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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 09/12/00 02:05:54
ABTA'2000
Empresários recusam controle de programas 

O controle do conteúdo da televisão no Brasil, paga ou aberta, foi criticado no dia 11/9/2000 por empresários que participaram do primeiro painel do ABTA'2000. O diretor presidente do Grupo Abril, Roberto Civita, afirmou que é, por princípio, radicalmente contra qualquer tipo de controle governamental do conteúdo das TVs, enfatizando que os abusos devem ser coibidos pela própria comunidade.

Para o vice-presidente executivo das organizações Globo, João Roberto Marinho, a TV brasileira é uma das melhores do mundo e o Estado deve, sim, estimular a produção de programas brasileiros. Ele reconheceu que a viabilização econômica da TV paga é difícil principalmente em função da qualidade de programação da TV aberta.

Renato Guerreiro, que também participou do painel, coordenado pelo jornalista Joelmir Beting, considerou como “um grande complicador” a regulamentação do conteúdo da programação. Guerreiro, que preside a Anatel, órgão regulamentador das telecomunicações considera indispensável que o próprio cidadão, com seu poder de escolha, imponha os limites à má qualidade da programação.

Também participante do painel como palestrante, o presidente da OAB, Reginaldo Oscar de Castro, falou sobre o que classificou de “exclusão tecnológica”, isto é, a não disponibilização para uma maior parcela da população dos benefícios da tecnologia como a Internet. No caso da TV paga, Reginaldo considera que a tendência que se constata é o afastamento da classe média das TVs abertas, migrando para a TV paga, com a queda do nível da programação. 

Reginaldo acredita que o grande desafio é democratizar rapidamente o acesso à TV por assinatura. “Somente pela expansão desses serviços, com a saudável concorrência entre as empresas prestadoras, será possível baratear as assinaturas, tornando a TV paga mais universal e permitindo que as camadas economicamente menos favorecidas tenham também acesso à programação paga”.

Perspectivas - No segundo painel do dia 11, “Planejamento estratégico: uma visão macroeconômica para as telecomunicações”, a diretora mundial do grupo de pesquisa do Banco Chase, Joyce Chang, falou das perspectivas para a economia brasileira nos próximos anos. Segundo ela, a produção industrial vem orientando o crescimento do PIB desde a desvalorização do real, em janeiro de 1999. No próximo ano, o índice deve chegar aos 5%. “A recuperação econômica no Brasil é mais saudável do que em outros países da América Latina. O país conseguiu crescer sem o agravamento das contas externas”, disse.

Uma das principais alavancas do crescimento no período, explicou a executiva, foi a substituição das importações.  Em suas previsões, Joyce traçou um cenário favorável para o país no curto prazo. Inflação máxima de 6,4% ao final deste ano, taxas de juros em torno de 13% em 2001 e queda de cerca de US$ 30 bilhões nas necessidades financeiras até 2002 são alguns dos pontos positivos. Apesar desse quadro, a diretora do Chase acredita que o superávit comercial brasileiro não ultrapassará US$ 2 bilhões no ano 2001.

Os “medos persistentes” em relação ao desempenho da economia brasileira, em sua opinião, são o relaxamento da política fiscal, o ônus das contas do FGTS em torno de R$ 30 milhões e atitude do congresso após as eleições municipais de outubro.

Banda larga - O economista Stephen Kanitz, um dos palestrantes, apontou a banda larga, que transporta com rapidez áudio e vídeo, como a única ferramenta capaz de atingir de forma eficaz a população brasileira. Segundo ele, cerca de 100 milhões de brasileiros encontram dificudades para ler. 

Kanitz também vê com otimismo o futuro econômico do País. O Brasil, afirmou, cresce mais que as estatísticas revelam. “Os juros reais devem ficar abaixo dos 12% e temos a menor porcentagem de atraso em dívida da América Latina.” 

A estabilidade patrimonial é uma das riquezas ocultas do Brasil, acredita  o economista. 82% dos 34 milhões de domícilios brasileiros estão pagos. Uma tendência que contribuirá para o crescimento do país é o aumento do número de municípios: nos próximos 20 anos deveremos passar dos atuais 5 mil para 30 mil.

Da receita de Kanitz para voltar a “agregar o Brasil”, que teve seus “laços de confiança” reduzidos pelos vários planos econômicos, constam ingredientes como o voto distrital e o trabalho voluntário. 

Ensino Orientado - Um seminário especial apresentou os trabalhos da Society of Cable Telecommunications Engineers (SCTE), uma entidade focada no estudo de ensino aos profissionais de tecnologia de acesso nos Estados Unidos. 

Os associados podem contar com treinamento educacional, obtenção de certificado e publicação de seus artigos além de ter  acesso a oportunidades pessoais e corporativas. Os interessados podem se cadastrar gratuitamente no site daquela entidade. Segundo o vice-presidente da SCTE, Marvin Nelson, a associação conta hoje com 17 mil membros distribuídos em 70 países e pretende, em breve, também estar presente na América do Sul.

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