Clique aqui para voltar à página inicial  http://www.novomilenio.inf.br/ano00/0003d001.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 03/22/00 15:53:48
Ser ASP ou não ser ASP, eis a questão 

Veja também o adendo do autor

Mario Persona (*)
Colaborador

Dizem que tudo o que vem escrito em inglês é verdade. Se assim for, para não perder a credibilidade devo parar de usar o idioma de Camões e continuar este artigo com a ajuda de Shakespeare. O que fatalmente acabaria em tragédia, pelo menos para nosso brio latino-lusitano. Mas se não quero escrever em inglês, vou ter que usar uma sigla inglesa, ou corro o risco de ficar sem assunto. Quero falar do ASP. Mas o que é ASP? Vou tentar explicar em mais que três letras.
Um ASP, ou "Application Service Provider", pode ser traduzido simplesmente como um provedor de aplicativos por assinatura. Nada de novo até aqui, se considerarmos que o telefone permite a uma rede de usuários utilizar um serviço pagando um "fee" mensal. Ou taxa, quando do lado de cá do Equador. O mesmo poderia ser dito de uma "Cable TV" ou de algum serviço de "pager". Só para não sair do inglês.

Mas a atual onda de ASP tem suas razões para acontecer. É simples. A tecnologia de hoje permite que necessidades de ontem virem mola propulsora nos negócios amanhã. Quando a necessidade encontra a solução, não pode ficar parada. Com as mudanças nos negócios, sendo puxadas à força pela Internet, tem empresa que já passou do estágio em que se sentia num mato sem cachorro. Descobriu que tem cachorro, mas é o Rottweiler do concorrente.

O problema começa a complicar quando se descobre que empresa nenhuma pode migrar do real para o virtual sem uma estrutura sistemas de Tecnologia da Informação adequados. Mas uma simples passada de olhos nas etiquetas de preços de sistemas é suficiente para levar o empresário mais valente a se conformar com a idéia de que seu pobre negocinho não vai sair dessa inteiro.

Solução: compartilhar - Mas a mesma Internet que acelerou os processos também vem em socorro do desalentado empreendedor. Com fundo musical de Missão Impossível, para quem as velhas economias parecem insignificantes para pagar os custos da nova economia. A solução que a Internet traz é permitir que diversas empresas utilizem simultaneamente um mesmo aplicativo - o "Application" da sigla ASP. A utilização é na forma de um serviço - o "Service" - disponibilizado por um provedor. Você adivinhou. Quem presta o serviço é o "Provider", o "P" do ASP.

Assim, sistemas que seriam inviáveis a empresas médias ou pequenas, podem ser oferecidos na forma de uma enorme vaca com infinitas tetas. Todos mamam, mas ninguém precisa pagar pela vaca toda. E nem se preocupar em sustentá-la. Os custos são diluídos entre muitos usuários, enquanto estes se concentram em seu "core business" (olha o inglês aí de novo!). Sem precisar criar toda uma estrutura de tecnologia da informação, ou se preocupar com segurança, upgrades ou contratação de gente especializada. As preocupações ficam sendo da vaca que amamenta. "Cow", se preferir, para ficar mais chique.

Outra vantagem de se aderir ao ASP é poder fugir da rota da obsolescência. Hoje uma empresa deve pensar cem vezes antes de partir para um projeto de desenvolvimento interno de sistema. É entrar no processo com a foto de um galã, para descobrir que, na saída, acabou ficando de braços dados com um velho. Um velho incomunicável, se o projeto não levar em conta uma sociedade conectada em rede.

Nova sigla? - Se você ainda não tinha ouvido falar em ASP, prepare-se para conviver com esta sigla do momento. Para fazer companhia ao ERP, MRP, CRM, B2B, e tantas outras siglas que há algum tempo frequentam as palestras para executivos. Onde também as portuguesas "sinergia" e "paradigma", tão desgastadas, vêm sendo substituídas por "approach", "purchasing", "hosting" e tantas outras grifes da moda. Nomes que fazem suspirar qualquer "tech-yuppie". Êpa! Inglês de novo!

