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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/26/01 14:33:00
Unicamp - visita às cidades históricas - 1 

A primeira cidade histórica visitada pelo grupo de alunos e professores da Faculdade de Arquitetura da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foi Tiradentes. O grupo, que seguiu para Congonhas do Campo, está realizando uma excursão por essa região de Minas Gerais como parte do encerramento do ano letivo 2000, num projeto inédito apoiado pela Tecnotasa, empresa de Campinas (SP) da área de construção,que leva os alunos às cidades de relevância arquitetônica e cultural do Brasil. O grupo conta com câmeras digitais, e as fotos resultantes, além de desenhos que eles realizam, estão sendo publicadas nas páginas Web dessa empresa. 

Esta atividade faz parte de um amplo processo de educação na área de História da Arte, da Arquitetura e do Urbanismo, com objetivo de favorecer uma vivência concreta e direta dos estudantes com as principais obras do importante patrimônio construído no país. A saída do grupo de Campinas foi no dia 14 de janeiro. Todos os dias, o grupo composto por cinco professores e trinta e três alunos envia um resumo sobre a visita, com fotos e desenhos dos lugares percorridos. Este é o resumo do primeiro dia de viagem:

Alunos do grupo desenham detalhes arquitetônicos que percebem nessa viagem
Chegada a Tiradentes - A equipe chegou a Tiradentes antes do alvorecer e andou registrando praticamente tudo o que viu pela cidade como edifícios e casas históricas. Os alunos fizeram desenhos e registraram imagens fotográficas com a cidade quase deserta.
Tiradentes é uma das cidades históricas de Minas Gerais
Tiradentes foi fundada em 1702, mas não com este nome. O arraial foi batizado de Santo Antônio do Rio das Mortes. Transformou-se em vila em 1718 e foi considerada cidade a partir de 1860 como São José Del Rei. No final do século XIX, o nome mudou para Tiradentes, em homenagem ao inconfidente que morou na cidade (mas não nasceu, como muitos dizem. O herói brasileiro nasceu em uma fazenda em São João Del Rei e mudou-se para Tiradentes com 9 anos de idade). 
Chafariz de São José das Botas
O chafariz de São José de Botas foi construído em 1749, para abastecer a cidade com água de mina, que havia sido canalizada com blocos de pedra, servindo para fornecer água potável a população e para lavar roupas, além de bebedouro de animais.
Matriz de Santo Antônio
A Matriz de Santo Antônio foi construída entre 1710 e 1752, mas sua fachada foi modificada em 1810 a partir de um risco de Aleijadinho. Externamente é simples, porém seu interior é rico em ouro - o metal nobre compõe a última camada de uma estrutura de madeira coberta com gesso. É também rica em prata portuguesa (candelabros). No altar existe um drapeamento de madeira e o trono é em estilo oriental, abrigando a imagem de Santo Antônio de Pádua. O teto da nave é feito em caixotões e cada um possui uma pintura bíblica. 

Os bancos não são originais, pois nessa época a missa era assistida em pé. No chão, existem números que são campas onde os mortos eram enterrados - depois foram trasladados para o cemitério ao lado. Possui um órgão alemão construído em 1788 e que chegou à cidade em 1798: os tubos e o teclado são alemães e a caixa foi feita no Brasil por Salvador de Oliveira.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída e destinada aos escravos em terreno doado pelos barões. Externamente, é muito simples, mas seu Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretosinterior é rico em ouro, que os escravos retiravam das minas onde trabalhavam. O altar principal abriga uma imagem de Nossa Senhora do Rosário, e as laterais, imagens de São Benedito e Santo Antônio de Cartageron. Foi construída durante a noite, porque os escravos trabalhavam nas fazendas durante o dia. Isto é simbolizado pela estrela negra de 8 pontas e pela lua. 

Já a Igreja de São João Evangelista está construída ao lado da casa do Padre Toledo. É popularmente conhecida como Igreja dos Inconfidentes, pois neste local ocorreram reuniões dos inconfidentes. Atualmente, a pintura do forro e os dois altares laterais estão sendo restaurados. Esta mudança é realizada pelo grupo Oficina de Restauro, cujo responsável é o restaurador Adriano Reis Ramos. O lema deste grupo é "Conservar sem ser conservador". 

A finalidade é recuperar a pintura do forro através do seu mapeamento e só depois descê-lo e recuperá-lo. A madeira é retirada e substituída por tacos. Depois da recuperação estrutural, o próximo passo é a recuperação estética e reintegração da pintura. O trabalho se preocupa em manter a originalidade da pintura, inclusive os tons das cores. Segundo Ramos, a boa restauração deixa perceber o que é pintura original e o que é restauração; não deixa os dois trabalhos se confundirem. 

O restaurador Adriano Reis Ramos explicou aos alunos o processo de restauração.
Congonhas do Campo - Além do programado, o grupo resolveu parar em Congonhas do Campo, para visitar a Igreja de Bom Jesus de Matosinhos. Ela estava fechada e só puderam vê-la por fora. No adro, estão as famosas esculturas de Aleijadinho dos Doze Profetas. Em frente a Igreja estão os passos da Paixão de Cristo, onde todas as esculturas foram feitas pelo artista, mas apenas a edificação do primeiro passo foi realizada pelo mestre, os demais foram feitos a posteriori. Um detalhe interessante pode ser notado nas botas das imagens dos passos e dos profetas, que estão com os pés trocados, direito e esquerdo.

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