno com o uso comercial da Internet em 2001.

Quanto mais distantes dos resultados esperados, ainda que positivos, maior é o desconhecimento do potencial do e-business. E num intervalo de tempo tão curto como o que vai de dezembro de 2000 a dezembro de 2001 já observamos a retração das avaliações de retorno como excelentes e como irrelevantes.

Renova-se, entretanto, a expectativa de expansão do e-business, tanto pela difusão dos sites de e-procurement quanto pelo fato de absolutamente nenhuma empresa ter avaliado o uso da Internet como prejudicial (resultados negativos) ou tendo rendido péssimos frutos. Entre os que consideraram os resultados do uso comercial da Internet como excelentes, como bons e como apenas os esperados, podemos enquadrar 93,71% das empresas brasileiras que se interessam por e-business como satisfeitas.

Repete-se também a descoberta de um imenso espaço aberto a ser ocupado
no marketfog, pois nada menos que 66,04% das empresas presentes na Internet não vendiam pela Rede até fins do ano 2001, e 28,03% delas sequer divulgavam ali seus bens e serviços.

Expectativas - Reunindo todos estes elementos e misturando algo mais, em poucas palavras: o que podemos esperar da Nova Economia brasileira para os próximos três anos?

Mais investimentos, destacando-se os de empresas tradicionais, em sites de e-procurement; mais criação e divulgação de conhecimento sobre e-business e, muito provavelmente, a descoberta de alguns gênios que já atuam hoje como todos vão querem atuar em 2005. Mas o que importa é que em plena crise global nosso e-business vai cada vez melhor, e isto é reflexo da aprendizagem.

Outro tipo de abordagem, a de comparação das estatísticas com o funcionamento de uma curva de aprendizagem, nos permite chegar a conclusões idênticas a estas. É perfeitamente natural que as primeiras áreas a assimilarem os conceitos necessários para o bom uso comercial da Internet sejam as que dominavam a tecnologia. Portanto, identificamos os primeiros ícones do e-business com empresas do setor de informática e redes e aquelas que faziam uso intensivo de redes de computadores, como por exemplo as do setor financeiro.

Mas o fato de dominar a tecnologia não significa que desenvolveriam as melhores técnicas nem que seriam agraciados com a conveniência da melhor aplicação dos recursos da Internet...

Seguiu-se então uma geração de sucessos na área de e-commerce, sendo o setor de serviços, sobretudo os ramos de comércio e de informações, o que parecia ter o melhor uso para a Rede. E nesta fase parecíamos ter chegado aos grandes nomes do B2C, embora ainda exista muito o que se revelar.

Momento - Independente do comportamento dos promotores do B2C, o momento atual e o próximo reservam papel de destaque ao aprendizado, aplicação e difusão do B2B entre as mais sólidas e tradicionais empresas do setor industrial. Não tendo a troca e o processamento de informações como eixo central de seus negócios, porém como importante diferencial, é a vez destes "retardatários" aprenderem a lidar com a Rede e descobrirem as particularidades de sua aplicação no setor secundário.

Enquanto isso, o aprendizado é reciclado e lapidado na academia e em empresas de consultoria e pesquisa, sem deixar de seguir seu curso natural: de quem domina a tecnologia (empresas de informática) a quem domina a principal aplicação (comércio), e de quem domina a principal aplicação a outros setores que movimentam a economia (indústria e governo).

(*) Eduardo Wyllie, M.Sc., é autor do livro Economia da Internet, publicador do site The CyberEconomist, consultor e palestrante, além de fundador do E-Consultancy Workgroup, com sede em Porto Alegre/RS. Como pioneiro e como um dos maiores visionários do setor, tem sido chamado de Patrono da Economia da Internet.