Porém, apesar da sigla parecer nova, prestar serviços na forma de ASP não é novidade. A própria Widesoft já faz isso há uns bons três anos, disponibilizando, via Web, um sistema de auxílio à gestão da supply chain. E outro, para planejamento da produção, também via Internet. Mas para aqueles que procuram uma solução de ASP para seus negócios, é bom ficar atento. É que "ser ASP" hoje dá status. É o eqüivalente empresarial a "ser VIP". E muitas empresas que atuam na Internet aderiram à sigla antes de aderir ao serviço, para não ficarem fora da moda. Ou da bolsa. Pelo menos para inglês ver.

(*) Mário Persona é diretor de comunicação da Widesoft, que desenvolve sistemas para facilitar a gestão da cadeia de suprimentos via Internet.


Adendo do autor, publicado na lista de debates Widebiz em 22/3/2000 às 6h39:
«
A sigla ASP so vem dar um novo nome a um velho boi. Ou a uma velha vaca, se
nos apegarmos a analogia que fiz em meu artigo. Analogia velha, diga-se de
passagem (confesso, nao sou tao criativo assim), pois ja a utilizei em
outro artigo chamado "A Vaca dos Meus Sonhos". Quem quiser ler esta em
http://www.widesoft.com.br/site/interneg/coluna_vaca.html

Mas na epoca em que escrevi, a definicao ainda trazia um certo estigma do
passado outsourcing, ou terceirizacao de servicos de informatica. Digo
estigma, porque a resistencia e' grande quando voce esta com seu timing
muito adiante do timing do mercado. Há uma referencia a esse momento
historico da empresa em meu artigo "Receita para um grande negocio",
publicado pela Internet Business. Veja em
http://www.ibusiness.com.br/secoes/colunistas/webbusiness/colunas/coluna7par
te1.asp

A Widesoft sofreu um bocado por estar fora do timing do mercado, desde que
decidiu, ha 3 anos, disponibilizar via Internet o sistema de compra e venda
entre empresas, e pouco depois, transformar um aplicativo de planejamento
de producao para pura Web. Este ultimo e' usado hoje por 6 fabricas do
grupo TRW, como ferramenta de apoio ao MRP, com um ganho incrivel em
lucratividade na producao. Escrevi um artigo sobre ele ha mais de um ano.
Chama-se "A Influencia da Moeda no Planejamento da Producao". Como sempre,
nao espere algo muito serio. Esta' em
http://www.widesoft.com.br/site/interneg/coluna_moeda.html

Mas, como disse, isso tudo estava inserido no tenebroso (para algumas
empresas) universo da terceirizacao. E as empresas morriam de medo de
deixar que outros fizessem a licao que achavam ser de casa. Lembro-me de um
empresario que declarou com todas as letras: "Jamais minha empresa
colocaria os dados fora dela". Respondi com uma pergunta, "Quem faz sua
contabilidade?"

A resistencia era muito grande também da area de informatica das empresas.
Uma gerente de CPD quase matou um colega quando este disse a ela que grande
parte do que eles rodavam in house poderia ser rodado na Widesoft e
disponibilizado via rede. Ela viu seu emprego "perigar".

Felizmente o mercado ficou pronto para o que a Widesoft faz (ufa!), embora
já tenhamos alguma coisa no forno para a proxima onda. Nao, nao e' um
servico de reciclagem.:)) O mercado entendeu que computacao e' uma colcha,
cujos retalhos podem estar espalhados pelo mundo. Posso ter alguma coisa
rodando dentro de minha empresa, um sistema de RH rodando em Hong Kong, um
ERP na India, etc. Mas o sistema de gestao de suprimentos e planejamento da
producao, sugiro que seja rodado no Brasil. So nao digo onde, para nao
parecer propaganda. :)) 

»